sábado, 20 de dezembro de 2014

Meus avós??? Que se virem!

A sabedoria popular de um modo geral, de idos e saudosos tempos, nos transmite muitos ensinamentos e exemplos, dando mostras de como o passar dos anos sempre trouxeram e trazem surpresas nem sempre agradáveis para aqueles que carregam em suas costas dezenas de anos de labuta, de sacrifícios e que já quase no ocaso da vida, enfrentam situações para lá de desagradáveis, com as quais sequer sonharam um dia.
Tanto assim o é, que um dos cancioneiros caipiras compôs uma música intitulada couro de boi, em que fala na ingratidão de um filho,  que açulado pela esposa coloca o velho pai para fora de casa, dando lhe apenas e exclusivamente um couro de boi para se cobrir em suas peregrinação pelo mundo, bem como também entre várias outras canções do gênero há uma em que  num trecho assim se canta: " um pai trata dez filhos e dez filhos não tratam de um pai", pois como bem sabemos, vemos, ouvimos e assistimos em muitas circunstâncias, ocorre um jogo de empurra-empurra na hora de se assumir a guarda e o zelo de um ancião que fica á mercê da boa vontade dos filhos que alegando obrigações e responsabilidades das mais variadas, fogem daquela que deveria ser cumprida com o maior dos bons grados.
Numa sociedade cada vez mais paternalista e super protetora como a nossa, em que os filhos são rodeados de todos os cuidados e mimos possíveis e inimagináveis, certo seria é que também aqueles que disso se incumbem, quando chegado o seu momento de receber atenção e zelos especiais, disso fossem mais do que merecedores, pois muito fizeram para tanto. Bastava lhes apenas que retribuído lhes fosse uma pequena parcela de tudo o que, durante suas vidas, dedicaram para que a sua prole fosse bem encaminhada, mas infelizmente isso nem sempre acontece.
Há pouco tempo em um café ouvi na mesa ao lado, não por curiosidade mas, dada à proximidade isso seria inevitável, uma história discutida entre um casal de anciãos, não em tom de lamento ou lamúrias, mas talvez com um certo desapontamento, sobre a ingratidão de um neto que havia se enriquecido graças a ser locatário daqueles, em um estabelecimento de propriedade deles  pagando um aluguel aquém do valor do mercado e que  lhes aprontou ainda mais,conforme se verificou no decorrer daquele diálogo.
Nesse total desabafo entre aquele simpático casal, compreendi o drama que viveram,  pois ouvi ainda que eles tem uma filha que também é locatária com outro tipo de atividade no mesmo prédio locado ao neto, e tendo ela tomado emprestado certa quantia em agiotagem do sobrinho e se vendo em dificuldades financeiras, deixou ela de pagar o elevado juro e também o principal, tendo então o jovem exigido que os avós honrassem o compromisso da filha e que o valor que lhe era devido fosse descontado no aluguel. O que lhes colocou em um sério descompasso financeiro ante as minguadas aposentadorias que receber do INSS após décadas de contribuição.
Percebe se assim, ante tantos e tantos exemplos e situações que nos chegam ao conhecimento, que muda o mundo, porém a natureza das pessoas permanecem imutáveis, agindo da mesma forma como em passados tempos muitos agiram e que muitos outros também assim ainda o farão no futuro,  afinal a generosidade e gratidão somente a alguns mais abençoados dada é, a oportunidade de se exercer, pois a grande maioria fecha os olhos a qualquer tipo de ajuda obtida, pois para eles em primeiro lugar está a ganância, a busca do enriquecimento,  mesmo que muito mal faça àqueles que com esse tipo de gente convivem e sofrem bastante, como no caso daqueles avós de quem, involuntariamente ouvi a história acima narrada.
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Um comentário:

  1. Conheço a música "Couro de Boi" e muitas outras do mesmo gênero. Que retrata o lamento de um pai ou que talvez represente a tristeza de velhos pais. Talvez esse lamento nem seja pela ingratidão, mas pelo desapontamento em ver no que se tornou aquela joia rara criada com tanto zelo e mimos. Como pode alguem receber tanto e não ter nada pra oferecer. Custa acreditar que sejam humanos. É desumano demais ver que a pessoa que tanto lutou e batalhou, que adquiriu tanta sabedoria após os cai e levanta da vida não ter mais direito a nada no seio da sua familia. A bem da verdade ninguem tem paciência sequer para ouvir as palavras do velho. Sozinho pelos cantos da casa, ou jogado em um asilo esse é o triste fim de muitos pais que tanto amaram e lutaram pelos seus lindos e queridos filhos. Pelo amor de Deus. Vamos por a mão na consciência e exercitar o sentido da caridade. Não despreze a única pessoa que te amou de verdade. Os Teus Velhos Pais.

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