domingo, 23 de junho de 2013

Homossexualidade & coisas da vida

A questão da homossexualidade está em pauta de modo intenso.

Nada a estranhar se levarmos em conta que a sexualidade em geral entrou no rol das preocupações dos indivíduos há mais de dez mil anos ao surgir a propriedade privada da terra com a revolução agrícola nasce o costume de estabelecer claramente a paternidade dos filhos, o que muda radicalmente o modo de homens e mulheres se relacionarem sexualmente: o homem seguiu solto e na mulher foram postos freios.

Desde então, com maior ou menor grau de intensidade, aspectos ligados ao sexo – homossexualidade, virgindade, masturbação, poligamia, etc. – sempre foram motivos de acirradas discussões, violentas campanhas e esfarrapadas desculpas para atrocidades.

Nada é pacifico quando se trata de sexo. O que é tido como normal num lugar é demonizado em outro e, adiante, o mesmo procedimento pode até ser santificado. Sobre homossexualidade, então, a coisa é mais complicada.

Quando falamos de sexo entramos na seara mais complexa da humanidade. Primeiro, porque um mundo em movimento produz “carradas” de mudanças constantes para as quais as pessoas se posicionam de modo diferente ao recebê-las e sexo não está fora disso. Segundo, como relata o historiador Peter N. Stearns, porque “religião e sexualidade sempre estiveram intimamente relacionadas. Muitas das primeiras sociedades humanas equiparavam experiência sexual e religiosa”.

Mais: Platão, por exemplo, citado por Stearns, “defendia ser mais provável que o amor sério surgisse entre dois homens, um mais velho e um mais jovem, e não entre homem e mulher, porque era modalidade que podia envolver um mistura se sexo e interessante conversação intelectual”.

 Platão foi duríssimo com as mulheres! Por sua vez, Fidel Castro, esse tirano que tomou conta da Ilha de Cuba defendia com todas as letras que “um homossexual não podia ser um revolucionário”. Junto com Guevara ele até criou locais de confinamento para eles. Em Havana os cubanos cochichavam (não conheço muito do mundo, mas acho que essa é a cidade onde mais se cochicha) que Fidel fica possesso com quem insinuar que o irmão Raul se esconde num armário.

Além de estar em pauta a homossexualidade desperta estranhas paixões. É raro encontrar interlocutor que consiga falar com serenidade. Mas eu tenho me perguntado, sem obter resposta consistente: “por que é de meu interesse querer determinar o que outra pessoa faz com seu corpo quando se trata de sexo?” Ou, ainda: “por que fico abalado com o que outra pessoa deseja fazer, sexualmente, com seu corpo?” Ou ainda: “quem sou eu para impor regras aos outros sobre como devem utilizar seu corpo?”

E faço a pergunta por singelas razões. Tenho a impressão, por exemplo, que toleramos muito mais a existência da violência de gênero do que o fato de um homem se relacionar sexualmente com outro, ou uma mulher se relacionar sexualmente com outra mulher. Ainda mais tenebroso: não temos usado o mesmo tom para romper com o complacente silêncio que faz pedofilia uma fábrica de eterno sofrimento.

Poderia citar outras chagas entre nós para as quais não nos revoltamos com a mesma intensidade como o índice de homicídios, mas fico com essas duas chagas por serem as que mais prolongam o sofrimento das pessoas.

Tem mais, a forma como colocam Deus nessa discussão faz Dele um ser perverso, o que contraria a totalidade dos ensinamentos, sejam eles sobre Javé, Alá ou Tupã! Os autodenominados porta-vozes de Deus deveriam modular melhor suas manifestações nessa questão.


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Um comentário:

  1. Pra muitos esse texto pode parecer absurdo,mas acho que faz todo o sentido...!!Porque ficamos tão revoltados quando vemos dois homens ou duas mulheres juntos?é algo sujo sentir atração?é pecado ter sentimentos?ou errado?ou será que o errado é matar alguem?se sentir superior?roubar ou maltratar?Assunto discutível...

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