sábado, 3 de agosto de 2013

O Governo e a formação do médico brasileiro

Qualquer cidadão brasileiro sabe que o atendimento à saúde no Brasil é de péssima qualidade. Assim como muitos sabem que a grande causa deste fato está na falta de investimento do governo na área da saúde.
Porto Alegre não recebe um novo hospital há muitos anos. Ao contrário, muitos fecharam na mais miserável penúria, vítimas da baixíssima remuneração que recebiam pelo atendimento de doentes da rede pública. Os pacientes são empilhados em macas nos corredores lotados dos poucos e insuficientes locais que existem para o seu atendimento. E a perspectiva apenas piora.
Desta forma, o governo federal há muito tempo tem a sua incompetência reconhecida para gerir e resolver a grave situação da saúde. Então, eis que surgem várias propostas dos nossos governantes.
Inicialmente foram os médicos cubanos apontados como a grande solução. Estes profissionais viriam trabalhar em solo brasileiro, atendendo pacientes nas chamadas áreas remotas. O processo de “importação” destes profissionais seria livre de qualquer exame de revalidação e testagem de conhecimentos que adequem minimamente o profissional a trabalhar. Já tivemos experiência no Revalida em que apenas 10% destes profissionais conseguiram atingir o escore necessário para passar neste Exame, demonstrando uma grande insuficiência de conhecimentos destes profissionais. Desta forma estamos legitimando a medicina de segunda linha, para o atendimento de pacientes dentro da ideia de que “qualquer médico é melhor que nenhum médico”. Fica evidente que não podemos compactuar com esta proposta.
Outra solução foi aumentar de 6 para 8 anos o período da formação do médico. Além deste aumento, obrigar o acadêmico a trabalhar em local determinado pelo governo, sem prévia informação e sem esclarecer em quais condições. Com esta proposta, o Governo Federal comete vários desatinos.
Primeiro, interfere de forma absolutamente apressada e sem conhecimento na formação médica. Não abre ao debate e não consulta nenhuma Universidade, ao que sabemos, para decidir por esta proposta. Como será feita a supervisão da atividade deste "médico provisório"?Qual a orientação que vai haver para o jovem colega atendendo em um local remoto, sem recurso tecnológico algum? São muitas perguntas, todas sem reposta.
Associadas a estas medidas o MEC decidiu estimular a criação de novos cursos de Medicina em áreas que existam a necessidade de mais médicos. Resta a questão que nos põe em dúvida, se os locais onde estes novos cursos são carentes em profissionais, quem serão os Professores? Mais ainda, a formação dos docentes destes novos cursos atenderá aos requisitos mínimos como Mestrado e Doutorado para uma adequada formação médica?
Desta forma vemos mais uma vez a oportunidade de resolver a questão da falta de atendimento à população ser desperdiçada. O que tem que ser feito é a instituição de um plano de carreira sério com perspectivas de ascensão aos moldes da carreira judiciária e a melhora da infraestrutura de atendimento à população de todo o Brasil.
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