segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O "grito" que Tiradentes não deu

Eu nunca votei em ninguém pela simples razão de que jamais tive notícia de que algum candidato a cargo eletivo tivesse sido sabatinado com o objetivo de demonstrar, através de um teste, se realmente possui um mínimo de conhecimentos básicos - a meu juízo indispensáveis - para o exercício do mandato a que pleiteia.


Também me leva a isso, o fato de não ser exigida escolaridade mínima para concorrer em uma eleição. Essa facilidade para chegar ao poder beira às raias da irresponsabilidade, posto que abre espaço para que verdadeiras "toupeiras humanas", levadas pelo populismo demagógico, passem a exercer importantes cargos que influenciam na vida dos cidadãos, colocando em risco o bem-estar social, pelo instituto de leis absurdas propostas e aprovadas, não raro, por indivíduos sem um mínimo de capacidade para administrar, sequer, a própria família.

Nem seria preciso citar exemplos de gente despreparada exercendo mandato nos descaminhos do poder, uma vez que essas "amebas eletivas" aparecem todos os dias, no rádio, na televisão e nos palanques, proferindo discursos longos crivados de despautérios capazes de corar até uma criança do Jardim da Infância. Mas, "para não dizer que não falei de flores", vou me reportar aqui ao disparate dito pela prefeita de Ribeirão Preto-SP, Dárcy Vera, na Parada Cívica de 7 de Setembro daquela cidade. Falando a uma emissora local, a prefeita - reeleita na última eleição com 51% dos votos válidos - disse com todas as letras que deveria ser lembrado, também, naquele momento cívico, o herói Tiradentes, que deu o grito de "Independência ou morte". Talvez o Mártir da Inconfidência Mineira até tenha dito isso e a gente nem sabia, vindo a ser vítima de um plágio, poucos anos depois, por parte de dom Pedro I.

Se Tiradentes falou isso, teve bem menos sorte do que aquele que mais tarde repetiria a expressão às margens do Riacho Ipiranga.

No caso do chefe inconfidente, a Coroa Portuguesa optou pela segunda alternativa (morte) e mandou enforcar o autor da frase. Já em relação ao imperador, o poder monarca colonizador foi bem mais generoso, optando pela primeira hipótese (Independência), propiciando assim ao "don Juan tupiniquim" da marquesa de Santos uma emancipação política mansa, pacífica e sem o estampido de um único tiro. A asneira da prefeita está contida em um vídeo postado no Youtube.

Por: Lino Tavares.

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Um comentário:

  1. A gente só pode parabenizar as autoridades influentes e persuasivas que lutaram sem medir esforços pela (des)educação e (des)cultura valorizando a fé cega num poder supremo em detrimento do conhecimento.
    "Fé em deus e pé na tábua!"

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