Ser dono de si mesmo não é se curvar
ante o vento que sopra nem aos vendavais arrasadores. Embora a influência de
tudo à volta é sempre possível marcar presença, fazer a diferença, deixar boas
impressões, modificar para melhor: ambientes, pessoas e situações.
É comum encontrarmos aqueles que se
colocam à mercê da incúria dos ventos que sopram. Enrolados, sujigados pelo
crespar das ondas clamam peito à dentro: “ essa situação me descontrola, não
sou dono de mim....” Desabam no autodomínio, perdem-se na interrelação.
Imputar culpas às circunstâncias e aos
outros também é lugar comum. A vitimização ganha espaço, a menor valia torna-se
moeda forte. As pessoas contabilizam dores, conflitos não resolvidos e se
vestem de penas e lamúrias. Qual a possibilidade de mudar esse cenário?
Diz-nos Emmanuel, no livro Vinha de
Luz, através da psicografia de Chico Xavier, que “ no vasto caminho da Terra,
cada criatura procura o alimento espiritual que lhe corresponde à posição
evolutiva.
“A abelha suga a flor, o abutre reclama
despojos, o homem busca emoções. Mas, ainda mesmo no terreno das emoções, cada
espírito exige tipos especiais.”
Que tipo de alimento você tem buscado
para saciar a fome de aconchego e luz? Que caminhos demarcam sua trajetória
rumo ao encontro consigo mesmo? Não há dúvida, a viagem que empreendemos a cada
vida nos leva sempre ao porto de espera pelo encontro conosco mesmos. Encarar a
vida com seriedade e comprometimento exige mais que coragem. Requer grande dose
de humildade para poder, às vezes, voltar atrás e refazer planos. Reiniciar a
trama com um novo olhar. Permear de misericórdia atos e intenções. Abrir-se
para a possibilidade de mais doar que receber.
Essas facetas do crescimento interior
falam de necessidades esquecidas ou abandonadas ao longo da jornada: saber
ouvir; saber calar; saber dizer o que convém na hora certa. Saber agir fazendo
o melhor e mais oportuno para o momento. Trocando em miúdos: ser educado.
Condução de dentro para fora, transformando a inteligência com a elevação do
coração, visando o aperfeiçoamento íntimo para o bem de todos.... a começar
pelo próprio bem, é claro!
O respeito próprio, acrescido do respeito
ao outro é tema de várias filosofias. Na Grécia antiga, Platão recomendava às
famílias cuidados extremados para com os idosos. O talmude judaico é rico de
normas básicas para a interrelação e bons hábitos. Orientações que extrapolam o
tempo, despertam o ser humano para a valorização de si mesmo, de seu povo, sua
cultura, sem cair nos desmandos da impiedade ou do extermínio de seus iguais.
Desde a antiguidade comportamentos
adequados povoam o imaginário de todos que se ligam ao bem estar, à saúde, às
relações pacificadoras. Através das civilizações, manuscritos e compêndios
buscam inserir e adequar normas de boa conduta entre indivíduos, povos e
nações. O primeiro registro que se tem notícia, sobre o assunto, encontra-se na
Biblioteca de Nova York. Trata-se de um papiro egípcio datado de 2.500 a.C, com
as “instruções de Ptah-hotep” para a importância e a abrangência dos valores
éticos e morais.
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