sexta-feira, 24 de abril de 2015

Uma análise sistemática e psicológica de pessoas que precisam de ajuda psicológica, mas não procuram e as que procuram, mas não querem a cura!

Não temos a pretensão e nem o direito de dizer que todas as pessoas estão doentes e precisam de ajuda; entretanto, não podemos negar que no mundo atual diante de tanta violência, há um número que se eleva dia a dia de pessoas que precisam buscar ajuda profissional (uma boa psicoterapia) para melhorar a si mesma e com isso melhorar ou ajudar na melhora daquelas que estão a sua volta.
Como temos coloca em nossos textos sobre as fugas psíquicas, observamos cada vez mais pessoas fugindo de si mesmas. Como nos coloca Chico Buarque quando diz que “solidão é quando perdemos a nós mesmos e em vão procuramos nossa alma”. Hoje os maiores refúgios dessas pessoas estão no álcool e nas outras drogas tidas como ilícitas, mas que é usada em qualquer lugar, como, por exemplo, a maconha e, porque não, também a cocaína.
Tenho dito aos meus pacientes no início do tratamento que comigo eles têm duas opções durante o tratamento: ‘ou eles se curam, ou eles se curam’, não costumo dar a eles uma terceira opção; mas muitos deles na verdade não procuram terapia para se curar ou se melhorar; mas apenas para dizerem que estão se tratando, motivo esse do porque muitos abandonam o tratamento ou ficam pulando de galho em galho – a cada mês está com um profissional diferente ou buscando tratamentos alternativos que apenas mascaram a dor e o sofrimento; mas não chegam à raiz do ‘problema’. Trabalham os sintomas; mas não buscam a causa real do transtorno.
Também não podemos negar que um tratamento psicoterápico requer um tempo maior, ou seja, não inferior a seis meses. Assim com os custos que a priori está fora do orçamento; porém, os custos serão ainda maioria quando chegar ao corpo físico e necessitar também de terapia medicamentosa. Embora cada caso seja um caso.
Nem todas as pessoas têm recursos internos iguais para lidar com situações adversas e superá-las; aspectos biológicos e socioculturais influem nessa preciosa habilidade de sobreviver aos desafios do mundo atual. As dores psíquicas sempre acompanharam os seres humanos. Porém foi praticamente a partir de Freud que essas dores foram melhores estudas e hoje grandes profissionais da área têm buscado maiores recursos para melhorar ajudá-los.
A psicoterapia breve holística faz uso de uma dinâmica maior no tratamento e o profissional não é mais aquele do século passado que fica apenas olhando para o paciente a espera de informações e dados. Existe uma interação real entre psicoterapeuta e paciente.
Algumas pessoas possui uma estrutura de personalidade que poderíamos chamar de “personalidade resistente” às mudanças. São pessoas que vivem em função do ego e se caracterizam dentro de padrões por ele mesmo criado. São, na maioria, egoístas, arrogantes, intransigentes, orgulhosos, etc.; mas ao mesmo tempo está nos pontos opostos do que chamamos de “QI” ou possui um ‘QI’ muito elevado ou fica a desejar quanto ao nível de intelectualidade. São também pessoas com desvio de caráter. Pessoas ansiosas, calculistas, materialista ao extremo – apegadas.
Essas pessoas não procuram ajuda quase nunca; pois se veem como melhores do que as outras e jamais admite ter que dividir suas ‘intimidades’ com um desconhecido. Esquecem que são desconhecidas delas mesmas. São as mesmas pessoas que projetam no outro tudo aquilo que não quer enxergar em si mesmas. Nada é para ela ou dela; mas do outro. Estão sempre devolvendo ao outro qualquer tipo de sugestão para um tratamento psicoterápico: “Eu não preciso de ajuda!”. “Você é que precisa desse tipo de ‘médico’”. “Eu não estou doido, apenas tenho personalidade forte e ninguém vai me mudar”. Etc.
Não raro, os psicoterapeutas, psicólogos, psicanalistas recebem em seus consultórios os doentes de desesperança, “pessoas capturadas pela reação terapêutica negativa, que procuram ajuda, mas ao mesmo tempo resistem como se empreendessem uma ‘greve psíquica’” – Fátima Flórido Cesar.
