quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Saudade, o mais brasileiro dos sentimentos

No dia 30 de janeiro celebra-se o Dia da Saudade, sentimento que serve para mostrar que estamos vivos e que tudo que vivemos foi válido
“Saudade amor, que saudade
Que me vira pelo avesso, e revira meu avesso
Puseram uma faca no meu peito
Mas quem disse que eu te esqueço
Mas quem disse que eu mereço.” Dona Ivone Lara, sambista.

Saudade, do latim solitate, que na tradução literal significa solidão, existe apenas em uma única língua, a portuguesa. No entanto, a saudade significa mais do que solidão. Saudade é a falta de algo ou alguém, é a nostalgia do passado. Ou, como está definida no dicionário, saudade é a lembrança melancólica e, ao mesmo tempo, suave, de pessoas ou coisas distantes ou extintas.

No dia 30 de janeiro no Brasil é comemorado o Dia da Saudade. Essa expressão tão brasileira está presente na vida de todas as pessoas, de alguma forma. Mas falaremos da saudade de quem está longe das terras brasileiras, como a estudante do curso de teatro da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Monique Carvalho, de 22 anos, intercambista pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em Coimbra, Portugal, há cinco meses.

Longe de casa
Monique, como a maioria dos brasileiros que estão longe de suas casas, relata sobre o sentimento ao estar longe de sua terra. “Sinto falta de tanta coisa, mas principalmente a saudade dos amigos e da família. Sinto falta da rotina que eu tinha aí, onde eu fazia tudo que eu mais gostava de fazer, pois aqui, querendo ou não, é diferente. Sinto saudade do feijão e dos peixes que minha mãe fazia. Sinto vontade de comer açaí com paçoca, que não tem aqui. Sinto falta das festas brasileiras, com músicas brasileiras.”

E para driblar a saudade de casa, Monique acrescenta: “primeiramente, eu evito ficar sozinha e os amigos me ajudam muito nisso. Tenho tentado fazer muitas coisas ao mesmo tempo, pois tento deixar minha mente ocupada, para que o assunto não me venha à cabeça, pois quando vem... vem! Muitas vezes é na hora de dormir que os pensamentos têm liberdade, que geralmente o Brasil me vem à mente”. O jeito é aceitar que a saudade existe e quando ela vem, ou curtimos a nostalgia, ou tentamos achar um jeito de nos esconder dela por alguns instantes.

A companheira
Na música, a saudade é um belo instrumento para compositores, não faz mal algum, e eles esbanjam melodias onde a protagonista é a nossa “companheira” saudade. Mestres como Vinicius de Moraes e Tom Jobim compuseram um hino à lembrança em Chega de saudade, onde cantam: “Chega de saudade/A realidade é que sem ela não há paz/Não há beleza/É só tristeza e melancolia/Que não sai de mim, não sai de mim, não sai”.

Para quem está fora do país, longe da família e dos amigos, a certeza de que a saudade tem data para acabar é algo que ajuda muito as pessoas a aguentar esse sentimento tão belo e ao mesmo tempo dolorido, que nos mostra através da famosa “sensação de vazio no peito” o que realmente importa e o que mais nos faz falta no cotidiano. “A perspectiva da volta ajuda bastante, só de saber que vamos ver a família e os amigos em breve, a saudade já diminui e nos acostumamos com ela”, desabafa Lucas Galho, de 25 anos, colega de Monique.

A saudade está aí para quem tem sentimentos. Mesmo que seja a pessoa mais racional do mundo, ela também sente ou já sentiu saudades. É um sentimento que não livra ninguém. Simplesmente acontece. Ela serve, na maioria das vezes, para mostrar que estamos vivos e que tudo que vivemos foi válido. Como diz o escritor espanhol Carlos Ruiz Záfon, “só existimos enquanto alguém nos recorda”.
Por: Mayara Fernandes.
Gostou do texto? Comente, participe....
 


Um comentário:

  1. Uma vez eu li uma frase, da qual, infelizmente desconheço o autor, e que cai bem neste assunto...

    " Saudade é a consequência de ter vivido momentos incríveis."

    Até mais...
    http://http://bomhumor-inabalavel.blogspot.com.br/

    Lídia (:

    ResponderExcluir