sábado, 16 de fevereiro de 2013

O direito de não morrer (antes da hora)

Não basta existir a determinação legal garantidora da liberdade do cidadão O direito de ir e vir, vigente desde a Grécia e a Roma Antiga e integrante da atual Constituição Brasileira - que no inciso XV do artigo 5º, estabelece “É livre a locomoção no Território Nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens" - está cada dia mais ameaçado em nosso país.
 
Ao não conseguir fazer cessar os ataques do crime organizado, e ter de aceitar que a partir de agora os ônibus deixem de circular e, por isso, ser obrigado a suspender as aulas no período noturno, o Estado de Santa Catarina deixa de garantir o ir e vir de seus cidadãos.
 
E o mesmo ocorre em São Paulo, Rio de Janeiro e outras unidades da Federação onde as pessoas são assassinadas pelo simples fato de se encontrarem na rua ou em locais de frequência pública. Não basta existir a determinação legal garantidora da liberdade do cidadão.
 
O Estado, como instituição, tem o dever de manter o ambiente suficientemente seguro para a população fazer sua vida, produzir e, cada um, oferecer sua contribuição para o desenvolvimento nacional. Os poderes públicos foram criados e arrecadam tributos para o custeio dos serviços comuns a todos. Os governos, dentro de uma escala de obrigações estabelecidas em lei, têm a tarefa de manter a segurança pública, realizar serviços sociais e conservar em funcionamento o vasto conjunto de órgãos e repartições criado com finalidades específicas.
Quando não o fazem, estão descumprindo suas finalidades e não têm razão para continuar. O que ocorre agora em Santa Catarina, São Paulo, Rio e em outros estados, onde grupos (criminosos ou não) insistem em confrontar o poder estatal, é inadmissível.
 
Desde a redemocratização, iniciada nos anos 1970, o Brasil tornou-se uma grande casa da mãe joana onde, em razão da maldita reeleição e outros interesses, as autoridades e pseudolideranças, para se parecerem democráticas, abrem mão de princípios que, independentemente do regime, são inegociáveis. As forças de segurança, por exemplo, têm um papel a cumprir, sem qualquer conotação ideológica.
 
Mas esse papel multas vezes é negligenciado porque o governo “é democrático”. Com isso, as facções, milícias, quadrilhas e esquemas criminosos crescem e desafiam o poder constituído. O Estado é leniente e o povo vitima.
 
Senhora presidente, senhores governadores. Por favor, ajam (ou reajam) em nome da democracia. O povo não aguenta mais ser desrespeitado naquilo que é mais caro e básico na vida de cada indivíduo: o direito de ir, vir, viver, estudar, trabalhar, progredir e não morrer antes da hora...
 
 
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