quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Mais que limpar o nome, é preciso uma faxina financeira

Só quem já esteve na lista de devedores do Serviço de Proteção ao Crédito sabe como é e a dificuldade que se enfrenta por causa disso. Por isso, é grande a busca de brasileiros por opções para limpar o nome. Contudo, para quem quer mudar definitivamente sua situação financeira, recomendo cautela, pois, não adianta apenas combater o efeito do problema, mas também a causa, que é a falta de educação financeira. Está com nome sujo quem possui alguma dívida com pagamento atrasado, isto é, quem está inadimplente.
 Em função disso, geralmente, o consumidor sofre com diversas sanções na hora de realizar compras ou de outras ações. Uma boa alternativa para os brasileiros é participar de Feirões Limpa Nome, que possibilitam a negociação das dívidas diretamente com os credores, com condições especiais de pagamento.
Com certeza, essa é uma ótima oportunidade para que as pessoas limpem os seus nomes, contudo, é fundamental que se honre os acordos firmados e que se planeje para que o problema não volte, como ocorre na maioria das vezes. Por isso, sempre faço um importante alerta para as pessoas saberem calcular o impacto de financiamentos (cartão de crédito, cheque especial, financiamento da casa própria, do carro e de eletrodomésticos, entre outros) em seu orçamento, com dicas práticas do que fazer antes de optar por uma linha de crédito e evitar o endividamento, como também orientações para quem já está endividado.

Para que o consumidor deixe de ser inadimplente, é preciso, antes de qualquer coisa, que entenda que o ciclo de endividamento se constitui de causas como analfabetismo financeiro, consumismo, marketing publicitário e crédito fácil; de meios - cheque especial, cartão de crédito, crediário, crédito consignado, empréstimos, adiantamentos e antecipação do IR -; e de efeitos - problemas conjugais, problemas de saúde, desmotivação, baixa autoestima, produtividade reduzida, atrasos e faltas no trabalho.
Para quebrar esse ciclo é necessário ajudar a ampliar o repertório da população sobre finanças, de forma consistente e carregada de sentido prático, para que assimile, o mais cedo possível, a importância do equilíbrio financeiro para o bem-estar individual e social.
Em geral, a ciranda financeira segue o seguinte compasso: se a prestação da casa ou do carro não está cabendo no orçamento, a pessoa passa a pagar todas as demais despesas no cartão de crédito, imaginando que, assim, sobrará recurso para pagar suas principais dívidas. Dentro de poucos meses, no entanto, já não conseguirá quitar a fatura do cartão e passará a pagar a parcela mínima, até que entre algum recurso extra.
 Mas isso não acontece e a saída é recorrer também ao cheque especial. Chega o começo do outro mês e a história se repete. O salário recebido é suficiente apenas para cobrir o limite do cheque especial. Junto, vem o débito referente aos juros do período mais a parcela mínima do cartão. Sem alternativa, deixa-se de pagar a prestação da casa ou do carro.
Quando se dá conta, a pessoa está endividada de todos os lados, correndo o risco de ficar inadimplente e sem linhas de crédito. Há quem provoque a própria demissão para usar os recursos dos direitos trabalhistas a fim de solucionar o problema.
A solução é fazer um levantamento detalhado de todas as dívidas, separando os itens em "essenciais" e "não essenciais", priorizando o pagamento dos essenciais para evitar o corte de serviços indispensáveis. Deve-se também priorizar as dívidas que têm as taxas de juros mais altas. Provavelmente, serão as dos empréstimos adquiridos junto ao sistema financeiro. O melhor é procurar o gerente e pedir que junte num mesmo pacote as dívidas de cheque especial, cartão de crédito e demais empréstimos e negociar uma linha de crédito diferente, mais alongada, com juros médios que não ultrapassem 2,5%, cuja prestação seja menor do que o valor total dos juros que a pessoa pagava mensalmente.
A partir desse acordo com o banco, o devedor estará pagando não mais apenas os juros, e sim o valor principal, fazendo com que a dívida seja efetivamente liquidada ao longo do tempo.
Um último alerta é que os consumidores evitem, a qualquer custo, promessas milagrosas e com juros muito baixos de instituições ou pessoas que não são conhecidas.
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