sábado, 18 de abril de 2015

Em tempos de crise, como não perder dinheiro?

Especialistas orientam quais os melhores investimentos e o que as empresas devem fazer para não fecharem as portas.
Em tempos de crise, como a recessão econômica que o Brasil vive atualmente, quem tem alguma reserva financeira fica receoso em gastar e, muitas vezes, pensa em investir o dinheiro, mas não sabe como. Especialistas destacam que não há uma fórmula exata de como proceder nessa situação, mas reforçam que o mais importante é saber por que vai se investir. Para o educador financeiro e presidente da Associação Brasileira de Educação Financeira, Reinaldo Domingos, é preciso traçar uma estratégia para realizar algum investimento. Reinaldo aponta que investir no dólar ou na poupança não são medidas aconselháveis, visto que a moeda norte-americana está em alta e a poupança vem rendendo menos que a inflação. De acordo com o educador financeiro, uma das apostas para quem deseja segurança financeira é investir no mercado de ações, desde que haja o acompanhamento de um especialista e, uma observação importante: “não direcionando todo o dinheiro para um mesmo fim”.
Para o consultor financeiro e de planejamento do Sebrae Goiás, Fernando Aarão Melo, uma operação de investimento segura e rentável é aplicar no Tesouro Direto, que é emprestar dinheiro ao governo através da compra de títulos públicos, devido a alta da Selic. “Você protege o dinheiro do efeito da inflação e ainda recebe juros de 13% ao ano ou mais, dependendo do título e prazo de resgate escolhidos. Se não quer gastar e tem alguma reserva, deve-se aplicar, menos na poupança, pois com inflação projetada para 2015 a 8,2% e podendo ser até mais, pois essa já foi a terceira vez esse ano que o valor previsto pelo Banco Central é aumentado, deixar dinheiro parado na conta é prejuízo certo”, destaca.
O educador financeiro Reinaldo Domingos lembra que ao se fazer uma aplicação, como no mercado de ações, é necessário definir o momento do resgate de cada ativo financeiro escolhido, visto que quanto maior for esse período, normalmente, maior será a rentabilidade e menor a incidência de tributos. “A determinação do período de tempo de cada aplicação é importante no momento da escolha dos ativos financeiros, em conformidade com o cronograma de aplicação dos recursos poupados, para serem investidos no alcance dos objetivos desejados para o negócio”, explica. Apesar de ser o investimento mais indicado para o momento, Reinaldo adverte dos riscos da operação, pois o empreendedor poderá não conseguir o retorno prometido ou mesmo perder uma parcela do montante aplicado. “É importante conhecer muito bem os atributos de cada aplicação, tais como o nível de risco, retorno, o tempo de aplicação, os tributos e outras despesas que serão cobradas, tendo em vista que poderão comprometer a rentabilidade dos investimentos. É bom lembrar sempre que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura”, aponta.
Abrir um novo negócio ou poupar?
Um sonho de muitos é ter o próprio negócio e quando conseguem reunir um certo capital, pensam logo em abrir uma empresa. Mas essa decisão deve ser bem pensada, já que muitas empresas estão fechando as portas devido dificuldades na economia brasileira. Para o consultor financeiro Fernando Aarão, esse não é o momento mais propício para abrir uma empresa, mas se mesmo assim o empreendedor resolver iniciar um novo negócio é preciso fazer um bom planejamento, apesar disso não ser garantia de sucesso.
Tentar prever tudo o que pode acontecer depois que a empresa começar a funcionar é uma forma de se errar menos e se preparar melhor para o dia a dia de um negócio próprio. “Contudo, como há muita especulação no momento sobre a situação política e estamos vendo pessoas receosas em consumir, realmente adiar para o segundo semestre seria uma atitude prudente e contar com mercado mais aquecido e consumidores dispostos a gastar”, acredita.
Fernando destaca que se a pessoa deseja poupar para investir num futuro próximo, a poupança dificilmente é um bom investimento financeiro, apesar de seu rendimento – em torno de 6% ao ano – ser fixo e isento de imposto de renda. “Quem deixar dinheiro na poupança terá seu dinheiro desvalorizado, ou seja, começar o ano com valor aplicado e mesmo este sendo corrigido durante o ano, ao final dele valerá menos do que em janeiro, pois os preços terão aumentando muito mais do que os juros recebidos”, adverte.
O consumo da população tem diminuído, por isso, é preciso uma análise profunda de qual mercado investir para não perder dinheiro. No entanto, muitos empresários observam no período de crise oportunidades de negócio e a possibilidade de descobrir um novo nicho de mercado. Fernando destaca que tem observado as movimentações do mercado e, em Goiânia, o que se percebe é a queda das vendas e que se alimentar fora de casa tem ficado muito caro na Capital, além da alta nos preços dos combustíveis e uma série de despesas de início de ano, como IPTU e IPVA. “Com esse cenário, todos os ramos estão sentindo efeito das altas de preços, mas sempre é bom lembrar que na crise temos que estar atentos a alguma oportunidade de mercado e em reduzir custos, pois como empresários somos tirados da zona de conforto e se as vendas não aumentarão pela decisão dos consumidores, cabe a nós inovar e criar para buscar faturar mais”, ressalta Fernando.
Áreas para investir 
Fundos Referenciados DI – são fundos de investimento em títulos públicos, com rendimento vinculado ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI). Os fundos DI têm rendimento diário e permitem resgates de recursos a qualquer momento;
Fundos de curto prazo – este tipo de fundo investe em títulos de renda fixa de curto prazo, emitidos pelo governo. Sua rentabilidade também está vinculada ao CDI (taxa de juros interbancários).
Fundo de Investimento – é um tipo de aplicação financeira em que o aplicador adquire cotas do patrimônio de um fundo administrado por uma instituição financeira. O valor da cota é recalculado diariamente. A remuneração varia de acordo com os rendimentos dos ativos financeiros que compõem o fundo. Não há, geralmente, garantia de que o valor resgatado será superior ao valor aplicado.

