quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Tabagismo, atualização e mudanças


Os conceitos e conhecimentos sobre tabaco e tabagismo, há mais de três décadas, saíram das cinzas da omissão proposital e das escassas informações científicas até então geradas, vindo a mudar completamente a atitude de quem realmente cuida da saúde. No entanto, grande parte da sociedade ainda permanece à mercê da falta ou manipulação da informação, do fazer sempre igual e não mudar, ou mesmo de um comportamento de dependência, no caso dos fumantes. Não cabe mais a arcaica concepção de ser o tabagismo um hábito, um charme social, uma forma de ter companhia em situações de solidão, ou mesmo uma opção para enfrentamento das lides diárias. Isto o tabagismo não é!

Deveriam os governos ter tomado enérgica atitude quando se descobriu que a fumaça de cigarros contém mais de 4.700 substâncias químicas, sendo 200 tóxicas e prejudiciais para a saúde, e 50 delas com forte efeito cancerígeno, uma vez que o risco ficou mais do que evidente. Tornou-se injustificável manter no mercado um produto que causa mais de cinquenta doenças graves, principalmente as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) – cardiovasculares (infarto), cerebrovasculares (derrame), câncer (principalmente do pulmão) e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC ou enfisema-bronquite crônica), sendo estas DCNT responsáveis por mais de 60% da mortalidade humana. E o problema é tão mais grave quando se sabe que fumar leva a uma forte dependência química e psicológica que torna difícil a recuperação da liberdade perdida pelo fumante.

E as descobertas não pararam por aí, pois verificou-se que o tabagismo passivo, isto é, a inalação de fumaça ambiental do tabaco, pode ser tão danoso quanto o praticado pelos fumantes, pois as substâncias químicas inaladas são as mesmas. Crianças têm mais infecções respiratórias, asma, otite média, morte súbita do recém-nascido, e adultos têm aumento de câncer de pulmão, DPOC (enfisema), infarto do miocárdio, entre outros. Por isto é que se proíbe fumar em ambientes fechados.

A partir dos anos 80, muitas medidas de controle do tabagismo foram implantadas e, sem dúvida, já se observam resultados favoráveis, pois hoje, no Brasil, existem mais ex-fumantes (26 milhões) do que fumantes (24 milhões), e a percentagem de adultos fumantes que era 34% (1989), atualmente caiu para 15%. Mas, ainda estamos longe do controle necessário para evitar tantas mortes e sofrimento. Então, o que falta? Falta mais vontade política e independência decisória do parlamento para regulamentar a Lei Antifumo (12.546/2011) e não se deixar levar pelas mazelas da indústria do tabaco. Falta um melhor referencial de informações técnicas para subsídio do judiciário para suas tomadas de decisões, por exemplo, quando das demandas indenizatórias por danos causados pelo tabaco. No Brasil, apenas um setor empresarial jamais pagou nada por danos ao cidadão causados pelo seu produto, que sabidamente é o mais lesivo para a saúde e a vida humana: o do tabaco. Isto indica que alguma coisa de muito errada aí existe! Para colaborar mais e cumprir sua missão, dentro da área da saúde e da sua inserção social, a AMB (Associação Médica Brasileira) está lançando o documento “Evidências Científicas sobre Tabagismo para Subsídio ao Poder Judiciário”, que visa a proporcionar uma fonte de dados de referência com base na literatura científica.

Nosso único objetivo é que cada setor revise, atualize e melhore suas informações e que isto resulte numa melhor atuação visando apenas o bem comum, a saúde e a vida!


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