domingo, 9 de novembro de 2014

Miséria volta a assombrar o país

As canelas finas sustentam o corpo arqueado de João. Este personagem real, de nome fictício e rosto magro, vaga pelas ruas da cidade onde cata material para reciclagem. Aos 61 anos, recebe em média R$ 200,00 por mês. O dinheiro dá para comer, mas a situação não é fácil. "É uma briga todo dia pra conseguir viver." João é um dos milhões de brasileiros em condições de extrema pobreza.

 Mas, o dado alarmante divulgado nesta semana pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) é de que pela primeira vez em dez anos, o número de pessoas nesta situação aumentou. Por outro lado, a quantidade de pobres (em patamar acima dos "extremamente pobres"), recuou.

O estudo do Ipea mostra interrupção na queda do número de indivíduos em dura situação de "miséria". Palavra quase tão forte quanto o termo que designa a pessoa neste estado: o miserável. O número deles registrou alta de 3,7% entre 2012 e 2013 no país, enquanto o de pobres diminuiu 5,4%, de 2012 para 2013. Para chegar a estes resultados, o Ipea leva em conta o número de extremamente pobres com base nas necessidades calóricas mínimas necessárias a uma pessoa em relação à alimentação. 

Assim, são avaliados os brasileiros com renda insuficiente para consumir uma cesta básica de alimentos - de acordo com números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/IBGE) - com base em recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do órgão para alimentação e agricultura da Organização das Nações Unidades (FAO). Já os considerados pobres são quem possui renda equivalente ao dobro da linha da miséria.

O Ipea apresenta o quadro da pobreza em âmbito nacional, nas macrorregiões e por estado, portanto, não constam dados específicos de cada município. Entre os três estados do Sul do país os extremamente pobres da área urbana recebem em média R$ 98,48 ao mês. Já a média para os pobres é de R$ 196,95. Em Pelotas, de acordo com o Censo 2010 do IBGE, das pessoas com mais de 18 anos, 1.831 recebiam até R$ 127,5. Outros 4.232 mil dos maiores de idade não possuíam rendimentos. Viviam apenas de benefícios.


Na cidade as variações no número de miseráveis não são mensuradas pela rede de atendimento social do município. Por isso, não foi observado aumento como o registrado pelo Ipea, de acordo a secretária de Justiça Social e Segurança, Clesis Crochemore. Ainda segundo ela, atualmente a secretaria atua com o setor de planejamento para construir esses indicadores locais. A promessa é de resultados ainda no primeiro semestre de 2015.

Hoje, quase 500 pessoas recebem mensalmente cestas básicas de alimentos. Cada uma ao custo de cerca de R$ 50,00, com arroz, feijão, açúcar, óleo, bolacha, massa, café e leite em pó. Esta é uma das formas de diminuir os problemas de quem precisa de ajuda.

As portas de entrada para pessoas em vulnerabilidade são os Centros de Referência de Assistência Social (Cras). Ali, de acordo com a gerente de Proteção Social Básica, Izabel Arndt, são desenvolvidos serviços, programas e projetos de acolhimento, convivência e socialização conforme cada caso. 

"Essas políticas (de assistencialismo) são direitos dos cidadãos, mas trabalhamos pela independência de cada indivíduo", conclui Clesis.


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Um comentário:

  1. Olá WILLIAM.
    Para mim não é novidade, como também para muitos, quais sabiam a real situação, que com a reeleição desta senhora, muitas coisas voltariam ao que era antes.
    E ai venceu quem votou nela, não queria continuar como estavam antes, não mexer no que estava dando certo, por acaso a miséria dá certo para alguém que saiba não, mas alguns nordestinos acharam que sim.
    Então não tem do que se queixar, pois estão novamente em miséria, muito triste, mas escolheram quem quiseram.
    Agradeço por ter compartilhado.
    Abraços sempre.
    ClaraSol

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