sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

País rico e cobiçado


Um país africano, Mali, está ocupando espaços nas editorias internacionais, em função da intervenção militar francesa, no país que já foi sua colônia. O governo socialista (?) de François Hollande tem apoio de outros integrantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).        

O secretário da Defesa dos EUA, Leon Panetta, confirmou o que se sabia, ou seja, que os EUA colocaram à disposição dos franceses o setor de inteligência. Já o Canadá, a Bélgica, a Dinamarca e a Alemanha também apoiaram, publicamente, a incursão francesa, prometendo apoio logístico no esmagamento dos rebeldes.        

Em suma, tudo como em outros momentos históricos de intervenções do Ocidente, em países do chamado Terceiro Mundo, com o apoio de governos que não primam pela defesa da soberania.        

Há pouco tempo, também, a pretexto de intervenção humanitária, a Otan interveio na Líbia e hoje este país africano recuou no tempo, retornando ao nível dos anos 50, quando um preposto do Ocidente, o corrupto rei Idris, detinha o poder.         Os tempos hoje são outros, mas o esquema colonial, guardando-se as devidas proporções de tempo e especificidades locais, para não falar da cobertura da mídia de mercado, utiliza métodos da época em que o mundo era outro mundo e nem todas as colônias já estavam, formalmente, independentes.        

No caso de Mali, a pretexto de combater forças terríveis, entre as quais grupos terroristas muçulmanos, o governo francês mandou para lá, inicialmente, 750 soldados, mas já admitiu o envio próximo, de mais 2.500 para dar conta do recado.

 Hollande estava mal nas pesquisas de opinião pública, mas agora os percentuais lhe são favoráveis. De um modo geral, os franceses estão sendo apresentados como heróis, da mesma forma que outras forças militares invadindo ou bombardeando países.        

Desta vez, a França teve apoios, sem vetos, do Conselho de Segurança da ONU. Rússia e China, ao contrário do que acontece na Síria, simplesmente, lavaram as mãos, ou seja, deram o aval para a intervenção, como fizeram com a Líbia ao se absterem na aceitação da proposta de criação de uma zona de exclusão aérea.        

Para os analistas, pesa na balança o fato de Rússia e China não terem tantos interesses em jogo como na Líbia, embora Mali seja uma nação rica. No cobiçado Mali, tem ouro abundante, inclusive com sete minas em operação, sendo a terceira reserva do continente africano. E ouro é ouro. Tem, também, urânio e diamantes, para não falar do manganês e da bauxita, entre outras riquezas do gênero e mesmo, alguma reserva de petróleo. Por muito menos, ex-colônias de países europeus que, hoje, atravessam dificuldades, sofreram intervenções militares sob os mais variados pretextos.        

Mas para a mídia de mercado, nada disso conta, prevalecendo para o setor apenas a visão do gênero pensamento único, isto é, que a França decidiu intervir a pedido do governo local e com o objetivo humanitário. Pode até, eventualmente, alguém aceitar o argumento, mas o que não se deve ignorar são as riquezas encontradas em Mali. E não se deve esquecer da cobiça internacional.        

Seja qual for o desfecho da incursão francesa, é preciso que a opinião pública seja informada e com as sutilezas que estão sendo mais uma vez postas de lado.        
 


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