terça-feira, 4 de junho de 2013

Prostituição forçada atinge cerca de 10 mil estrangeiras na Alemanha

Todos os anos, entre 600 e 800 mulheres são resgatadas ou recorrem à polícia na Alemanha, declarando serem vítimas de tráfico humano. Mas esse número parece ser apenas a ponta do iceberg num país em que especialistas acreditam que, atualmente, mais de 10 mil mulheres sejam alvo de prostituição forçada.

Apenas poucas das vítimas conseguem fugir ou se livrar dos algozes. E, como a maioria delas reside clandestinamente no país, elas têm medo de denunciar os abusos e enfrentar a deportação.

A maioria das mulheres traficadas vem da Rússia ou da Ucrânia, mas também da África - especialmente a Nigéria. De modo geral, as mulheres são atraídas para a Alemanha com falsas promessas de empregos, por exemplo em restaurantes ou hotéis, esclarece Anna Hellmann, da Terre des Femmes, uma instituição sem fins lucrativos que defende os direitos das mulheres.
Hellmann explica que, quando as mulheres chegam à Alemanha, têm os passaportes confiscados pelos agenciadores. Em seguida, as vítimas sofrem pressão psicológica e física e são obrigadas à prostituição.

Em alguns casos, as meninas são mantidas em cativeiro no mesmo quarto por dois ou três anos seguidos, diz a conselheira na organização Solwodi de direitos das mulheres, Gerlinde Matusch, que mudou o nome para falar com a Deutsche Welle. Matusch não teme por si mesma, mas pelas garotas que acolhe, já que os cafetões podem, por ela, chegar às jovens que fugiram. "Essas mulheres são controladas o tempo todo", diz Matusch. "Durante o dia elas são obrigadas a receber homens em seus quartos, e à noite são levadas a bordéis, ou a clientes particulares."

DENÚNCIA
Depois do resgate, começa o segundo martírio das vítimas, já que, prioritariamente, as autoridades veem as mulheres como imigrantes ilegais que podem ser deportadas para o país de origem.

Essa ameaça aumenta a pressão dos agenciadores, segundo acreditam os ativistas da Terre des Femmes: as mulheres acabam ficando em silêncio e permanecem submissas aos algozes. Por isso, a ONG luta para que o governo alemão conceda o direito de residência permanente às vítimas de tráfico humano e da prostituição forçada.

Mas a lei de imigração impõe diversos obstáculos, destaca Anna Hellmann. "Elas são autorizadas a ficar na Alemanha até o final do julgamento apenas se concordarem em testemunhar formalmente contra os criminosos."

Mas são poucas as mulheres que têm coragem de depor, diz Matusch, da organização Solwodi. Muitas das meninas que buscam aconselhamento na associação têm apenas 18 ou 19 anos, quase não falam alemão e aparecem totalmente intimidadas, afirma a ativista. Muitas vezes, as vítimas nem sabem o endereço onde foram mantidas em cativeiro.

A ONG fornece apoio e orientação até que elas se recuperem. "Essas mulheres quase não conseguem admitir para elas mesmas o que aconteceu, então é claro que não conseguem falar sobre isso com outras pessoas. Demora até que elas consigam contar sobre o passado", acrescenta Matusch.


Fonte: Ag. Brasil.

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