quinta-feira, 25 de julho de 2013

Educação cristalizada, o que é isso?


Pare para pensar quanto tempo da sua vida você passou na escola. Quantas manhãs geladas precisaram ser encaradas sentado na classe; as tardes de sol deixadas de lado a fim de compreender algoritmos matemáticos e disputas históricas. Daquilo tudo que você estudou, o quanto ainda permanece vivo, aproveitável? No meu caso, não muito. Lembro-me de poucas fórmulas de Física e menos ainda de Química Orgânica.

 Com o tempo esses conhecimentos específicos foram esquecidos, pois se mostraram pouco relevantes na minha profissão; para não dizer inúteis.

 Não sou contra o ensino de conteúdos desta natureza nas escolas, esses conhecimentos específicos são a base para muitas profissões importantes; entretanto, acredito que a escola deveria extrapolar, ir além quando se trata de formar pessoas.

A educação brasileira, e refiro-me estreitamente a fundamental e média, tornou-se refém dos processos seletivos ao nível superior. São anos em frente ao quadro-negro com um único objetivo: vestibular. Sim, existem outros caminhos para ascender ao reino acadêmico, mas o mais comum é por meio da prova.

 Essa maneira pragmática de educar afasta as instituições de ensino de princípios humanos, filosóficos e até morais; criando gerações resistentes a questões sociais e políticas.

Há alguns anos, conta meu pai, havia no Ensino Fundamental as disciplinas de Educação Moral e Cívica e Estudos de Problemas Brasileiros. Como frequentou a escola na década de 1960, em plena ditadura militar, essas matérias eram usadas pelo governo numa tentativa de catequizar os jovens a aceitar o regime totalitário.

 No entanto, se cumprirem o que prometem seus títulos, desvinculadas dos interesses do Estado, ambas são boas opções às escolas contemporâneas, que insistem em criar tecnocratas.

Cogitar a implementação de “novas” disciplinas na estrutura curricular da educação pública nacional parece estar na contramão da realidade do ensino brasileiro. Onerar um sistema afligido por diversas dificuldades que vão desde as péssimas condições de infraestrutura das instituições, passando por baixos salários dos professores e também métodos ultrapassados de ensino, pode parecer supérfluo e até utópico. Porém, não é suficiente aumentar os investimentos na educação - como os 75% dos royalties do pré-sal que serão destinados à área -, se continuaremos formando jovens preocupados com o próprio umbigo.

 Quero dizer, não basta melhorar as escolas e capacitar professores, é preciso mudar a ideologia por trás das instituições de ensino.

Por outro lado, o mercado faz exigências às instituições de educação, clama por profissionais com uma nova dinâmica de trabalho, capacitados para atender às necessidades atuais. Obrigação que recai principalmente sobre os ombros do Ensino Superior, tornando, mais uma vez, a educação escrava de um sistema capitalista, pouco atenta aos anseios humanos.

A educação segue cristalizada, mas o mundo mudou.


È sério meus amigos, mas ele tem razão. Comente.

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