quinta-feira, 2 de julho de 2015

As perdas no abastecimento de água

Estudo do instituto Trata Brasil apurou que das cem maiores cidades brasileiras, 42 registraram perdas superiores a 45% no abastecimento e na distribuição de água, enquanto dez anotaram perdas de até 25%. As informações foram apresentadas pelo presidente da organização, Edison Carlos, durante o workshop Redução das perdas na rede de distribuição de água, organizado na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). As informações são da Agência Indusnet Fiesp.
Dados do Ministério das Cidades, de 2004 a 2013, revelam ainda que as perdas no abastecimento de água desaceleraram apenas 8,7% em uma década. Significa que se progrediu menos de um ponto percentual ao ano nesse período, lembrou Carlos. São consideradas perdas no abastecimento de água fraudes, vazamentos e fornecimentos não registrados a determinados órgãos públicos.
Ainda segundo o presidente do Trata Brasil, em 2013 as perdas nas cidades representaram 330 milhões metros cúbicos de água, a um custo aproximado de R$ 258 milhões ao ano, o que representou 11% dos investimentos nos serviços de abastecimento destes municípios.
Eduardo Moreno, diretor da Divisão de Saneamento Básico do Departamento de Infraestrutura (Deinfra) da Fiesp, lembrou que a grave crise hídrica e energética pela qual o país passa se configura num momento ideal para discutir o tema.
Para melhorar o cenário de perdas no abastecimento de água é preciso que o cálculo do que é efetivamente consumido no sistema também seja aperfeiçoado e padronizado. "Olhando a série histórica, fica claro que esse indicador estava esquecido. Houve pouco avanço, se analisarmos os últimos anos", declarou Moreno.
Durante o evento, o representante da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), que atua em mais de 150 países com cooperação técnica e financeira, Taku Ishimaru, apresentou o modelo do Camboja, país no sudeste asiático que superou a crise hídrica provocada pela guerra civil. Após o fim da guerra, a infraestrutura local estava totalmente destroçada e houve, então, o início da elaboração de um plano diretor em duas etapas. E ao mesmo tempo, um projeto de formação profissional, com parcerias com as prefeituras, uma vez que a distribuição de água estava quase 100% nas mãos do setor público. As perdas no abastecimento de água no Camboja superavam os 70% e, agora, são de apenas 8%.
Houve uma campanha de investimentos em infraestrutura no país, aliada a programas junto à comunidade e com a colaboração internacional. Surgiram uma nova estrutura, uma nova filosofia e profissionais treinados. Um desafio que precisa de esforços contínuos de todas as áreas, para o mesmo objetivo.

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