quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Remo sem rumo

"A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota."
(Jean-Paul Sartre)
Estaria realmente a paz mundial sendo ameaçada? Por quem e em função do quê? Realidade ou ficção?
Discussões sociopolíticas, travadas dentro das academias elitizadas do “primeiro mundo” europeu definem a conjuntura mundializada como um jogo de xadrez no qual restariam apenas duas ou três peças hegemônicas mas nem por isso imutáveis.
As instituições políticas, num déficit de poder, seguem perdendo representatividade, dia a dia, enquanto a cultura do efêmero abocanha o parco pedaço de uma “ética humanizada e de interesses”, vendida nos sites chineses a “um e noventa e nove”.
Num processo inverso à direção tomada pelo timão societário da história contemporânea, fincado no tripé da religiosidade capitalista chauvinista, aquela que prega o trabalho, a acumulação e o progresso enquanto instâncias da ética protestante atualizada e banalizada pela emancipação humana movida à compra de bens duráveis.
Estruturado em pés biônicos calçados na tecnologia e rapidez da informação, o homem segue rumo às cavernas, bebendo da fonte da ignorância em suas infinitas formas de agressão e promoção do suicídio coletivo, nas suas várias vertentes, tais como a ambiental, da falta de ética política, competição voraz, irreparáveis desigualdades sociais, acumulação e exploração do capital especulativo.
A relativização de valores, através da qual aceita-se tudo, sem apoiar nada nem ninguém, processa o momento histórico onde a cultura da sociedade local, globalizada, embasa o futuro guiado pelo presente, mesmo quando encurralada até o pescoço, na vala rasa dos atalhos da ignorância e negligência humanas.

A beligerante ideologia da “situação de emergência” espalhada pelo Oriente europeu, neste momento, dá o tom medíocre de uma humanidade “guiada às cegas” pelo medo dos movimentos sociais, reivindicação de direitos, acontecimentos históricos, primaveras insurgentes.
O momento internacional divide-se, tanto quanto no restante da história moderna e antiga, entre vilões armados até os dentes e o resto do mundo. Caracterizada pelos “Zé Pequenos” filhos adotados, estuprados, abandonados e fruto do cotidiano de riquezas construídas em premissas neoliberais, a sociedade do medo banaliza os valores e a vida enquanto rema, em curso finito, no rio que atravessa a vila da humanidade já sem volume e correnteza, força motriz capazes de tocar, segundo nos conta a Bíblia, o barco de “Noé e seus animais”.
Barcos, Noés e animais, modernizados, emburrecidos, violentos e violentados, parecem fadados à extinção.
Abrir o mar da opressão e criar passagem às “diversas salvações” que se apresentam à humanidade, divididas entre sonegação da ética e “etnias destroçadas” é mais que urgente. Como a questão da água, a banalização e extinção da sociedade modernizada “avinagraram” a preciosidade vital, líquida, a qual se esvai entre os dedos das gestões, no ralo da ganância corrupta, irresponsabilidade social e falta de compromisso com as gerações futuras.


As promessas de “um mundo melhor em outro mundo” patrocinada pelas igrejas de alforges, há que despertar a humanidade e levar à conclusão concreta de que, a cada 100 anos e a cada geração, realizamos o reinício ou o fim enquanto escrevemos o infinito e cruel resto da história.
E o pulso... ainda pulsa!
Antônio Lopes.

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