segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Dependente ou Independente! Como você está?



Começando pelo começo... Eu por muitos anos de minha vida estudei a dependência química, foram muitos anos de convivência com esta doença, a dependência, e com isso muita aprendizagem. Sempre atenta a tudo, sempre fiquei muito intrigado com relação à DEPENDÊNCIA, isso porque fui percebendo que não verificava os sintomas apenas nos dependentes químicos ou sexuais, percebia os mesmos sintomas em situações de pessoas para pessoas. Você deve estar se perguntando como assim? Vamos então a uma simulação:


Monicazinha se diz apaixonada por Eduardinho, diz que não consegue viver sem ele e que o fato dele não querer mais o relacionamento a deixa um tanto nervosa, ansiosa, angustiada. Passa o dia inteiro pensando em Joãozinho, em como ter o mínimo de atenção dele e passa a fazer de um tudo para ter um tico desta atenção.

Eduardinho por sua vez, já esta em outra situação,(isso nas melhores das hipóteses, pois ele pode usar dela para se sentir amado), como sempre recebe noticias dela, por ela mesma, resolve então uma vez a cada tempo (indefinido) responder.

Monicazinha sofre, mas sofre por demais, chora, fica inquieta, ansiosa, treme. Quando um dia Joãozinho aparece, mesmo que num mísero telefonema para falar "oi", Monicazinha fica outra, alegre, desperta, saciada. O tempo passa e ela vai perdendo esta motivação na espera de um novo "aparecer" de Eduardinho que não aparece, daí que todo o sentimento de muita angústia, desespero, toma conta dela novamente... E por aí segue nova espera com puro sofrimento.
Aqui contei uma breve historinha, historinha essa que com outras nuances e particularidades muitas pessoas passam.

Entendemos que esta pessoa tem sintomas muito semelhantes a de dependentes químicos, que quando tem acesso as drogas, naquele exato momento ficam saciados para depois logo estarem sedentos novamente pela droga. Monicazinha fica igualmente sedenta e quando tem Joãozinho fica se sentindo saciada, mas logo depois tudo volta a ser de uma angustia imensa ate a próximo contato com Eduardinho, a droga dela.

A nossa personagem passará a condicionar seu comportamento sempre de modo a obter a aprovação daquele a quem ela formou este elo dependente. Ainda em casos mais graves, vemos Monicazinhas submetendo-se a humilhações, abusos, explorações e toda sorte de desrespeito, simplesmente para garantir que o ser amado (será amado mesmo?) não a abandone.

Quando uma pessoa se encontra nesta situação vamos percebendo que elas não passam pelo tempo da "síndrome de abstinência" ou quando estão exatamente nela, pelo sofrimento, angustia etc., elas recorrem a Joãozinho, e prometem que só aquele contato já será esclarecedor e "nunca mais falara ou seguira as sombras de Eduardinho ", vejam: "Nunca mais", "esta foi a ultima vez", sentenças bem conhecidas e discursadas na dependência química, "só um ultimo gole (contato)", passando ai a uma ilusão de permanência. Com muito trabalho é que esse "nunca mais" será um "NUNCA MAIS".

A compulsão em buscar o objeto de dependência, muitas vezes ou na maioria das vezes, é maior, é como se Monicazinha, ali acima, acredita-se que Joãozinho a iria preencher, e nunca mais ela precisaria dele... Ilusão de Monicazinha... O desconforto logo virá e, ela possivelmente não será capaz de segurar a obsessão, não segurara a síndrome de abstinência. Quando um dependente químico em tratamento tem suas recaídas, ele possivelmente recai na síndrome de abstinência, pois sintomas físicos, psiquicos são muito intensos e para ter sua doença em controle ele precisa passar pela síndrome de abstinência.

Monicazinha quando não tem nenhuma noticia de Eduardinho, fica sem sono, irritada, ansiosa, com sintomas depressivos, distúrbios alimentares onde ou come muito ou não come nada, desiludida da vida e por aí vai... Tal qual na dependência química.

Portanto Monicazinha, na verdade, não ama Eduardinho, mas, esta dependente do afeto, de Eduardinho... duro, mas acontece muito e, pode ter certeza dói e dói muito para ela como para qualquer tipo de dependência.

Quantas pessoas você conheceu que passam por isso? Quantas vezes você já falou paras as Monicazinhas da vida: "esquece este cara". Não é tão simples, pois Monicazinha esta doente e o que ela precisa mesmo são de tratamentos porque assim como o dependente químico, cujo organismo se desestrutura quando lhe é retirada a droga, o equilíbrio emocional do dependente afetivo entra em pane quando ele é afastado da pessoa de quem se tornou dependente.

Inicialmente Monicazinha não sabe que esta doente. Será com tratamento que ela poderá reconhecer que esta doente. Estas pessoas, dependem de afeto, possuem uma imaturidade emocional significativa, uma baixa tolerância ao sofrimento, à frustração, a mesma que está presente na vida dos dependentes químicos de modo geral.

Possivelmente a base desse transtorno está uma profunda carência afetiva, uma falta de nutrição emocional que se originou em sua história de vida, portanto aí é que entra a psicoterapia...

Monicazinha precisa aprender que quanto maior for nossa habilidade de vivermos bem sozinhos, mais preparados, organizados, arranjados estaremos para a convivência com o outro.

Por Walnei Arenque.

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sábado, 28 de janeiro de 2012

Sobre o Cérebro Quântico





Quando recentemente o Dalai Lama esteve nos visitando, divinamente pregou a prática da meditação como cura para diversos estados de mal-estar da existência, bem como uma via para a transcendência. Ensinou-nos que o estado meditativo mediante a prática intensa tende a promover estado mental e de alma diferenciados. Como resultados obtidos, visão de mundo, de realidade, de si mesmo e de status espiritual alcança qualidade positiva de consciência bastante singular. E, por fim, começo de tudo, felicidade e tranqüilidade inatas estabelecem-se no agora absoluto dos praticantes.

Observando estes preceitos, tive a grata surpresa de me encantar com as observações de um neurocientista (infelizmente não me recordo o nome) que ouviu o Dalai Lama. Este conclui que o estado cerebral meditativo obtido por intenso treino ensina e doutrina o cérebro no melhor sentido, a funcionar em determinados padrões de ondas mentais. Estado este, também pesquisado no ocidente e utilizado, por exemplo, para determinar rebaixamento de pressão arterial e em programas de feedback visando promoção de saúde nas mais diversas áreas.

Outra pesquisa interessante é que este mesmo estado de ondas e conexões cerebrais podem ser alcançadas quando rezamos e mesmo quando estamos em contato com algo que nos leva a sentimentos de religiosidade. O estado de espírito propício para estas vivências podem advir desta situação cerebral. Como conseqüência deste tipo de experiência positiva, o bem-estar mental alcançado pela oração pode levar o indivíduo a se programar rezar todas as manhãs promovendo alteração em suas conexões cerebrais. A qualificação que damos a este estado cerebral alcançado é pessoal, neste caso, vai pelo assunto religiosidade.

