segunda-feira, 13 de julho de 2015

Hábitos e rotinas

Naquela primeira metade da década de 70, no século passado, duas campanhas institucionais do governo de Goiás chamaram a atenção de todos. A primeira, inusitada e inoportuna, mostrava fumegantes chaminés industriais e sugeria: “Traga a sua poluição para Goiás!”. Ora, já havia ambientalistas, ainda que com outro nome, e a reação foi enérgica! A segunda… Bem, vou falar rapidamente sobre a primeira.
A proposta do governo era trazer indústrias para Goiás. Uma movimentação expressiva, porém, buscava convencer governos e indústrias a reduzir a poluição ambiental em São Paulo. E, na contramão ecológica, Goiás dizia querer a poluição. Em tempo ágil, aquele anúncio foi trocado, porque em outras plagas já ridicularizavam a infeliz campanha.
O segundo era sui generis. Pelos jornais e revistas, nas rádios e na tevês, propunha mudar nosso horário de almoço. Era costume nas famílias goianas o almoço entre 11 e 13 horas. O “reclame” (já não se usava essa palavra, nome antigo para “anúncio”) mostrava um telefone (na tevê e nas rádios, o telefone tocava) e uma frase buscava nos convencer, assim: “São Paulo quer falar com você”, e sugeria que almoçássemos mais tarde.
Bastou muito pouco para que os locais de trabalho estabelecessem o almoço entre o meio-dia e as quatorze horas. E, parece, nunca mais São Paulo nos chamou sem resultado. Devo contar, ainda, que nosso céu continuou límpido – conseguimos industrializar sem poluição atmosférica (pelo menos, porque o agrotóxico jamais foi vencido).
Pois é, as mudanças são necessárias sempre. Houve (e ainda se vê) muita resistência à entrada das organizações sociais no sistema de saúde do governo estadual. Falou-se em terceirização, privatização e outros “ãos” descabidos – mas os resultados são altamente positivos. E é importante dizer que, ao passar o HUGO, o HDT, o HMI e outras unidades de saúde para a gestão das organizações sociais, o governo não investiu no escuro – contava, desde o início de suas atividades, com os bons resultados do CRER.
Fala-se, agora, em adotar a mesma medida na Educação. A resistência já se faz notar e muitos professores manifestam-se contrários, receosos de maior depreciação da categoria. Estranhamento, ao que me parece, os professores não são contra a transferências de escolas para o controle da Polícia Militar (eu, particularmente, prefiro as escolas na jurisdição da Educação, mesmo que com gestão por OS).
As mudanças são preconizadas dentro de um quadro de ineficácia, em face da burocracia que retarda procedimentos e compromete resultados. Foi assim na Saúde, há de se resolver assim também na Educação. Vivemos o tempo em que professores e gestores da área estão expostos à violência das ruas, que invade escolas, e alunos com problemas de conduta e carentes da educação familiar colocando em risco a integridade de mestres e funcionários. Quem apoia a militarização das escolas alega justamente o fator disciplina.
Escolas particulares, antes opção para alunos que não logravam passar nos exames admissionais das escolas públicas, não registram agressões de alunos ao seus mestres e auxiliares. Essa característica é o que vislumbro na gestão por organizações no sistema escolar público.
A única coisa a se exigir, concomitante a essa mudança, é a real valorização do professorado, com a paga mensal justa (e não falo do ridículo piso nacional, mas de um valor que se discuta e se atinja em todo o país, com a União bancando as diferenças). De resto, é enfrentarmos essa mudança. Afinal, porque as escolas públicas hão de ser, sempre, a única coisa a preservar o ortodoxia em sua gestão e nos padrões de ensino?
Comente este artigo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário