quarta-feira, 4 de março de 2015

Por que não as hidrovias?

Mais econômicas e menos poluentes que o transporte rodoviário, as hidrovias se tornaram uma alternativa mais sustentável para o escoamento da safra produzida no interior do País. Exportadores do Brasil reclamam, e não é de hoje, da falta de rotas eficientes para o escoamento da produção agrícola e das demais cargas que são enviadas O recente aumento do preço do combustível foi apenas o estopim para um problema estrutural que já se arrasta há anos e atrasa a estrutura logística do País. 
Do alimento que chega à mesa do brasileiro até a commodity exportada ou usada como ração para produção local de carnes, mais de 60% da mercadoria que transitam no Brasil passa por 1,2 milhão de quilômetros de rodovias. No entanto, com apenas 200 mil quilômetros de estradas pavimentadas, a infraestrutura se torna em um dos maiores vilões do custo do transporte de carga do País.

O Brasil é um país rodoviarista. Mas existem alternativas que necessitam uma maior atenção dos governos. Mesmo com a economia brasileira patinando, um setor cresce de forma vigorosa, com taxas "chinesas": com um crescimento de quase 9% em 2013, o transporte de cargas no modal marítimo ganha atenção da indústria. A projeção é de o setor crescer na casa dos 10%, até 2020. Quando fala-se em distâncias mais longas, acima de 600 quilômetros, e cargas mais pesadas, o avanço da cabotagem foi de quase 30% em 2013. Além disso, o custo da cabotagem gera uma economia de pelo menos 25% ao empresário que precisa transportar cargas, o que dá competitividade, inclusive, ao pequeno e médio.
ao exterior. Afinal, os modais ferroviário e, principalmente, o hidroviário ainda não têm todo o potencial devidamente explorado. Além disso, as altas tarifas encontradas na cadeia logística e a burocracia do setor mostra que falta um trabalho eficiente para alterar este quadro que causa dor de cabeça aos exportadores.

O Rio Grande do Sul foi pioneiro na exploração das hidrovias no Brasil. Sem uma política para incentivar a instalação de empreendimentos às margens dos rios e lagoas, o modal encolheu de 1,2 mil quilômetros navegáveis para 750 quilômetros. A hidrovia responde hoje por apenas 4% do transporte de cargas no Estado, enquanto no Brasil o percentual sobe para 13%. Nos últimos 30 anos, os sucessivos governos simplesmente abandonaram as hidrovias gaúchas. Falta gestão séria e competente. Sem planejamento de longo prazo e manutenção mínima das vias o sistema encalha.

Uma pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes, CNT, entre 2002 e junho de 2013, revela que o valor de investimentos autorizados pelo Governo Federal, no modal hidroviário, foi de R$ 5, 24 bilhões, mas apenas R$b 2,42 bilhões foram realmente aplicados. O levantamento revelou também problemas que se arrastam ao longo dos anos: a ausência de manutenção nas vias navegáveis, o alto custo de manutenção da falta e o excesso de burocracia.
 É possível o Brasil atingir patamares encontrados em países europeus, onde o potencial hidroviário é infinitamente melhor aproveitado? A resposta depende de uma série de atitudes que precisam ser tomadas por autoridades e empresários, que investem pesado em navios de cabotagem. É um belo começo para corrigir desmandos de sucessivos governos, e o desperdício histórico do nosso potencial hidroviário.
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