O fato explanado pelo neurocientista é de que nosso cérebro, nossas mentes são obedientes aos nossos mandatos e treinos. Se nos treinamos neste estado cerebral meditativo, para o oriente, ou de relaxamento, para o ocidente, nossa atividade neuronal se direcionará para o padrão de resposta e sensações repetidamente desenvolvidos para determinado objetivo proposto.

Consciência, foco, determinação e ritmo são regras básicas para nos constituirmos em tudo que intencionarmos. O estado meditativo é apenas um exemplo de como isso pode ocorrer com maestria. Podemos efetivamente mudar padrões em todas as áreas das nossas vidas. Basta exercitar a fórmula mágica de repetição, foco e consciência no que se faz, inclusive, para sairmos do piloto automático e deixarmos definitivamente de sermos robôs de nós mesmos, resultados passivos de uma história de vida que nos molda e que nos moldou muitas vezes à nossa revelia.

Tive um paciente de 25 anos, que por conta de sua história de vida, toda vez que tinha que se levantar para trabalhar, acabava perdendo a hora e dormindo. Resistia em se tornar adulto. Para ele, a transição mostrava-se penosa. Embora o seu Eu adulto quisesse trabalhar, sua Criança interior resistia em se acoplar a sua totalidade dando-lhe criatividade e impulso de vida. O problema é que a repetição do sono pela manhã envolveu seu cérebro num padrão repetitivo de letargia.

Você deve estar se questionando o que fizemos para mudar este padrão cerebral. Instalamos nele um novo padrão reflexivo, que penso ser algo semelhante, se não igual, ao estado meditativo cultuado pelo oriente. O cérebro dele passou a funcionar no circuito EMDR de cura emocional.

De acordo com a teoria acima, entendo que o cérebro de quem constantemente faz EMDR se treina neste estado ágil de reflexão e de solução de conflitos. Se não resolve por si ao longo do dia, faz as conexões para que a sessão terapêutica seja altamente eficaz e rápida. Com a prática, as conexões cerebrais mudam o foco para desenvolvimento e aprimoramento de si e auto-superação.

O estado mental da meditação, relaxamento, religiosidade é o mesmo, mas a crença e foco que colocamos nele é o que faz a diferença nos objetivos conquistados. Se atribuirmos um valor religioso para este estado, está tudo certo; se atribuirmos a intenção de baixar a pressão, funcionará também e se focarmos na cura emocional, o cérebro também estará apto ininterruptamente para este estado de desenvolvimento.
E você? Já parou para perceber se está na repetição de situações indesejáveis? Se, sim, fará algo respeito? Agora você já tem o conhecimento de que tudo pode mudar e você tem opção, pode escolher.



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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Lições para nossa vida...

Você passa a vida inteira ouvindo tudo que deve fazer de correto, mas sem nenhuma explicação convincente, você mete os pés pelas mãos e deixa tudo em volta com pegadas de quem acabou de chegar de um dia lamacento. 

Pois bem, tente aprender algumas lições enquanto você estiver respirando, porque facilita pra todo mundo e ainda mais pra você. A primeira delas é sobre sua saúde. Todo mundo recomenda, todo mundo deseja, e talvez você deseje a si próprio, mas se entope de doces, não faz nem quinze minutos de caminhada por dia, bebe que nem um porco, fica sem ir ao dentista por oito anos.

Só que um dia a conta chega. E você já ouviu dizer que aqui se faz, aqui se paga. Talvez em outro contexto, mas no final dá no mesmo. Muito justo se quem tivesse que pagar pelo que fez com seu corpinho fosse você e ninguém mais. Acontece que o ônus nem sempre é só seu. 

Entupindo suas artérias de torresmo e seus pulmões de nicotina, é bem provável que a conta sobre, injustamente, para mais alguém. E tudo porque a sua estupidez e o seu egoísmo natural não permitem que seu sofrimento seja só seu. Precisa ser da família inteira. Feio, né? 

Não desfaça das pessoas que estão ao seu lado. Se elas estão ali é porque gostam de você. Para que então, ser grosseiro ou fazer uma brincadeira que só você acha graça? Seja gentil e preserve a educação básica. Se ainda não sabe como, compre um livro e aprenda o mais rápido possível. 

Não seja idiota. Não ridicularize sua namorada na frente dos seus amigos. Não diminua seu marido para suas amigas. Se você é um babaca por natureza, tente se esforçar para não atingir quem ainda tem consideração por você. Pare de ser tão carente e querer esperar tanto do outro. Se ele ainda não aprendeu a fazer, depois de você já ter falado, ensinado, desenhado, gritado, esqueça.

A receita da felicidade é essa e pode acreditar: jogue fora suas esperanças. Não espere que ele vá pedir você em casamento. Se isso acontecer, ótimo. Se não, bola pra frente. Mas não o culpe. A culpada é você de alimentar essa vontade. Não burocratize o sexo. Não regule também. Se ele quer comer você duas vezes por dia, jogue suas mãos para o céu. Não é só sexo que ele quer.

Ele quer dizer com o corpo todo que você é um mulherão. Não repreenda se pegar seu par se masturbando. E jamais pergunte se era você a imagem que servia de estímulo. Privacidade não se invade, por mais tentador que isso seja. Se ela não faz sexo oral em você, tente algumas coisas como cortar metade de seus pelos e tomar banho antes. Mas jamais empurre a cabeça de alguém na direção desejada. 

Dê atenção às pessoas. Amigos, clientes, pai e mãe, pessoal do trabalho. Tente ser minimamente simpático. Mesmo que isso seja a coisa mais difícil para você. Resolva seus problemas de estima, insegurança, paranóia, mau humor. E se não consegue resolver não faça da pessoa do seu lado seu muro de lamentações. 

Tenha dó. Não sufoque ninguém com suas angústias e pare de se sentir a vítima. Não faça chantagens, não guarde o erro do outro para ser usado numa ocasião que vai favorecer você. Não negocie sentimentos. Cobre menos. No fim, o que todo mundo quer é não ficar sozinho. 

Então por que diabos aprendem primeiro a sabotar tudo em volta? Ache a resposta e faça valer a classificação de adulto da qual você e eu precisamos fazer parte...

por Elisa Quadros e Valeria Semeraro. 

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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Cientistas confirmam: RS está mais perto do sol


Calor insuportável está deixando Gaúchos atordoados.

PORTO ALEGRE, C.F - Dois cientistas da UFRGS 
apresentaram hoje um estudo em que comprovam que o RS se desgarrou dos demais e está mais perto do sol. 

De acordo com o estudo apresentado o Rio Grande do Sul é o planeta mais próximo do astro rei, o que explica as altas temperaturas que estão castigando os viventes. - O que explica esse calor de renguear cusco é a proximidade do sol.

Tem muito Gaúcho que teve que abandonar o poncho no verão - disse Marcos dos Santos, um dos autores da pesquisa. Tem quem discorde desta afirmação.

Natural de Pelotas o ufólogo Carlos Tonkiel afirma que o sol é que está se aproximando do RS. - Todo mundo quer se aproximar do RS, por isso somos melhores em tudo - afirma o ufólogo. 

Os Gaúchos não tem reclamado da proximidade do sol. Alguns afirmam estar adorando não ter que esquentar água pro chimarrão. - A água sai fervida da torneira. Bem mais prático - afirmou a dona de casa, Maria dos Passos. 

Fonte: O Bairrista.

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domingo, 22 de janeiro de 2012

Morrer ou viver por uma causa?

Martin Luther King Jr., pastor e ativista norte americano, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1964, disse em um de seus discursos, pouco antes de ser assassinado, em 1968, que “o homem que não está disposto a morrer por uma causa, não é digno de viver”.

Na época o foco era o movimento a favor da liberdade e igualdade racial nos Estados Unidos, mas suas palavras exprimem um conceito que pode ser questionado e colocado de outra forma onde diz que “um homem vivo pode fazer muito mais pela causa em questão”. 

Levando para o campo da ficção, podemos imaginar uma situação onde nos fosse colocado o seguinte dilema: 

Quem estivesse realmente disposto a morrer para melhorar o planeta, que entrasse por uma determinada porta; quem não estivesse disposto, quem tivesse alguma dúvida, ou precisasse de um tempo maior para decidir, que entrasse por outra porta. 

Não saberíamos o que aconteceria do outro lado, mas quem optasse pela morte, poderia encontrá-la de imediato do outro lado. Qual seria a reação da grande maioria? Imagino que poucos teriam a convicção de dar a vida pelo planeta e entrar pela porta da morte e que muitos iriam preferir ficar vivos e optariam pela porta da vida.

Por outro lado, vamos imaginar que o responsável pelo teste daria um desfecho inesperado e resolvesse que todos aqueles que entraram decididos a dar sua vida, seriam os únicos sobreviventes e os responsáveis pela condução futura do planeta. Todos os demais seriam sumariamente eliminados sem chance de voltar atrás na decisão. 

Novamente fica a questão: 

serei mais útil ao planeta vivo ou morto?
Serei mais útil trabalhando pela causa em que acredito ou morrendo por ela e deixando de trabalhar? 

Se olharmos tudo o que o ser humano fez ao planeta e ao seu semelhante, vamos concluir que para grande parte, falta dignidade para ser merecedora de algo tão belo quanto uma vida, mas fugir dela não resolve o problema. 

Temos sim, que trabalhar pela causa, de todas as maneiras que possamos imaginar. O mundo atual está desmoronando, os sintomas estão presentes no nosso dia a dia e as portas, embora sutis, estão se abrindo ao nosso lado. 

É hora de fazer uma opção, de acordo com nosso conhecimento e consciência, mas principalmente, é hora de trabalhar pela causa na qual acreditamos.

 Por: Célio Pezza.

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sábado, 21 de janeiro de 2012

O politicamente correto é...

O politicamente correto é um sutiã cuja presilha não abre, exigindo desculpas por tamanha inabilidade ao invés de arrancá-lo logo e de uma vez. 
Politicamente correta é a comida de hospital – saúde divorciada do prazer. Politicamente correto é mãe que não deixa o filho sujar os pés, mãos ou cabelo, pois, onde já se viu? Pode ficar doente... E os outros, o que vão pensar?!  

O politicamente correto é máscara de louça para o preconceito. Politicamente correto é a censura prévia disfarçada de escudo. No fundo, bem no fundo, a pessoa fica tolhida, desconfiada, com medo de ferir os outros e, com isso, acabar ferida de volta. Politicamente correto é camisinha de força para a língua, pois só pode ser loucura chamar um negro de negro, alemão de alemão, gordo de gordo e manco de manco. 

Politicamente correto é focinheira em todos os cães. O politicamente correto é descrito nas letras em miniatura do contrato, aquelas feitas para condenar quando for vantagem para outros, desvantagem para você. Politicamente correto é sepultamento dos vivos. É a morte da malandragem, é o suicídio dos humorados, é a redenção dos covardes, é a vingança dos recalcados. 

O politicamente correto é uma faca cega, pois não merecemos o manejo de palavras afiadas. O politicamente correto rebatiza os filhos para ver se ficam mais bonitos. Politicamente correto é existir grades no paraíso. É passear em ordem unida, é contrição sem arrependimento. Politicamente correto é garantia de úlceras para o futuro, pois ninguém consegue rodar com os freios de mão puxados sem consequências. 

Politicamente correto é toque de recolher. Politicamente correto é aquele modorrento 0 X 0 que espanta o público, é coito interrompido, é manha, fita, choro sem lágrima.

Politicamente correto é não poder tomar chuva, nem mesmo no verão. É aquário, gaiola e canil. É esconder o rosto achando que, assim, desaparecemos. Politicamente correto é fumei, mas não traguei. O politicamente correto é, dizem, uma tendência que veio para ficar. É mais civilizado. Mais cordato. Amistoso, suave, palatável. É algo que está tomando conta de tudo e formando uma geração que, agindo e reagindo assim, acreditará estar mais protegida das maldades do mundo. 

Eu discordo do politicamente correto e o combato enquanto nadar contra a corrente não for crime. Mais do que garantir o direito de eu mesmo ser irônico, mordaz, chulo ou ferino, defendo que meus filhos e netos sejam capazes de suportar contrariedades, provocações, desgostos, frustrações – agressões! – e se defenderem. Politicamente correto é ministrar tranquilizante para quem deveria estar alerta. 

 Por: Rubem Penz

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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Política, o oxigênio da sociedade...

Política é a arte ou a ciência da organização, da direção e da administração de nações ou Estados. Ela está presente em todas as nossas ações e sua finalidade é o aperfeiçoamento e a consequente harmonia da sociedade na busca constante de melhores condições de vida. 

A palavra vem desde a ação dos gregos em suas cidades-estado, denominadas “polis” e surgidas no século VIII a.C. Os cidadãos - então chamados “politikos” - reuniam-se na praça e decidiam os destinos e as melhorias da comunidade. As cidades de então eram pequenas. O crescimento tornou impossível a prática pessoal, e o caminho encontrado foi o da representação. 

Num determinado dia, o povo é chamado a votar em eleições e escolhe, entre centenas ou até milhares de candidatos, os concidadãos para representá-lo no Executivo e no Legislativo. 

No Brasil, elegemos presidente da República, governadores e prefeitos para cuidar do Poder Executivo e senadores, deputados federais e estaduais e vereadores para compor o Poder Legislativo. Da polis até nossos dias, muita água passou debaixo da ponte. Os pensadores gestaram inúmeras formas de governo, outras se impuseram por conta de guerras e revoluções e muita coisa – boa e ruim – aconteceu. Religiões, ideologias, costumes e interesses presidiram mudanças radicais e nem sempre acertadas. 

Podemos dizer que hoje temos o resultado de séculos de experimentações, incompreensões, entendimentos e desentendimentos. Política, no sentido original do termo, é o oxigênio do ar que se respira na sociedade mundial. A atividade está presente em todos os pontos onde há a presença humana e não se restringe à ação partidária.

Todo ato de relacionamento entre indivíduos, grupos, ideologias, crenças e interesses é exercício político. A política começa no lar, através do relacionamento entre pai, mãe, filhos e irmãos, e estende-se por sendas infinitas e inimagináveis.

É através dela que as empresas, as entidades sociais, as organizações religiosas, as agremiações esportivas e todas as áreas de interesse humano interagem e desenvolvem-se. Desde a antiga Grécia, o homem é considerado um animal político e, assim, continuará enquanto viver em sociedade. Todos os seus atos são políticos, mesmo que ele não se dê conta disto. 

Infelizmente, política e político partidário tornaram-se palavrões na opinião de expressiva parcela da população brasileira. Resultado de desmandos cometidos por maus políticos e falta de uma boa solução aos seus agravos. A própria política, no entanto, pode levar à solução dos erros com a mais justa e transparente aplicação das sanções aos errantes. 

Para tanto, a sociedade, como titular e destinatária de todas as “políticas”, precisa estar permanentemente mobilizada para, por seus meios, cobrar o cumprimento de boas políticas na administração pública, no Judiciário, na igreja, no clube, no local de trabalho, na vizinhança e em toda parte.

Em vez da cômoda postura de desgostar, se afastar ou até odiar os políticos partidários, cada um do povo deve fazer a sua “política” pela melhoria de suas condições de vida e da dos seus semelhantes. 

Quanto aos errantes, a força política da própria sociedade organizada será suficientemente forte para expurgá-los.

Por: Dirceu Cardoso Gonçalves. E-mail: aspomilpm@terra.com.br 

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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Trinta anos sem Elis Regina

No próximo dia 19 serão lembrados os 30 anos da morte de Elis Regina, considerada por muitos críticos e outros músicos como a melhor cantora brasileira de todos os tempos.

Como muitos outros artistas no Brasil, Elis surgiu nos festivais de música popular na década de 1960, mas foi em Porto Alegre, que ela iniciou a carreira como cantora aos 11 anos de idade, em um programa de rádio para crianças, chamado o Clube do Guri, na rádio Farroupilha. Em 1960 foi contratada pela radio Gaúcha e, em 1961, viajou para o Rio de Janeiro, onde gravou o primeiro disco “Viva a Brotolândia”. 

Seu primeiro grande sucesso foi “Arrastão”, de Vinicius de Moraes e Edu Lobo, canção vencedora do Festival de MPB da TV Excelsior de São Paulo. A antológica interpretação de Elis, escreveu um novo capitulo na história da música brasileira, inaugurando a MPB. Este feito lhe conferiu o título de primeira estrela da canção popular brasileira na era da TV.A esta época Elis conheceu a turma da bossa nova, no Beco das Garrafas, e participou do espetáculo o Fino da Bossa, organizado pelo Centro Acadêmico da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. 

O sucesso foi tal que deu origem a um programa com o mesmo nome, ao lado de Jair Rodrigues, na TV Record e ainda três discos de grande sucesso: um deles, Dois na Bossa, foi o primeiro disco brasileiro a vender um milhão de cópias. No final dos anos 1960 Elis realizou uma série de shows pela Europa, conquistando grande sucesso, notadamente no Olympia de Paris. Ela foi também a responsável pelo lançamento de grande parte de compositores até então desconhecidos, como Renato Teixeira, Belchior, Tim Maia, Gilberto Gil, João Bosco e Aldir Blanc, Sueli Costa, Milton Nascimento, entre outros. 

Este último, a elegeu musa inspiradora e a ela dedicou inúmeras composições. Dona de uma personalidade marcante, Elis Regina não teve dúvidas em assumir uma posição de critica ao regime militar, nos terríveis Anos de Chumbo, quando muitos artistas foram perseguidos e exilados. A crítica era feita de forma pública em meio às declarações ou nas canções que interpretava. Seu engajamento político a fez participar ativamente de uma série de movimentos de renovação política e cultural brasileira. Foi uma das grandes batalhadoras na campanha pela Anistia de exilados brasileiros.

Ela fez de sua arte uma forma de manifestação política. A partir, principalmente, do disco “Falso Brilhante” tornou-se a maior repórter daqueles tempos bicudos da ditadura.Com seu repertório magistral ela documentou tudo o que ocorria de ostensivo e de escondido em nosso país. O engajamento repercutiu de forma positiva na carreira de Elis e a caracterizaria até a sua prematura morte em 1982.Seu repertório passou a ser composto de canções políticas de profundo significado e marcadas por interpretações inesquecíveis como o caso de “O Bêbado e a Equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc, que transformou-se no verdadeiro hino da anistia e que ainda hoje emociona. 

A canção foi a verdadeira trilha sonora da volta de personalidades brasileiras no exílio, a partir de 1979.Um deles, citado na canção, era o “irmão do Henfil”, o Betinho, destacado sociólogo brasileiro que, entre tantos outros, fora obrigado a deixar o país, como diz a canção “num rabo de foguete”.

Em 1981, Elis se filiou ao PT. Também foi uma grande defensora dos direitos dos músicos brasileiros e dos direitos das mulheres e seu papel na sociedade brasileira. Notabilizou-se pela uniformidade vocal, primazia técnica e uma afinação a toda prova. Qualquer canção na sua voz ganhava uma nova dimensão. 

Elis foi, sem dúvida, a voz mais perfeita, a que conheceu melhor o ritmo e a divisão, a que elevou e abaixou o tom nos momentos certos, a que melhor utilizou, para ampliar a voz, de técnica comparável às melhores do mundo. Quando Elis começava a cantar baixava uma espécie de magia, um feitiço, efeito combinado de trabalho e inspiração, tudo o que fazia dela uma artista iluminada, uma artista que levou a sério o dom que recebeu e que experimentou, tentou, ousou, foi além. Seu último show foi “O Trem Azul”.

Foi grande a comoção quando de sua prematura morte em 19 de janeiro de 1982, devido a complicações decorrentes de uma overdose de cocaína e bebida alcoólica. Na época uma agência de publicidade estampou esta mensagem: “Choram Marias e Clarices...Chora a nossa pátria mãe gentil. Em busca de um sol maior, Elis Regina embarcou num brilhante trem azul, deixando conosco a eternidade de seu canto pelas coisas e pela gente de nossa terra. E uma imensa saudade”.

por José Ernani de Almeida. 

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domingo, 15 de janeiro de 2012

A transitoriedade do tempo...

Nada como um dia depois do outro para acalmar os ânimos e reanimar aqueles que sofreram frustrações. Nada como atentar para a importância do tempo e reaprender lições já vistas anteriormente, mas talvez esquecidas. Nada como o tempo para nos ensinar que o branco dos cabelos nos lembra a urgência de transferirmos os conhecimentos acumulados durante os anos. 

O tempo ensina, o tempo acalma, o tempo impõe verdades que não queríamos ou não podíamos entender. A duração do tempo é subjetiva; um minuto pode ser tão pouco e insignificante quanto pode ser decisivo para a sobrevivência de alguém. A intensidade de cada momento também não pode ser medida com precisão, pois, para cada um, é revelada de uma forma. 

O tempo pode ser recordado, mas não adiantado. Por ele, as mais diversas circunstâncias vividas por alguém podem ser trazidas à memória, em quaisquer lugares. Para alguns, o tempo tem poder de curar máculas causadas pela ausência física e/ou psicológica de alguém que queríamos que participasse ou continuasse a participar de nossa história. 
Se não fosse a divisão do tempo em segundos, minutos, horas, dias, meses e anos, seria muito difícil fazermos uma reflexão sobre o que poderia ser mudado e melhorado em nós.

A cada minuto que passa, a cada dia que termina, temos a oportunidade de parar e repensar as ações e as reações causadas por nós e em nós. O tempo é uma das oportunidades que Deus nos dá para entendermos a nossa finitude e a consequente urgência de nos voltarmos a Ele. Envolvidos com as rotinas da vida, muitos pais perdem a oportunidade de atentar para as necessidades emocionais de seus filhos, não esclarecendo, em tempo oportuno, as dúvidas que nossas crianças sempre têm. 

Há quem diga, inclusive, que os netos são a nova oportunidade que a vida dá aos pais de pagarem aos filhos o tempo que não tiveram para eles. O tempo nos evidencia a urgência e a importância do agora, ou seja, do único momento que é nosso e em que temos a oportunidade de corrigirmos as falhas que nem mesmo os anos foram capazes de consertar. 

Valorize cada momento de sua vida, valorizando as pessoas que fazem parte dela. Não deixe de fora de sua história nem mesmo as pessoas que, por desconhecimento e clareza da importância de se cultivar amigos e familiares, insistem em cultivar instabilidades. 

Ensine-as de que o tempo passa e que a oportunidade para ser feliz e fazer alguém feliz ainda está sendo oferecida a nós, bastando que nossos “olhos” não estejam tão enfadados a ponto de não conseguirem mais enxergar.

Por: Erika de Souza Bueno. 

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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

e se o facebook acabar?


Quem cutucar?
Como mostrar fotos do seu novo pet?
Com quem repartir as alegrias de ter adotado o novo companheirinho?
Como criar eventos, organizar uma festa, engajar-se numa causa? 
E as fotos das férias, para quem mostrar?!
E as do exterior?! 
Como reclamar dos abusos da companhia de gás, luz, telefonia? 
E lembrar dos aniversários? 
Como dividir aquela música DE que gostamos? 
Ou vigiar como anda a sua ex, e com quem ela está saindo? 
E checar quem é aquela paquera de ontem? 
Estava escuro, vocês beberam demais, será que é psicada? Prova de que as redes sociais abriram de vez as trancas da nossa intimidade e curiosidade. 
E, pior, gostamos muito disso. Ou melhor, CURTIMOS. As redes causam um caos na nossa privacidade. Mas, na real: nós que a alimentamos. 
Veja o filmete abaixo:

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A arte de viver juntos

Conta à lenda dos índios Sioux que certa vez Touro Bravo e Nuvem Azul chegaram de mãos dadas à tenda do velho feiticeiro dizendo: “Nós nos amamos e vamos nos casar. Mas queremos um conselho que nos garanta ficar sempre juntos, que nos assegure um estar ao lado do outro até a morte. O que podemos fazer? E o velho emocionado ao vê-los, tão apaixonados e tão ansiosos, disse: Há o que possa ser feito, ainda que seja tarefas difíceis. Tu Nuvem Azul deves escalar o monte e ao norte da aldeia, apenas com uma rede, caçar o falcão mais vigoroso e trazê-lo aqui, com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia. E tu Touro Bravo deves escalar a Montanha do Trono; lá em cima, encontrarás a mais brava de todas as águias. Somente com uma rede deverá apanhá-la trazendo para mim viva. Os jovens se abraçaram com ternura e logo partiram para cumprir a missão. No dia estabelecido, na frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves. O velho tirou-os dos sacos e constatou que eram verdadeiramente famosos exemplares dos animais que tinha pedido. O que faremos? Os jovens perguntaram. Peguem as aves e amarrem uma na outra pelos pés com fitas de couro. Quando estiverem amarradas soltem para que voem livres. Eles fizeram o que lhes fora ordenado e soltaram os pássaros. A águia e o falcão tentaram voar, mas conseguiram apenas saltar pelo terreno. Minutos depois irritados pela impossibilidade do vôo, as aves arremessaram-se uma contra a outra, brigando até se machucar. Então o velho disse: Jamais esqueçam o que estão vendo, esse é meu conselho. Vocês são como águia e o falcão. Se estiverem amarrados um ao outro , ainda que por amor, não só viverão se arranhando-se como também, cedo ou tarde começarão a machucar um ao outro. Se quiserem que o amor entre vocês perdure, voem juntos, mas jamais amarrados. Libere o pássaro que você ama para que ele possa voar com as próprias asas. Essa é uma verdade no casamento e também nas relações familiares, de amizade e profissional. Respeite o direito das pessoas de voar rumo a seus sonhos. A lição principal é saber que somente livres as pessoas são capazes de amar”.É mais que uma lição de vida, é uma lição de amor A nossa liberdade termina, quando começa a do próximo, mas é tão difícil de enxergar esta frágil e quase transparente linha demarcatória que limita este espaço. Alguém já disse que não devemos sair atrás das borboletas para aprisioná-las, mas que simplesmente cuidemos de nosso jardim, que elas vêm de livre e espontânea vontade. Assim são os relacionamentos, não devemos sufocar a quem amamos, nem asfixiar a liberdade que deve ser oxigenada a todo instante, com respeito e muito amor. Monopolizar tudo e exceder nossos limites, produzem efeitos contrários. A luz faz ver, mas se excessiva cega. A dor faz gritar, mas se excessiva, emudece. Assim é o amor, naturalmente une, mas se é excessivo , ou possessivo divide! Devemos ter a dosagem certa para que todo os dias possamos conquistar e se deixar conquistar, por quem escolhemos para viver ao nosso lado. Prescindir o momento certo de regar a flor, tomando a iniciativa de oferecer gotas de amor, para aquecer o afeto e abrir espaço para a liberdade e a felicidade. Já que a felicidade é uma viagem, não um destino. Ela é o caminho e como tal deve receber muita atenção e dedicação para que possamos dividi-la com a pessoa amada. Enfim tudo é válido, quando se tem um grande amor e queremos ficar e voar juntos, sem amarras físicas, apenas de espírito. Como diria o grande Victor Hugo: “O homem é a águia que voa; a mulher um rouxinol que canta”. Voar é diminuir “os espaços; Cantar é conquistar a alma”! 
 Por: Jabs Paim Bandeira.  
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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Outro paradigma: escutar a natureza



'Nos dias atuais, devemos escutar o que as nuvens negras, as florestas das encostas, os rios que rompem barreiras, as encostas abruptas, as rochas soltas nos advertem'

Agora que se aproximam grandes chuvas, inundações, temporais, furacões e deslizamentos de encostas, temos que reaprender a escutar a natureza. Toda nossa cultura ocidental, de vertente grega, está assentada sobre o ver.

Não é sem razão que a categoria central – ideia – (eidos em grego) significa visão. A tele-visão é sua expressão maior. Temos desenvolvido, até os últimos limites, a nossa visão. Penetramos com os telescópios de grande potência até a profundidade do universo para ver as galáxias mais distantes. Descemos às derradeiras partículas elementares e ao mistério íntimo da vida. O olhar é tudo para nós. Mas devemos tomar consciência de que este é o modo de ser do homem ocidental e não de todos.

Outras culturas, como as próximas a nós (as andinas dos quéchuas e dos aimaras e outras) estruturam-se ao redor do escutar. Logicamente, elas também veem. Mas sua singularidade é escutar as mensagens daquilo que veem.

O camponês do altiplano da Bolívia me diz:
“eu escuto a natureza, eu sei o que a montanha me diz”.
Falando com um xamã, ele me testemunha:
“eu escuto a Pachamama e sei o que ela está me comunicando”.
Tudo fala: as estrelas, o sol, a lua, as montanhas soberbas, os lagos serenos, os vales profundos, as nuvens fugidias, as florestas, os pássaros e os animais. As pessoas aprendem a escutar atentamente estas vozes.

Livros não são importantes para eles porque são mudos, ao passo que a natureza está cheia de vozes. E eles se especializaram de tal forma nesta escuta que sabem, ao ver as nuvens, ao escutar os ventos, ao observar as lhamas ou os movimentos das formigas, o que vai ocorrer na natureza.
Isto me faz lembrar uma antiga tradição teológica elaborada por Santo Agostinho e sistematizada por São Boaventura na Idade Media: a revelação divina primeira é a voz da natureza, o verdadeiro livro falante de Deus. Pelo fato de termos perdido a capacidade de ouvir, Deus, por piedade, nos deu um segundo livro que é a Bíblia para que, escutando seus conteúdos, pudéssemos ouvir novamente o que a natureza nos diz.

Quando Francisco Pizarro em 1532, em Cajamarca, mediante uma cilada traiçoeira, aprisionou o chefe inca Atahualpa, ordenou ao frade dominicano Vicente Valverde que, com seu intérprete Felipillo, lhe lesse o requerimento, um texto em latim pelo qual deviam se deixar batizar e se submeter aos soberanos espanhóis, pois o Papa assim o dispusera. Caso contrário, poderiam ser escravizados por desobediência. O inca perguntou-lhe donde vinha esta autoridade. Valverde entregou-lhe o livro da Bíblia. Atahaualpa pegou-o e colocou ao ouvido. Como não tivesse escutado nada, jogou a Bíblia no chão. Foi o sinal para que Pizarro massacrasse toda a guarda real e aprisionasse o soberano inca. Como se vê, a escuta era tudo para Atahualpa. O livro da Bíblia não falava nada.

Para a cultura andina, tudo se estrutura dentro de uma teia de relações vivas, carregadas de sentido e de mensagens. Percebem o fio que tudo penetra, unifica e dá significação. Nós ocidentais vemos as árvores, mas não percebemos a floresta. As coisas estão isoladas umas das outras. São mudas. A fala é só nossa. Captamos as coisas fora do conjunto das relações. Por isso, nossa linguagem é formal e fria. Nela, temos elaborado nossas filosofias, teologias, doutrinas, ciências e dogmas. Mas este é o nosso jeito de sentir o mundo. E não é de todos os povos.

Os andinos nos ajudam a relativizar nosso pretenso “universalismo”. Podemos expressar as mensagens por outras formas relacionais e includentes e não por aquelas objetivísticas e mudas a que estamos acostumados. Eles nos desafiam a escutar as mensagens que nos vêm de todos os lados.

Nos dias atuais, devemos escutar o que as nuvens negras, as florestas das encostas, os rios que rompem barreiras, as encostas abruptas, as rochas soltas nos advertem. As ciências na natureza nos ajudam nesta escuta. Mas não é o nosso hábito cultural captar as advertências daquilo que vemos. E então nossa surdez nos faz vítimas de desastres lastimáveis.
Só dominamos a natureza obedecendo-a, quer dizer, escutando o que ela nos quer ensinar. A surdez nos dará amargas lições.

Por: Leonardo Boff.

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Agricultura do tempo da Brasília



Quando a gente observa a evolução tecnológica na agricultura brasileira e mundial, várias comparações podem ser realizadas. É inegável o aumento significativo do rendimento das principais culturas, como somatório de fatores, como o uso dos melhores cultivares, a utilização das tecnologias de manejo mais adequadas atualmente disponíveis, nas melhores condições de solo e clima.
Mesmo enaltecendo o aumento médio do rendimento, chama a atenção a enorme diferença de rendimento observado entre produtores que usam a tecnologia e muitos que ainda não inovam. Isso não tem nada a ver com solo e clima, pois ocorre nas mesmas coxilhas da região. Não perceberam ainda a velocidade com que as novas tecnologias são desenvolvidas e a importância que as mesmas tem para o aumento da produtividade, mas, principalmente, do aumento da rentabilidade.

A evolução das tecnologias de manejo de culturas pode ser comparada com a evolução dos automóveis. Certamente, muitos leitores dessa coluna, tiveram, como eu, uma Brasília da Wolkswagen, em meados da década de setenta. Essa grande indústria automobilística tinha criado a Kombi e depois o Fusca, um dos carros mais populares da história do automóvel.

Os grandes engenheiros da Wolkswagen então criaram um carro mais espaçoso que o Fusca. E, com a inauguração de sua fábrica em São Paulo, homenagearam o Brasil dando o nome ao novo carro de Brasília, a nossa capital federal. Pois, em 1977, troquei meu Fusca amarelo por uma “flamante” Brasília branca. E, esse foi meu carro até o ano de 1981.

Mas, como era essa Brasília?

Não tinha direção hidráulica, vidro elétrico, airbag, freio ABS e injeção eletrônica, componentes que hoje nós não abrimos mão. Apresentava dois carburadores e a eficiência era de 4 a 6 km por litro de gasolina.

Entrava poeira por tudo quando se andava em estrada de terra e água quando chovia. Mas, a principal característica era que o motor estava na cabine, atrás do banco do traseiro. O barulho dentro do carro era insuportável. Claro que a gauchada logo encontrou uma solução para atenuara a barulheira. Colocavam sobre a tampa. acima motor, um pelego, vermelho pelos colorados e azul pelos gremistas. Mas, não era suficiente. Então, se comprava um tapete de borracha preto, grosso (e feio) e o barulho era abafado. Para deixar bonito o carro, um pelego em cima.

