quarta-feira, 24 de julho de 2013

O povo cubano & Paulo Freire


No interessante trabalho acadêmico “Políticas de Educação Indígena: da tutela à emancipação” o professor Telmo Marcon, da Universidade de Passo Fundo, cita Paulo Freire. Socorrendo-se de trechos do livro “Pedagogia do Oprimido” de Freire ele diz das dificuldades inerentes à questão emancipatória de uma população oprimida.

Ao ler as citações de Freire, lembrei-me de Cuba que voltou à baila por causa da defesa que intelectuais tidos como democratas fazem da ditadura dos irmãos Castro. Vivemos um circo de horrores: o mesmo sujeito que exige ação enérgica da Comissão da Verdade relativamente aos acontecimentos ocorridos na ditadura de 1964 venera o regime tirânico da Ilha. Pode tanto cinismo?

Sem imprensa livre (o modelo cubano de controle dos veículos de comunicação a finada esquerda quer implantar aqui), com partido único, sem parlamento e judiciário independentes, sem direito de livre associação e com um dos mais eficientes aparatos de opressão e lavagem cerebral os Castro criaram uma nano cidadania.

Sob comando pétreo do Partido Comunista (que leva o principio do centralismo democrático – ou seja, a vontade de Fidel – às ultimas consequências) a ilha possui cerca de 30 organizações que controlam os cubanos desde à escola (União dos Pioneiros por Cuba) à velhice. E a mais emblemática dessas organizações é o Departamento de Orientação Revolucionária (DOR), que além de ser responsável pela propaganda tira qualquer duvida sobre o que Fidel espera de seus súditos.

O cubano é criança tutelada por que vive numa ilha, o que dificulta a fuga do mais vulnerável e é controlado por órgãos que exigem sua participação como o Comitê de Defesa da Revolução (CDR – na base de um por quadra); Milícias de Tropas Territoriais (para homens e mulheres com saúde); Brigada de Produção e Defesa (idosos e portadores de enfermidade); Comissão de Prevenção de Delitos; Setores Unidos de Vigilância Pública, Associação de Combatentes da Revolução, Policia Nacional Revolucionária, Tropas Especiais, e outras que o mantém refém do Partido Comunista. Claro, além do Exército e serviço secreto.

Citei isso para chegar ao ponto de Paulo Freire: “Os oprimidos, que introjetaram a sombra dos opressores e seguem suas pautas, temem a liberdade, na medida em que esta, implicando na expulsão desta sombra, exigiria deles que preenchessem o vazio deixado pela expulsão, com outro conteúdo – o de sua autonomia.

 O de sua responsabilidade, sem o que não seriam livres. A liberdade, que é uma conquista e não uma doação, exige uma permanente busca.” Não esqueçam, que a ditadura dos Castro já mais de 50 anos, tempos mais do que suficiente para aprisionamento da mente do povo.

Sigo com Paulo Freire: “Os oprimidos, contudo, acomodados e adaptados, imersos na própria engrenagem da estrutura dominadora, temem a liberdade, enquanto não se sentem capazes de correr o risco de assumi-la. E a temem, também, na medida em que, lutar por ela, significa uma ameaça, não só aos que a usam para oprimir, como seus proprietários exclusivos, mas aos companheiros oprimidos, que se assustam com maiores repressões. (...) A libertação, por isso, é um parto. E um parto doloroso. O homem que nasce deste parto é um homem novo que só é viável na e pela superação da contradição opressores-oprimidos, que é a libertação de todos”.

Assim, seguindo o raciocínio magistral de Freire conclui-se que na prática, quem ajuda o governo de Cuba só prolonga o sofrimento e a humilhação do povo cubano e contribui para perpetuar uma tirania inominável que ainda faz o sonho dos tolos!


 

Comente este artigo.




 

 
 

Um comentário:

  1. É triste mas é verdade, conheci um casal Cubano que estava em asilo político, precisava ver a alegria deles, faço ideia o sofrimento deste povo, forte abraço. O problema é que não vemos solução.

    ResponderExcluir