No texto Análise terminável e interminável, de 1937, Freud questiona seu método veementemente, reconhecendo a importância da psicanálise como teoria, mas desconfiando de seu valor terapêutico. Nesse mesmo texto, Freud se refere a resistência poderosa de algumas pessoas à mudança: a reação terapêutica negativa. Estudos de 1923 nomeados de ego e id. Vê-se nessas pessoas uma ordem invertida: é buscado o desprazer. Também podemos ver essas pessoas na relação de pulsão de vida e pulsão de morte. A lógica que se supõe em tais casos é que a pessoa se agarra ao sofrimento, que repetem dia-a-dia suas mágoas, que se recusam a melhorar – é denominada de “lógica do desespero, da desesperança”. Os nomeio também como: “síndrome do vitimismo”.
Tais comportamentos ou tipo de pensamentos estão muito presentes nos viciados em álcool e outras drogas. Pessoas resistentes à mudança.
São doentes de desesperança que atacam a nossa própria esperança: Pierre Fédida denomina-os de “casos difíceis”. J. B. Pontalis, de “casos intratáveis”. Eu de “casos desafiadores”. São pacientes que desafia o próprio profissional quanto a sua posição (do profissional). Para eles nós teríamos que ser “deuses” para poder tratá-los, pois qualquer erro nosso é motivo para questionamento deles em relação a nossa tentativa de ajudá-los. Entretanto, somos chamados, atraídos pelo sofrimento alheio, enquanto questionamos, tal como fez Pontalis: “Que loucura é esta que nos acomete de quer mudar os outros?”. Fato que não é visto por mim, pois não nos cabem “Cientistas da alma” pensar que para ajudar o outro é preciso que nos tornemos “deus”, mesmo porque não cabe ao profissional in loco mudar o outro, pois como é sabido, ninguém muda ninguém; mas podemos sim ajudar o outro a encontrar a si mesmo e melhor se adaptar à vida e fazer melhores escolhas para estar em paz consigo mesmo.
Em detrimento do número de informação que as pessoas têm atualmente, cada dia requer do psicólogo e/ou psicoterapeuta larga experiência profissional e pessoal, isso não quer dizer que o profissional não pode errar e ter “problemas”, enquanto formos espíritos em evolução erraremos e teremos problemas.
No texto de Joan Riviere temos: “Há falta de esperança extrema, a proposta de cura analítica, ou seja, ficar bem e feliz, é sentida pelo paciente como equivalente ao abandono de seus objetos internos”. Uns amam a dor; outros o amor!
Nesse caso o profissional deve trabalhar com astúcia para fazer com que o paciente (inconscientemente) abandone esses objetos internos amados pelo amor a si mesmo. Colocando a si próprio em primeiro lugar, os “destrói”, em vez de ajudá-los.  Essa resistência tão poderosa é marcada pelo amor aos objetos internos, que provoca culpa e dor intoleráveis – e pede o sacrifício de sua vida. Motivo pelo qual a pessoa vai suicidando lentamente, na maioria, através dos vícios. Funciona como uma autopunição. O profissional ‘já desperto’ trabalha então os objetos internos primários, pois o paciente não se cura em autossacrifício.
“O que constitui a mola da reação terapêutica negativa é uma paixão, de curar a mãe enlouquecida no interior de si mesmo”. Pontalis.
O re-agir corresponde a uma ação circunscrita ao território das origens, a recusa é uma tentativa de libertação de mandatos parentais; é como se o paciente dissesse: “Reajo, logo existo”. Tenho que assumir a responsabilidade sobre meus atos e ações, não posso mais culpar ninguém pelos meus fracassos e sofrimentos; mais cômodo é me manter doente.
Como nos coloca Eurípedes Barsanulfo: “É fácil curar a doença; mas difícil é curar o doente”.
Para esses pacientes eles não são quem são; mas o que fizeram dele e como os outros (começando pelos pais) o “construíram”: uma pessoa fraca e doente. Não há cura para mim; mas eles têm que pagar pelo que fizeram e conservando minha doença os deixo culpados e me vingo.
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