terça-feira, 26 de maio de 2015

Dentro de cada indivíduo, suas famílias

Cada pessoa é uma história, ou melhor, carrega em si muitas histórias. Misturam-se e juntam-se não só os genes de gerações passadas, mas também as experiências vividas, sofridas, choradas e felizes das muitas pessoas das diversas famílias anteriores. Ao longo dos anos que antecederam a vinda de alguém, as mudanças que pouco a pouco alternaram não apenas a forma, mas o jeito de ser para tudo aparecer como aparece um dia. E cada indivíduo se organiza de maneira distinta e diferente, se reinventa em cada momento e em cada movimento.
Nas famílias existem linguagens peculiares, únicas, eficientes, as quais mantêm os laços sólidos nos processos da comunicação ou mesmo deixam que tudo caminhe por si só, distanciando cada um do núcleo familiar.
Existem muitas composições familiares e hoje todas são visíveis e mais transparentes. Se tornaram assim pela própria necessidade de aceitação pelos outros e pela sociedade. Somos seres que necessitamos do olhar do outro, da aprovação dos outros para que haja um espaço amplo e aberto para um bom e saudável desenvolvimento.
Esta pluralidade muitas vezes provoca inquietações em outros núcleos mais conservadores, pois frente aos desiguais e diferentes há uma desacomodação, um caminho desconhecido que desestabiliza o que parece que está andando certo. Então acontecem as discussões intermináveis do que é certo e do que e errado, atrapalhando consideravelmente o desenvolvimento das relações mais adequadas entre as pessoas. Discussões permeadas por preconceitos, por princípios religiosos rígidos e não por princípios sociais que visem ao ser humano.
Desta forma, com os preconceitos ativados, acontecem as violências, pois não há aceitação das diferenças e se luta insanamente por modelos únicos, desconsiderando que as pessoas são sempre seres que se formam de múltiplas maneiras e não existe uma forma universal de ser ou constituir família.
Assim, quando no espaço familiar deveria existir afeto, apoio e segurança, vemos incessantemente as agressões e violências contra seus próprios membros acontecerem diariamente e constantemente. O lugar do afeto se torna o lugar da destruição. Crianças se acanham e tentam se esconder com medo; mulheres se submetem aos maus-tratos, perdendo a dignidade e os homens se tornam os demônios aterrorizadores, mas também são uns trapos humanos, envolvidos com drogas e álcool. Isso tudo na grande maioria dos casos.
Incansavelmente precisamos estar atentos às famílias, lutar para que nesse espaço cresçam crianças mais saudáveis; que as mulheres sejam mais respeitadas e elas próprias se tratem com carinho; que os homens não temam tanto o que não podem controlar e que as relações entre todos seja um caminho para o bom desenvolvimento das diferentes pessoas que compartilham alguns pontos comuns em suas histórias e formam uma família. Que nessa construção das novas famílias seja sempre aproveitado o bom que se herdou e se possa modificar o que precisa ser melhor. Tudo se reinventa, desde que deixemos fluir nossa capacidade para nos vincular.

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