Tínhamos, na época, outras opções de carro, como o Fiat 147. Com muita freqüência as pessoas se perguntavam: por que o nome 147? A resposta era simples: um carro com 147 defeitos. Também era conhecido como o maestro, pois dava um “conserto” em cada esquina.

Pois vejam, como evoluíram os carros desde 1977 até hoje, seja da Wolkswagen, da Fiat ou qualquer outra marca. As fábricas foram colocando no carro, ao longo do tempo, as mais inovadoras tecnologias desenvolvidas pela pesquisa. Ainda lembro que em 1989, o então Presidente Collor, num de seus pronunciamentos “marqueteiros” de domingo de manhã, disse que os carros brasileiros eram umas “carroças” quando comparados aos carros encontrados nos países desenvolvidos.

Parece que aquilo mexeu com as indústrias, que inovaram. Os grandes beneficiados da adoção dessas tecnologias inovadoras somos nós consumidores, seja pela beleza dos carros , sua segurança, eficiência mecânica e durabilidade.

Exatamente, essa é a grande mudança tecnológica ocorrida na agricultura nos últimos 30 anos. Os produtores que inovam estão obtendo rendimentos recordes. E, milhões de produtores, fiéis às técnicas do passado, obtendo baixos rendimentos. Continuam fiéis a tecnologia da Brasília.

De nada adianta o desenvolvimento de novas tecnologias, se as mesmas não são adotadas pelos produtores.


por Elmar Luiz Floss.

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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Um exemplo de justiça! Leia e julgue...



Decisões judiciais quando se identificam com o conceito consagrado pela sociedade sobre o significado da palavra “Justiça” sempre são dignas de um registro além das folhas de um processo. É o caso da sentença abaixo, proferida pelo desembargador José Luiz Palma Bisson, do TJ de São Paulo, num recurso ajuizado contra despacho de um juiz de Marília (SP), que negou os benefícios da Justiça gratuita a um menor, filho de um marceneiro que morreu depois de ser atropelado por um motociclista.
O menor pediu uma pensão de um salário mínimo mais danos morais decorrentes do falecimento do pai. Sem condições financeiras para pagar as custas do processo solicitou gratuidade. O juiz negou-lhe o direito dizendo não ter apresentado prova de pobreza e, também, por estar representado no processo por “advogado particular” A sentença do desembargador Bisson, além de ser um exemplo de “justiça bem feita” é uma peça literária. Ela está aí abaixo.

“É o relatório. Que sorte a sua, menino, depois do azar de perder o pai e ter sido vitimado por um filho de coração duro – ou sem ele -, com o indeferimento da gratuidade que você perseguia. Um dedo de sorte apenas, é verdade, mas de sorte rara, que a loteria do distribuidor, perversa por natureza, não costuma proporcionar. Fez caber a mim, com efeito, filho de marceneiro como você, a missão de reavaliar a sua fortuna. Aquela para mim maior, aliás, pelo meu pai – por Deus ainda vivente e trabalhador – legada, olha-me agora. É uma plaina manual feita por ele em paubrasil, e que, aparentemente enfeitando o meu gabinete de trabalho, a rigor diuturnamente avisa quem sou, de onde vim e com que cuidado extremo, cuidado de artesão marceneiro, devo tratar as pessoas que me vêm a julgamento disfarçados de autos processuais, tantos são os que nestes vêem apenas papel repetido.
É uma plaina que faz lembrar, sobretudo, meus caros dias de menino, em que trabalhei com meu pai e tantos outros marceneiros como ele, derretendo cola coqueiro – que nem existe mais – num velho fogão a gravetos que nunca faltavam na oficina de marcenaria em que cresci; fogão cheiroso da queima da madeira e do pão com manteiga, ali tostado no paralelo da faina menina.

Desde esses dias, que você menino desafortunadamente não terá, eu hauri a certeza de que os marceneiros não são ricos não, de dinheiro ao menos. São os marceneiros nesta Terra até hoje, menino saiba, como aquele José, pai do menino Deus, que até o julgador singular deveria saber quem é. O seu pai, menino, desses marceneiros era. Foi atropelado na volta a pé do trabalho, o que, nesses dias em que qualquer um é motorizado, já é sinal de pobreza bastante. E se tornava para descansar em casa posta no Conjunto Habitacional Monte Castelo, no castelo somente em nome habitava, sinal de pobreza exuberante.

Claro como a luz, igualmente, é o fato de que você, menino, nos pedir pensão de apenas um salário mínimo, pede não mais que para comer. Logo, para quem quer e consegue ver nas aplainadas entrelinhas da sua vida, o que você nela tem de sobra, menino, é a fome não saciada dos pobres. Por conseguinte um deles é, e não deixa de sê-lo, saiba mais uma vez, nem por estar contando com defensor particular. O ser filho de marceneiro me ensinou inclusive a não ver nesse detalhe um sinal de riqueza do cliente; antes e ao revés a nele divisar um gesto de pureza do causídico.

Tantas, deveras, foram as causas pobres que patrocinei quando advogava, em troca quase sempre de nada, ou, em certa feita, como me lembro com a boca cheia d’água, de um prato de alvas balas de coco, verba honorária em riqueza jamais superada pelo lúdico e inesquecível prazer que me proporcionou.

Ademais, onde está escrito que pobre que se preza deve procurar somente os advogados dos pobres para defendê-lo? Quiçá no livro grosso dos preconceitos…

Enfim, menino, tudo isso é para dizer que você merece sim a gratuidade, em razão da pobreza que, no seu caso, grita a plenos pulmões para quem quer e consegue ouvir. Fica este seu agravo de instrumento então provido; mantida fica, agora com ares de definitiva, a antecipação da tutela recursal. É como marceneiro que voto.”


por Rogério Mendelski

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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Conheçam a fábrica de dinheiro do governo



Veja uma das fábricas de dinheiro do governo
IBPT - INSTITUTO BRASILEIRO DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

Percentual de Tributos sobre O Preço Final

PRODUTO % Tributos/preço final


Mesa de Madeira 30,57%
Cadeira de Madeira 30,57%
Sofá de Madeira/plástico 34,50%
Armário de Madeira 30,57%
Cama de Madeira 30,57%
Motocicleta de até 125 cc 44,40%
Motocicleta acima de 125 cc 49,78%
Bicicleta 34,50%
Vassoura 26,25%
Tapete 34,50%
Passagens aéreas 8,65%
Transporte Rod. Interestadual Passageiros 16,65%
Transporte Rod. Interestadual Cargas 21,65%
Transporte Aéreo de Cargas 8,65%
Transp. Urbano Passag. - Metropolitano 22,98%
MEDICAMENTOS 36%
CONTA DE ÁGUA 29,83%
CONTA DE LUZ 45,81%
CONTA DE TELEFONE 47,87%
Cigarro 81,68%
Gasolina 57,03%

