terça-feira, 10 de março de 2015

A raposa no galinheiro ou o banqueiro da esquerda?

No mundo acontece no reino das contradições. O militante partidário, hipnotizado pelo centralismo democrático (não seria dogmático?), jamais admite. A contradição nos move sem notarmos, o raciocínio patina (mesmo quando nos achamos revolucionários): o que almejamos alcançar nos cega sobre o real. Nada de novo, sei por experiência como o militante sectário se transforma rápido no babaca ridículo a vomitar asneiras.
Três singelos exemplos mostram a complexidade do campo das contradições.
UM – Não há coisa mais abominável para o militante de partido no poder do que a crítica, o livre pensar, a imprensa livre. Isso é fantástico, em regra o cara que luta por democracia adora impor ditaduras quando assume o comando. Contradição? Sim!
DOIS - Lançado em 1848 o Manifesto Comunista, escrito pelos fundadores do socialismo científico Karl Marx e Friedrich Engels é tido, historicamente, como um dos tratados políticos de maior influência mundial. Após o golpe dado por Lenin na Rússia em 1917, o século passado foi movido pela visão utópica embutida nas ideias do cara atormentado por hemorroidas. Marx, após passar uma tarde sentado num banco duro da Biblioteca Britânica teria dito que a burguesia ainda lamentaria suas hemorroidas. Até agora apenas os fracos e oprimidos pagaram pelo veneno produzido pelas hemorroidas.
Marx fez a cabeça (ainda faz embora os crimes hediondos de seus seguidores) de miríades de intelectuais. Quando se soma as experiências, chinesa, cambojana, cubana, russa, norte-coreana, albanesa, ou seja, o resultado dos governos marxista-leninistas (mais de 100 milhões de mortos), ou governos só socialistas, ou algo derivativo, como bolivariano ou as dezenas de experiências efêmeras como a República Socialista dos Trabalhadores da Finlândia, as tentativas na Índia e na África, o Século 20 foi o maior laboratório para as ideias que visavam sepultar o capitalismo e trazer o paraíso.
O que sobrou de positivo decorridos 177 anos dessa intoxicação ideológica? O que deu certo? Nada, absolutamente nada foi produzido de útil por essas experiências. O que tivemos foi tirania em cima de tirania, terror puro e simples, assassinatos em massa sem que a intelectualidade aprendesse algo capaz de produzir nova utopia. É ou não é terrível contradição?
TRES – O ministro Joachim Levy colocará nossa economia nos eixos? Sim, se não atrapalharem! Tem currículo. É o homem certo no lugar certo. Foi professor da Fundação Getúlio Vargas, atuou no FMI, foi vice-presidente do BIRD e economista visitante no Banco Central Europeu. Foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e economista-chefe do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão de FHC (está entre os responsáveis por entregar a economia redondinha ao Lula). Foi secretário do Tesouro Nacional, secretário da Fazenda do Rio de Janeiro e no Banco Bradesco ocupava o cargo de diretor-superintendente quando foi nomeado ministro da Fazenda no segundo mandato do governo Dilma Rousseff. O homem sabe o que faz!
Sacaram? No universo das contradições nossa economia será salva (sem ironia, creio mesmo que Joachim Levy pode nos tirar do buraco) por banqueiro (há “banqueiro de esquerda”?), o tipo mais odiado por quem assumiu o governo sob a cantilena do socialismo. Ou, melhor ainda, pela primeira vez o galinheiro estará salvo e voltará a ser produtivo sob os cuidados do olhar aguçado da raposa? Salvem as contradições.
Resumo da ópera: para que serve militante intoxicado? Apenas para engordar no poder os que traíram os princípios mais comezinhos de determinado período histórico.


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