quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

"Fazer de conta"...


Será bom viver no mundo “faz de conta”? Sabemos que existe uma realidade, mas fazemos de conta que não é com a gente, nos refugiamos no nosso mundo “faz de conta” e tudo bem. Durante minhas férias não deixei de ler o jornal, é um vício que não consigo evitar. Apesar dos jornais também terem seu próprio mundo “faz de conta”, pelo menos há notícias que devem publicar.

Quando leio que os médicos plantonistas faltam, pergunto-me: Qual é a novidade? Desde sempre isso acontece e está acontecendo neste momento. Vivemos no mundo do faz de conta que temos um sistema de saúde. Ao ver uma manchete (uma de tantas) sobre assassinato e as declarações dos secretários de segurança que os assassinos serão capturados e punidos percebo nosso mundo “faz de conta”. Quando o secretário de segurança não consegue mais manter essa estória da segurança “faz de conta”, a solução é rápida, troca-se o secretário de segurança. Desta forma o que é importante se mantém. O mundo “faz de conta” continua.

Também li que alguns dos condenados pelo mensalão afirmam sua inocência e continuam ocupando e assumindo cargos no mundo “faz de conta”. E o que é mais incrível são os jantares de coleta de dinheiro para que os condenados possam pagar as multas que a justiça lhes impôs.

Os prefeitos e vereadores eleitos aumentam seus salários nas prefeituras “faz de conta” que há dinheiro, mas os habitantes ficam sem educação, sem saúde, sem esgoto, sem coleta de lixo, sem transportes decentes e/ou proteção de encostas ou pontes que foram destruídos.

No mundo de “faz de conta” o governo federal manda dinheiro todos os anos para resolver os problemas causados pelas inundações e enxurradas no Rio de Janeiro. No mundo real nada muda porque se resolvemos esses problemas em 2014 não teremos a ajuda de Brasília. No mundo real algumas pessoas morrem, casas são destruídas, milhares ficam desabrigados. No mundo “faz de conta” mais trabalho para as empreiteiras, mais minutos na televisão mostrando a preocupação dos políticos em resolver os problemas.

Entendo a necessidade do “faz de conta”, porque imaginem o que aconteceria se resolvêssemos os problemas de uma vez, que seria das pessoas que se preocupam com nosso bem-estar, nossa educação, nossa saúde. Quem tomaria conta de nós no mundo real? Nós mesmos. É o que a gente faz todos os dias. A menos, lógico, que também vivamos no mundo do “faz de conta”, nesse caso necessitaremos sempre de alguém que tome conta de nós.

E você meu amigo leitor vive no mundo real ou no “faz de conta”?


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Um comentário:

  1. Gostei muito do texto. Realmente parece que existe a necessidade desse "faz de conta" permanecer. Talvez se um dia conseguíssemos resolver todos esses problemas o que seria de nós!!!
    A sociedade parece que desde a infância do ser humano procura formar um indivíduo sem autonomia, sendo protegido por pais, professores Estado, Deus, enfim não existe a autonomia do indíviduo em resolver suas questões.. Seria isso um dos motivos do faz de conta ter tantos adeptos???

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