Agredida, assediada, violentada e vulnerável. Estas foram apenas
algumas das expressões utilizadas por mulheres que foram entrevistadas pela
Agência Brasil para se referir ao modo como se sentem quando são abordadas na
rua com "gracejos", "galanteios abusivos". Em parceria com
a Defensoria Pública de São Paulo, o Coletivo Olga quer tornar visível esse
assédio para desnaturalizar uma situação que, na prática, é mais uma violência
de gênero. Para isso, lançou a Campanha Chega de Fiu Fiu.
A jornalista Juliana de Faria, criadora da
iniciativa, é enfática sobre a situação pela qual as mulheres passam: "Não
é valorização, não é elogio, não é querer ter um relacionamento, não é
flerte". Ela aponta que esse assédio está dentro de um contexto de
violência marcado pelas desigualdades de gênero. "Talvez isso possa
parecer uma questão menor, mas não é. Estamos falando de direitos muito
básicos, então isso já é uma grande violência".
Uma pesquisa na internet, com a participação
de aproximadamente 7,7 mil mulheres, foi feita como parte das ações da
campanha. O resultado final impressiona, ao mesmo tempo em que assusta: 99,6%
das mulheres já haviam sido assediadas, 81% disseram ter deixado de sair para
algum lugar com medo de sofrer assédio e 90% trocaram de roupa pensando no
lugar que iriam por receio de passar por esse tipo de situação.
A defensora pública Ana Rita Prata,
coordenadora auxiliar do Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher, destaca
que o assédio é qualificado penalmente. "É uma contravenção penal, a
importunação ofensiva ao pudor, cuja pena é multa. Há também a caracterização
de crime como ato obsceno", explicou. Nos casos em que for verificada a
violência física, pode ser caracterizado o crime de estupro. Ela destaca que a
responsabilização do agressor é importante e um direito da vítima, mas que é
fundamental tratar do tema de forma a conscientizar a sociedade sobre a
questão. "A responsabilização de uma pessoa não vai mudar um contexto
social", ponderou.
Para a professora Carla Cristina Garcia, do
Departamento de Sociologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP), também entrevistada pela Agência Brasil, esse assédio pode ser
explicado por uma cultura em que o espaço público é tido como masculino.
"Por mais que a rua pareça neutra, ela não é. As mulheres sabem dessa
cartografia mental, que você não pode estar em um lugar em determinado momento
do dia.
A sociedade e a cultura machista vão impondo a compreensão de que, se
algo acontecer, a culpa é sua", acrescenta. Ela lembra que, ao mesmo tempo
em que se culpa a vítima e se invisibiliza a violência contra as mulheres,
naturaliza-se a agressividade masculina.
Infelizmente, as mulheres ainda são, grande
parte das vezes, tratadas como objetos. A culpa não é delas, antes que alguém
queira dizer. Pelo contrário, está em uma cultura com extrema dificuldade de se
desapegar de um machismo nefasto. Só a educação e o repúdio a tais atos poderão
tecer um futuro melhor.
Ag. Brasil.
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Isso é fato amigo!A mulher não o direito ser bonita.Acho que homem que não respeita não merece ser respeitado.Simples assim!!!
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