sábado, 6 de dezembro de 2014

Tamanho ideal da família

Um, três ou seis filhos? Qual o número ideal para um casal? De acordo com dados do IBGE, o País registra uma média de 1,74 filho por mulher, estando abaixo da taxa de reposição populacional, que é de 2,1

A família extensa era uma realidade frequente anos atrás. Era muito comum família com muitos filhos, o que na época não significava exagero, mas sim sinal de prosperidade. Além de também garantir segurança familiar, uma vez que os pais tinham a velhice assegurada. Atualmente a taxa de fecundidade no Brasil vem apresentando um constante declínio. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o País registra uma média de 1,74 filho por mulher, estando abaixo da taxa de reposição populacional, que é de 2,1 filhos por mulher – onde duas crianças substituem os pais e a fração 0,1 é necessária para compensar os indivíduos que morrem antes de atingir a idade reprodutiva.
Em 1960, a taxa de fecundidade no Brasil foi de 6,3 filhos por mulher. Desde então, a redução ocorreu de forma gradativa: 1970 (5,8), 1980 (4,4), 1991 (2,9), 2000 (2,3) e, em 2006, com 2 filhos por mulher, registrando a média abaixo da necessária para a reposição populacional. 
De acordo com especialistas, não existem respostas para qual o número ideal de filhos para um casal, porque depende muito da preferência dos pais, entretanto o ideal seria a taxa de reposição populacional. Porém, da mesma forma que diminui o número de crianças, é cada vez mais crescente o número de casais que optam por não ter filhos.
Conforme a psicanalista Luci Mansur, são vários os fatores que contribuem para a queda da fecundidade, uma delas é a expansão da urbanização, pois no meio rural as famílias tinham a ideia de que era necessário ter muitos filhos para ajudar nos trabalhos do campo. “Também vale destacar o ingresso da mulher no mercado de trabalho, juntamente com o desejo do casal de se dedicar exclusivamente a um relacionamento a dois, com os avanços da Medicina e a utilização de métodos contraceptivos, essa decisão se torna cada vez mais fácil”, explica a psicanalista.
Para o geógrafo Wagner de Cerqueira, a educação sexual e o planejamento familiar também são outros aspectos que acarretaram a redução da taxa de fecundidade no Brasil. Conforme ele, os gastos com a criação dos filhos estão cada vez mais elevados, especialmente com escolas, creches, hospitais e transporte, o que pode ocasionar pela escolha de um filho ou nenhum.   
Atualmente, a região brasileira que detém a maior taxa de fecundidade é a Norte, com 2,24 filhos por mulher. Já a região Sul, com 1,66, possui a menor média nacional. As regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste apresentam taxa de fecundidade de 1,85, 1,8 e 1,67 respectivamente. 
A enfermeira Luhara Rodrigues, de 22 anos, é mãe do pequeno Miguel, de cinco meses, e ela pretende não pertencer aos números atuais da taxa de fecundidade brasileira. “Acho que o Miguel merece irmãozinhos para um fazer companhia ao outro. Além de que, querendo ou não, filho é um laço fortíssimo e fortifica uma relação. E claro, quando bem criado, quando passamos os ensinamentos morais e damos muito amor, logo quem mais recebe isso tudo de volta somos nós, os pais”, afirma. 
Luhara Rodrigues diz compreender o porquê de muitos casais optarem por ter filhos únicos ou não serem pais, porém ela acredita que é preciso avaliar outras circunstâncias, como a velhice. “Vejo os cuidados dos meus pais em relação aos meus avós. São pessoas que sentem a obrigação de cuidar”, cita.
Declínio da população mundial
Para o doutor em Demografia e professor em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, José Eustáquio Diniz Alves, a transição da fecundidade é a passagem da opção por um grande número de filhos para a opção de um pequeno número. Este processo ocorre quando cresce a qualidade de vida dos pais e se amplia o acesso aos direitos humanos em todas as suas dimensões. Conforme ele explica, faz parte dos direitos humanos os direitos reprodutivos e o acesso aos diversos métodos contraceptivos para espaçar ou terminar a parturição.
“Se a taxa de fecundidade ficar acima de 2,1 filhos, no longo prazo, haverá crescimento populacional. Quando for igual haverá estabilização da população e quando estiver abaixo haverá declínio da população”, esclarece.
José Eustáquio acredita que quanto mais rápido cair a fecundidade nos países que estão com a transição demográfica atrasada, mais rápido haverá a estabilização ou declínio da população mundial. Na hipótese de projeção média da Organização das Nações Unidas (ONU), a população do mundo deve se estabilizar em torno de nove bilhões de habitantes no ano 2050.
Saiba Mais:
Taxa de fecundidade no mundo
·         Portugal – 1,28
·         Japão – 1,41
* China – 1,66
* Dinamarca – 1,73
* Estados Unidos – 1,88
* Uruguai – 2,06 
* Argentina – 2,19
* Venezuela – 2,42
* Índia – 2,50
* Iraque – 4,09
* Afeganistão -5,14
* Moçambique – 5,26
* Angola – 5,98
Fonte: Banco Mundial


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