terça-feira, 24 de setembro de 2013

Sobre tragédias árabes


Os árabes são cerca de 400 milhões de pessoas que vivem principalmente no Oriente Médio e no norte da África. No Brasil temos 1,5 milhão de árabes e seus descendentes.

Originários de uma população nômade da península arábica, onde hoje se situa a Arábia Saudita, foram organizados por Maomé e pela religião muçulmana.

Fundaram um império que se estendeu do Paquistão até o sul da França, incluindo a Espanha e Portugal. Durou de 632, ano da morte de Maomé, até 1258, ano em que morreu o último califa em Bagdá, derrotado pelos mongóis de Gengis Khan e seu filho Hugalu.

A partir de 1510 a região foi dominada pelo império turco-otomano e seus sultões, até sua dissolução em 1918, depois de os turcos se aliarem ao lado perdedor na Primeira Guerra Mundial; por este motivo até hoje chamamos nossos árabes de turcos, o que eles não são.

Os territórios árabes foram então colocados sob protetorados britânicos e franceses, que depois foram fracionados nos atuais países árabes e Israel.

Entre o século VII e o XIII, enquanto durou seu império, produziram gênios que se destacam na história da ciência, como Avicena (Ibn Sina), Averróis (Ibn Rushd) e o persa Al Khwarismi, introdutor do sistema decimal e que deu nome à palavra algarismo.

Até 1938 despertavam um interesse apenas marginal nas grandes potências, mais por sua localização em vias de navegação comercial, mas em março deste ano foi descoberto petróleo na Arábia Saudita e, como em quase todos os lugares em que se acha petróleo, foram criadas imensas fortunas e enormes tragédias.

 Ingleses e americanos fizeram e fazem qualquer negócio pelo controle destes recursos, aliando-se a governantes que lhes sejam favoráveis. Nos anos 50 e 60 temiam os nacionalistas, como o egípcio Nasser, um dos criadores da fugaz República Árabe Unida, que incluía o Egito, a Síria e o Iraque e que nacionalizou o Canal de Suez ou como o iraniano Mossadegh, que não era árabe, mas muçulmano e que foi derrubado pela CIA depois de nacionalizar o petróleo.

 Depois passaram a temer os fundamentalistas islâmicos, mesmo como quando eleitos democraticamente, como na Argélia em 1992 e agora no Egito. Aí apoiaram golpes contra estes governantes, sem se importar com a carnificina, que na Argélia chegou a 150 mil mortos.

A criação de Israel, em território originalmente palestino, foi outro golpe no orgulho árabe que resultou em guerras e terrorismo.

Crises, atentados e guerras se sucedem nesta parte do mundo, guerras entre árabes e judeus, entre o Iraque e o Iran, entre o Iraque e o ocidente, entre os talibãs afegãos e os russos, entre os talibãs e os americanos, revoluções sangrentas em vários países e agora na Síria. A Síria tem um ditador errado, aliado dos iranianos. Se fosse aliado da ditadura saudita, pró-ocidental, tudo bem, mas não é e agora corre o risco de ser derrubado.

A rebelião na Síria já matou cerca de 100 mil pessoas, mas agora um ataque com gás matou mais de mil. Os rebeldes e os Estados Unidos acusam o governo sírio, que rebate dizendo que foram os rebeldes.

Para quem morreu não faz diferença, mas isto pode servir de pretexto para um ataque americano com foguetes. O ataque não pode ser muito devastador, ao ponto de dar a vitória aos rebeldes, onde o principal grupo é ligado à Al Qaeda, inimiga dos americanos e que não pode ganhar e também não deve colocar vidas americanas em risco.

 Se acorrer, segundo Obama, será uma punição e uma advertência aos sírios, mas como nem o ditador nem seus generais serão atingidos, vão ser os sírios comuns que vão queimar e morrer.

 Mas não importa, as tragédias são quase corriqueiras no mundo árabe visto do lado ocidental...


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