sábado, 4 de julho de 2015

O homem e sua habilidade para formar pensamentos de forma livre

Os prazeres da boa leitura me jogaram nos braços da visão chomskiana. O ponto de vista do professor Noam Chomsky sobre o homem é bem interessante. Ele diz que a diferença entre os demais animais e o homem é que nós podemos expressar nossos pensamentos formados livremente e para isso nós, humanos, utilizamos a linguagem, "o homem possui a habilidade para fazer uso de signos linguísticos para expressar pensamentos formados livremente" (Chomsky, 1997, página 49). Isso, segundo, ele nos põe em uma comunhão para a construção de um sistema cognitivo atrelado à comunicação entre nossos semelhantes.
Os signos, segundo ele, remeterão a um significado, e cada vez que criamos um signo, criamos um significado conectado, e a linguagem torna-se rica.
Porém, eu acrescentaria a esse pensamento que à medida que os humanos usam a criatividade para a invenção de instrumentos de diversão e conforto surge um efeito negativo. E, esse efeito é causado pela preguiça de pensar gerada pela própria criação. Assim, ao nosso redor vemos a falta de pensamento criativo e a falta de comunicação entre a humanidade. Há, na maioria dos países, o excesso de aparatos eletrônicos que prendem a atenção de crianças, jovens e adultos e essas ferramentas não vieram para agregar conhecimento e sim para entretenimento pessoal. Portanto, se o usuário perder o controle sobre o equipamento, poderá não responder aos estímulos sociais e se isolar em um ambiente utópico.
Elas, as criações, sequestram a capacidade criativa humana e limitam o indivíduo a seguir os comandos oferecidos pelo utensílio o qual é utilizado.
Nos games, as crianças e os jovens se confinam a um espaço virtual pré-programado, que não possibilita a liberdade de formar pensamentos, ali tudo está determinado. Desta forma, a humanidade vai atrofiando justamente a maior diferença que possui dos animais irracionais, o próprio raciocínio criativo.

Pensar em Noam Chomsky e em sua magnífica atuação na área da linguística, e pensar nas sociedades que desenvolveram fantásticas formas de comunicação e geraram a possibilidade de usar vários signos para a cognição humana e observar que os organismos orgânicos estão perdendo o espaço na área da linguagem para os organismos eletrônicos é um sinal de derrocada humana frente à capacidade de comunicação da criatura virtual.
E, se observarmos que as novas gerações falam e escrevem cada vez menos, amparadas por esses mecanismos inteligentes, chegaremos à conclusão que esses indivíduos não precisarão usar suas memórias, pois estarão totalmente dependentes dos suportes eletrônicos que lhes garantirão memorizar o que precisarão mais adiante.
Indo mais além, poderemos supor que as novas engenhocas virão programadas para ouvir as instruções dos usuários. E esses últimos apenas passarão o comando por voz para as mirabolantes criações pensar, escrever e falar por eles. Baseados nessas colocações, os questionamentos são pontuais. Quem fará o contato codificado entre o locutor e o interlocutor? Que interesse terá esse aluno em ouvir o professor que ainda escreve no quadro, pensa e fala? Qual a relação entre aluno e professor nesse mundo eletrônico? Pois não tenho respostas para tais questões.
O que posso dizer é que a nova geração está distante do espaço físico, está viajando em um mundo virtual e está presa às facilidades que as encantam. Uns entram em sala de aula de cabeça embrulhada em capuzes e por debaixo deles usam fones de ouvidos e ali ficam sem falar uma palavra, apenas ouvem essas criaturinhas eletrônicas. Outros sentam em meio a um grupo e mostram as fotos e imagens capturadas e armazenadas em suas maquininhas, os demais trocam risos e textos por WhatsApp em suas pequenas propriedades eletrônicas.
Esses comportamentos ocorrem naturalmente nas escolas, no espaço que deveria ser de troca de pensamentos espontâneos formados livremente com a privilegiada participação do professor. Essa comunicação, a qual Chomsky se refere, está sendo abandonada pelos homenzinhos que ignoram o futuro da humanidade.
Comente este artigo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário