Um país africano, Mali, está
ocupando espaços nas editorias internacionais, em função da intervenção militar
francesa, no país que já foi sua colônia. O governo socialista (?) de François
Hollande tem apoio de outros integrantes da Organização do Tratado do Atlântico
Norte (Otan).
O secretário da Defesa dos EUA,
Leon Panetta, confirmou o que se sabia, ou seja, que os EUA colocaram à disposição dos franceses o setor de inteligência. Já o Canadá, a Bélgica, a
Dinamarca e a Alemanha também apoiaram, publicamente, a incursão francesa,
prometendo apoio logístico no esmagamento dos rebeldes.
Em suma, tudo como em outros
momentos históricos de intervenções do Ocidente, em países do chamado Terceiro
Mundo, com o apoio de governos que não primam pela defesa da soberania.
Há pouco tempo, também, a
pretexto de intervenção humanitária, a Otan interveio na Líbia e hoje este país
africano recuou no tempo, retornando ao nível dos anos 50, quando um preposto
do Ocidente, o corrupto rei Idris, detinha o poder.
Os tempos hoje são outros, mas o esquema colonial, guardando-se as devidas
proporções de tempo e especificidades locais, para não falar da cobertura da
mídia de mercado, utiliza métodos da época em que o mundo era outro mundo e nem
todas as colônias já estavam, formalmente, independentes.
No caso de Mali, a pretexto de
combater forças terríveis, entre as quais grupos terroristas muçulmanos, o
governo francês mandou para lá, inicialmente, 750 soldados, mas já admitiu o
envio próximo, de mais 2.500 para dar conta do recado.
Hollande estava mal nas pesquisas de opinião
pública, mas agora os percentuais lhe são favoráveis. De um modo geral, os
franceses estão sendo apresentados como heróis, da mesma forma que outras
forças militares invadindo ou bombardeando países.
Desta vez, a França teve apoios,
sem vetos, do Conselho de Segurança da ONU. Rússia e China, ao contrário do que
acontece na Síria, simplesmente, lavaram as mãos, ou seja, deram o aval para a
intervenção, como fizeram com a Líbia ao se absterem na aceitação da proposta
de criação de uma zona de exclusão aérea.
Para os analistas, pesa na
balança o fato de Rússia e China não terem tantos interesses em jogo como na
Líbia, embora Mali seja uma nação rica. No cobiçado Mali, tem ouro abundante,
inclusive com sete minas em operação, sendo a terceira reserva do continente
africano. E ouro é ouro. Tem, também, urânio e diamantes, para não falar do
manganês e da bauxita, entre outras riquezas do gênero e mesmo, alguma reserva de petróleo. Por muito menos,
ex-colônias de países europeus que, hoje, atravessam dificuldades, sofreram
intervenções militares sob os mais variados pretextos.
Mas para a mídia de mercado, nada disso conta, prevalecendo para o setor apenas a visão do gênero pensamento único, isto é, que a França decidiu intervir a pedido do governo local e com o objetivo humanitário. Pode até, eventualmente, alguém aceitar o argumento, mas o que não se deve ignorar são as riquezas encontradas em Mali. E não se deve esquecer da cobiça internacional.
Mas para a mídia de mercado, nada disso conta, prevalecendo para o setor apenas a visão do gênero pensamento único, isto é, que a França decidiu intervir a pedido do governo local e com o objetivo humanitário. Pode até, eventualmente, alguém aceitar o argumento, mas o que não se deve ignorar são as riquezas encontradas em Mali. E não se deve esquecer da cobiça internacional.
Seja qual for o desfecho da
incursão francesa, é preciso que a opinião pública seja informada e com as
sutilezas que estão sendo mais uma vez postas de lado.
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