PRODUTOS ALIMENTÍCIOS BÁSICOS
Carne bovina 18,63%
Frango 17,91%
Peixe 18,02%
Sal 29,48%
Trigo 34,47%
Arroz 18%
Óleo de soja 37,18%
Farinha 34,47%
Feijão 18%
Açúcar 40,4%
Leite 33,63%
Café 36,52%
Macarrão 35,20%
Margarina 37,18%
Margarina 37,18%
Molho de tomate 36,66%
Ervilha 35,86%
Milho Verde 37,37%
Biscoito 38,5%
Chocolate 32%
Achocolatado 37,84%
Ovos 21,79%
Frutas 22,98%
Álcool 43,28%
Detergente 40,50%
Saponáceo 40,50%
Sabão em barra 40,50%
Sabão em pó 42,27%
Desinfetante 37,84%
Água sanitária 37,84%
Esponja de aço 44,35%

PRODUTOS BÁSICOS DE HIGIENE
Sabonete 42%
Xampu 52,35%
Condicionador 47,01%
Desodorante 47,25%
Aparelho de barbear 41,98%
Papel Higiênico 40,50%
Pasta de Dente 42,00%

MATERIAL ESCOLAR
Caneta 48,69%
Lápis 36,19%
Borracha 44,39%
Estojo 41,53%
Pastas plásticas 41,17%
Agenda 44,39%
Papel sulfite 38,97%
Livros 13,18%
Papel 38,97%
Agenda 44,39%
Mochilas 40,82%
Régua 45,85%
Pincel 36,90%
Tinta plástica 37,42%

BEBIDAS
Refresco em pó 38,32%
Suco 37,84%
Água 45,11%
Cerveja 56%
Cachaça 83,07%
Refrigerante 47%
CD 47,25%
DVD 51,59%
Brinquedos 41,98%

LOUÇAS
Pratos 44,76%
Copos 45,60%
Garrafa térmica 43,16%
Talheres 42,70%
Panelas 44,47%

PRODUTOS DE CAMA, MESA E BANHO
Toalhas - (mesa e banho) 36,33%
Lençol 37,51%
Travesseiro 36%
Cobertor 37,42%
Automóvel 43,63%

ELETRODOMÉSTICOS
Fogão 39,50%
Microondas 56,99%
Ferro de Passar 44,35%
Telefone Celular 41,00%
Liquidificador 43,64%
Ventilador 43,16%
Refrigerador 47,06%
Vídeo-cassete 52,06%
Aparelho de som 38,00%
Computador 38,00%
Batedeira 43,64%
Roupas 37,84%
Sapatos 37,37%

MATERIAL DE CONSTRUÇÃO
Casa popular 49,02%
Telha 34,47%
Tijolo 34,23%
Vaso sanitário 44,11%
Tinta 45,77%
Fertilizantes 27,07%
Móveis (estantes, cama, armários) 37,56%
Mensalidade Escolar 37,68% (ISS DE 5%)


ALEM DESTAS COISAS, VOCÊ AINDA PAGA DE 15% A 27,5% DO SEU SALÁRIO DE IR , PAGA O SEU PLANO DE SAUDE, O COLÉGIO DO SEUS FILHOS, IPVA, IPTU, INSS, FGTS, ETC...

Isso está aí há muitos anos, e ninguem faz nada para mudar!!! Até quando vamos aceitar essa roubalheira ? Até quando vamos trabalhar para sustentar essa corja de corruptos ?Acredito que, enquanto o povo não se mobilizar para uma revolução interna, ELES continuarão nos fazendo de escravos. Pois para ELES, é isso que somos.

A mudança do Brasil também depende de nós!!!


Obs; Os calculos foram efetuados por alguns testes.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Pense e repense a web...


É muito comum ouvirmos queixas sobre o modo como as redes sociais são usadas. Reflexo da preguiça, do vazio e do autocentrismo, postagens do tipo "está chovendo de novo, aff" ou "hoje acordei com dor de cabeça" inundam Facebook e Twitter com insignificâncias e inutilidades exasperantes. Existe também o reflexo do egotismo que desemboca no excesso da autopromoção, como se a web 2.0 fosse uma oportunidade de divulgação do que cada um está fazendo.

"Mas intimidade é saber o que não se está fazendo", me disse, com ironia, certa feita o poeta Fabrício Carpinejar, numa conversa sobre o Twitter. Ele dizia usar o microblog como "uma trincheira contra lugares-comuns e contra a obviedade".

O uso acrítico das redes sociais pode ser visto como parte de um fenômeno mais abrangente, que diz respeito ao uso da tecnologia pela tecnologia, sem se ter consciência das ferramentas utilizadas e, ficando sujeito assim, a repetições infinitas do mesmo.

A midiartista e professora da USP Giselle Beiguelman chamou esse sintoma de "capitalismo fofinho", "um capitalismo em que tudo soa onomatopeico, feliz e redondinho, como os logos e os nomes das principais redes sociais da web 2.0", diz ela.

Em contraponto a essa tendência, observa Giselle, existe uma "vertente tecnofágica", ou uma antropofagia tecnológica, marcada pelo uso crítico e criativo das mídias, no qual a utilização das ferramentas é subvertida. Testemunhei e participei de um fenômeno interessante nesse sentido. Sou membro, desde 2006, do Flickr, uma das maiores redes de compartilhamento de fotos na internet. E em certo momento, o administrador da rede endureceu a política de restrições ao acesso a fotografias não marcadas como "seguras" - em outras palavras, censura.

As restrições acabaram indo longe demais, com a má elaboração das estratégias de restrições, mesmo que a imagem não fosse completamente bloqueada - por exemplo, a foto de uma simples, linda e inofensiva flor poderia não aparecer para outros usuários, sendo necessária reconfirmar o interesse em ver a imagem entre vários alertas de conteúdo inapropriado.

Quando a situação foi percebida em seu absurdo - pois não fazia sentido, o tratamento recebido pelo site não condizia com as imagens, absolutamente inocentes -, criou-se dentro da própria comunidade, e fazendo uso das ferramentas que ela própria oferece, um movimento contra a censura, o "Think Flickr, think", que se espalhou rapidamente dentro da rede.

O movimento funcionou da seguinte maneira. Ao fazer um "upload" de uma imagem, deveríamos - os membros da comunidade contra a censura - inserir a tag "Think Flickr, think". Com isso, poderíamos localizar facilmente as fotos uns dos outros e postá-las novamente em nossas contas. Assim, quando ela fosse censurada na página daquele primeiro usuário, ela já teria se espalhado por outras, indefinidamente, como uma serpente que se corta a cabeça e outra nasce no lugar.

Ao cabo de alguns meses, o Flickr amenizou a política de restrições de conteúdo. Mas a censura ainda acontece, às vezes de forma nonsense, mas representa uma parte muito menor do que fora.
Se não conseguiu eliminar completamente os excessos, o Think Flickr, think ensinou muito sobre uso crítico da web e sobre mobilização em rede.


Fonte: otempo

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