Caderneta de Poupança – é o investimento mais simples, seguro e popular entre investidores, contudo, ultimamente seu retorno não está sendo interessante, estando abaixo da inflação. Seu rendimento, mensal ou trimestral, é fixado pelo Banco Central, sendo igual em todas as instituições financeiras que operam com esse tipo de aplicação.

Certificado de Depósito Bancário (CDB) e Recibos de Depósito Bancário (RDB) – são títulos de renda fixa que pagam, em períodos definidos, uma remuneração ao investidor e que representa uma promessa de pagamento futuro do valor investido mais uma taxa negociada no momento da aplicação. A diferença entre o CDB e o RDB é que o CDB pode ser negociado por meio de transferência. O RDB é inegociável e intransferível.
Títulos públicos – são aplicações que rendem juros prefixados, pós-fixados e mistos. Alguns títulos públicos são remunerados pela correção cambial, enquanto outros são corrigidos por índices de inflação, atualizados pela taxa Selic.

Ações – investir na aquisição de ações significa adquirir uma fração do patrimônio de uma empresa e se tornar sócio. A valorização das ações, normalmente, acompanha os resultados da empresa. Se forem bons, o valor da ação tende a subir, ao contrário, ocorrerá uma desvalorização desse ativo financeiro.
Letras de Crédito Imobiliário (LCI) – é um ativo financeiro de renda fixa garantido por um bem imóvel e que rende aos aplicadores juros e atualização monetária.
Conhecimento: investimento seguro e com retorno garantido
Tathiane Deândhela: empresária destaca que conhecimento é um patrimônio valioso e que este é o momento de investir no desenvolvimento de competências (Mel Castro)
Para a empresária, master coach e fundadora do Instituto Deândhela – empresa especializada em coaching, que busca explorar ao máximo do potencial de cada indivíduo –, Tathiane Deândhela, o melhor investimento para ser feito neste momento é em desenvolvimento de pessoas, visto que “o conhecimento é um patrimônio valioso que ninguém pode tirar de você. Portanto, é um momento de investir tempo e dinheiro em autoconhecimento, desenvolvimento de competências e conhecimentos em geral”, ressalta. Tathiane lembra que, em outras crises, muitas empresas conseguiram remar contra a maré e tiveram crescimento. “Isso só aconteceu porque tinham uma equipe de alta performance, engajada e comprometida com o sucesso da empresa. Como Walt Disney disse, você pode sonhar, projetar e construir o lugar mais maravilhoso do mundo, mas precisará de pessoas para tornar esse sonho realidade”, ressalta.
Investir na carreira ainda é uma das maneiras de se destacar no emprego e conseguir uma promoção e, em tempos de crise, permanecer na empresa. Para Tathiane, se desenvolver continuamente é mais que um diferencial profissional para ser promovido, “é um pré-requisito para se manter no mercado e, sem contar que você pode estudar erros e acertos de grandes nomes do passado para seguir os rastros das pessoas de sucesso e aprender com os erros dos outros sem a necessidade de passar pelo mesmo”. Mesmo que o profissional seja qualificado, muitas empresas têm de reduzir custos e enxugar o quadro de funcionários, o que implica em uma instabilidade no ambiente de trabalho e desmotivação da equipe. Tathiane aponta que a empresa deve buscar uma comunicação transparente com os funcionários, que pode gerar um engajamento e comprometimento interessante para a empresa passar por esse momento imune.
Competências como pró-atividade, foco no resultado, espírito de equipe, liderança, comunicação, dinamismo, dentre outras serão fundamentais para se manter na empresa. Se o profissional gera resultado para a empresa, provavelmente ele não será dispensado. Um executivo ou empresário não desliga um funcionário que consegue gerar um retorno para a empresa superior ao seu salário, até porque o País vive um “apagão” de liderança e de profissionais competentes, logo, “a empresa que tem a sorte de achar um profissional como esse, valoriza essa oportunidade”, afima Tathiane.
Inovação
Uma das palavras mais usadas nesse período de recessão da economia é inovação. Que as empresas devem inovar e buscar soluções para superar as dificuldades. No entanto, inovar já é difícil e com os problemas que a economia do País vive fica ainda mais. Conforme a master coach Tathiane Deândhela, por meio da Programação Neurolinguistica (PNL), tudo o que uma pessoa foca é aumentado. Sendo assim, ao se focar em problemas ou crise, ela aumentará de tal forma que ficará maior do que realmente é.
“Portanto, um dos principais segredos das pessoas de sucesso na inovação é focarem na solução. Pensar fora da caixa e saber que existem respostas para todas as coisas, mas só precisamos pensar um pouco mais”. “Fazer a famosa técnica de Brainstorm com toda equipe, sem julgamentos ou enfoque em hierarquia, também é uma prática comum em empresas reconhecidas pela inovação. A propósito, essas empresas ousam e são tão otimistas, que veem o fracasso com bons olhos. Não há como ser criativo onde há medo de errar”, aponta.
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