sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Rótulos que colocamos...


Nosso herói do basquete, Oscar após a benção do Papa Francisco, diz: - “Nunca pensei que ia gostar de um argentino”. Um dos meus melhores amigos, quando me apresenta a alguém fala: - “Este é o único argentino que presta”.

Já ouviram os rótulos que os cariocas têm em São Paulo, ou os paulistas em Rio de Janeiro? Pior ainda, os rótulos que os nordestinos possuem em São Paulo ou Rio e vice-versa. Há uma mania de rotular as pessoas que não conhecemos. Dá a impressão que temos medo daqueles com os que não temos intimidade. Após ter falado e olhado nos olhos do desconhecido vemos que não somos diferentes, e o medo vai embora e a empatia aparece. Quando vemos que esse “desconhecido” é igual a nós, pensa igual, passa pelos mesmos problemas, nos ouve e compartilha a comida se transforma em alguém confiável. Sabem por quê?

Porque trocamos olhares, vimos nossas almas através de nosso olhar, tivemos um contato humano, um aperto de mãos, uma mão no ombro, um ouvido atento, uma palavra amável. Tivemos um momento de contato entre seres humanos, houve um entendimento de seres inteligentes. Podemos até discutir amanhã se Flamengo, Vasco, São Paulo, Fluminense, Botafogo, Corinthians, Boca Juniors ou Barcelona é o melhor time, mas temos consciência que estaremos discutindo com alguém igual a nós.

Nas manifestações que temos visto que aparentemente, procuram melhoras para a população podem ser interpretadas como um grito do povo procurando ser ouvido, buscando o diálogo com seus governantes ou como desacatos contra a autoridade constitucionalmente constituída. Acredito que exista um pouco das duas possibilidades, e no meio uma massa que é levada pelos rótulos que aparecem ou são colocados nos outros. Doutro lado encontramos naqueles que detém o poder o mesmo. Alguns são partidários do diálogo e outros são mestres na colocação de rótulos que trocam de acordo aos seus interesses, mas a grande maioria vai atrás.

O maior problema dos rótulos é que agem como defesa e proteção de nossos medos. É fácil rotular de forma genérica às pessoas dependendo de donde são ou da forma  que vivem. É muito difícil etiquetar aqueles que conhecemos, passam a ter um rosto, um nome. Aqueles com os quais trocamos olhares, apertos de mãos, e sabemos seus nomes automaticamente saem da rotulagem porque descobrimos que são iguais a nós, com nossas mesmas necessidades e anseios.

É muito fácil dizer: - Esse povão... Ou: - Essas autoridades...

Geralmente um problema é resolvido quando a parte mais inteligente, ou aquela que se acha mais inteligente estende a mão e diz: - Prazer, vamos bater um papo?

Penso que quando aqueles que nos governam conheçam seu povo, tenham olhado dentro dos olhos daqueles que passam fome, tenham convivido e compartilhado a realidade do Brasil, teremos um país muito mais justo. Sabem por quê? Porque então seremos um país de seres humanos e não de números e estatísticas.

Não é possível comer sendo olhados por aqueles que têm fome. Não é possível, ter um teto quando faz frio e chove encima de tantos desabrigados. Somente aqueles que não têm consciência são capazes de fazer coisas como estas.

E você, meu amigo, o que acha?

Boa reflexão.

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