sábado, 17 de janeiro de 2015

O maior bem do futuro

Alguns anos atrás, quando entidades voltadas ao meio ambiente e à preservação do planeta anunciaram que no futuro a água seria o bem mais precioso do planeta justamente porque se tornaria rara a muitos povos, não faltou quem criticasse o alarmismo da previsão. Entretanto, o que parecia, para alguns, alarmismo, transformou-se rapidamente em realidade. São Paulo, uma das maiores cidades do mundo, por exemplo, vive o drama da escassez do produto.

Em sua página na internet, a ONU publicou recentemente a história da boleira Maria Dilvânia Lima, 40 anos, que nunca tomou banho de chuveiro. Duas vezes por semana ela se junta a sete colegas para assar bolos em uma associação de mulheres de uma pequena cidade do Nordeste brasileiro. Nenhuma receita leva água, substituída por polpa de frutas ou leite.

A reportagem serviu para ilustrar um novo alerta feito pelas Nações Unidas. O desafio de 748 milhões de pessoas, em todo o mundo - 35 milhões apenas na América Latina - que convivem diariamente com o problema e precisam escolher entre preparar a comida ou lavar a louça, tomar banho ou regar a horta.

De acordo com a versão latino-americana do relatório Diminuir o calor, do Banco Mundial, as mudanças climáticas tendem a agravar ainda mais a falta de chuva nas regiões mais áridas do mundo. Segundo o documento, o fenômeno El Niño pode se tornar mais frequentes em um planeta 4°C mais quente. Em razão disso, mesmo os projetos de fornecimento de água precisam considerar o ensino da população a usar o líquido da forma eficiente.

Particularmente em São Paulo, a situação é tão difícil que o Conselho da Cidade aprovou uma carta aberta sobre a crise hídrica. Propôs 35 medidas para o enfrentamento da falta de água na capital. Elas reúnem ações das três esferas do poder público e da sociedade civil. Para os conselheiros, é preciso criar um plano de contingência, com políticas emergenciais, e também ferramentas de transparência e monitoramento da situação de abastecimento.

Eles sugeriram a adoção de medidas como o reuso de efluentes e o reaproveitamento da água de chuva, o levantamento da situação de poços, nascentes, cisternas e das empresas de fornecimento de água por caminhão pipa, e o incentivo à compra de caixas d'água pela população de baixa renda e de equipamentos economizadores, como redutores de pressão e válvulas de descarga dupla.

Cenário de quem nunca imaginou que a principal cidade brasileira, responsável por boa parte da produção industrial, um dia iria enfrentar.


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