sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O Brasil precisa aprender a envelhecer

Muito antes do que imaginávamos o Brasil está se tornando um país com população velha. Hoje contamos com 20 milhões de idosos, o que representa 12% da população total. Estima-se que em 2050 este número atinja 65 milhões de pessoas, o equivalente a 30% da população nacional. Consideram-se idosas as pessoas com mais de 60 anos.

São mudanças extremamente rápidas, que em outros países, chamados desenvolvidos, levaram mais de um século para acontecer, e que no Brasil devem ocorrer em pouco mais de 40 anos, demandando dos governos e do conjunto da sociedade medidas estruturais para acolher este aumento da população idosa que se avizinha.

Mudanças também na forma de encarar a velhice, que hoje não é mais sinônimo de incapacidade produtiva, doenças e falta de perspectivas, mas sim de inúmeras possibilidades e oportunidades no mercado de trabalho e no lazer.

O fantástico avanço da medicina, embora ainda não acessível a todos, torna possível chegar à terceira idade gozando de ótima saúde e de qualidade de vida. Claro que não podemos ser hipócritas de acreditar que o mercado de trabalho, num mundo capitalista, simplesmente resolveu abrir oportunidades para as pessoas com idade mais avançada.

Se dependesse dos setores de recursos humanos da maioria das empresas ou dos próprios recrutadores de mão de obra se continuaria contratando pessoas jovens, com até 50 anos, e olhe lá. Então, o que está mudando?

A população jovem disponível no mercado esta se reduzindo. A maioria dos mais moços com condições financeiras um pouco melhor, está saindo da faculdade e partindo para a realização de mestrados e doutorados para só então ingressarem no mercado de trabalho.

Como os setores produtivos não podem parar se veem obrigados a recrutar pessoas mais velhas e estão se surpreendendo com os resultados positivos em termos de produção e de produtividade. A parcela com mais de 60 anos, embora represente 12% da população, responde por 20% do poder de compra do País e por 11% da população em idade ativa, sendo que mais 70% têm autonomia financeira.

 Esta realidade chegou também ao campo, cujos estabelecimentos em sua maioria estão sendo tocados por pessoas com idade mais avançada, já que a juventude está debandando do meio rural em direção às cidades.

 A aposentadoria rural, conquistada em 1988, tem se constituído numa importante política pública de fixação destas pessoas no processo produtivo rural. O Brasil precisa se preparar com rapidez para este novo quadro que se avizinha, em especial no campo da previdência social, para garantir a aposentadoria desse contingente de pessoas.

 Solução esta que não deve passar apenas pela visão simplista de aumentar o limite de idade para concessão de benefícios.

 Envelhecer é parte da vida de todos os seres vivos, mas envelhecer com qualidade de vida é uma construção que só os seres humanos são capazes de construir.

Por: Heitor Schuch.

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