sábado, 6 de outubro de 2012

Nossas exigências e insatisfações...

Vivemos em um ritmo cada vez mais frenético em relação ao tempo e às exigências que fazemos para que tudo seja realizado e conquistado no menor intervalo possível. Tudo isto para, teoricamente, desfrutar de um bem estar adquirido ao final de cada tarefa em que nos colocamos. Satisfação esta que não tem nenhuma garantia de acontecer.

 Ter disciplina, organização e cuidados valem muito a pena e são bem importantes para conduzirmos nosso cotidiano de maneira prudente e sadia. Mas precisamos levar em conta que estes cuidados são diferentes das exigências de que a vida aconteça de forma cada vez mais automática esperando dela respostas prontas e sempre de acordo com o que determinamos previamente.

Assim, muitas vezes, em vez de criar uma flexibilidade em lidar com a imprevisibilidade dos processos do viver pode-se caminhar no sentido de criar cobranças mais rígidas que levam a um círculo vicioso do querer sempre mais e melhor, a qualquer custo. Mas não é normal querer sempre mais e melhor? Nem sempre, pois é aí que a porca torce o rabo.

 O grau de insatisfação gerado por este tipo de pensamento e conduta acaba por nos escravizar diante de nossas escolhas ao invés de nos deparamos com um rol de possibilidades necessárias para flexibilizar e ser mais criativo na forma de viver. A cobrança de que tudo aconteça como queremos nos tira o imprevisto da vida e muitas vezes a graça e a inevitável singularidade que ela tem.

O consumo, por exemplo, possui um funcionamento subjetivo com uma lógica bem clara para se dar conta disto. Quanto mais se tem, mais se quer.

A satisfação que deveria aparecer com as aquisições necessárias nem sempre se mostra no fim do túnel. Não compramos o que precisamos, mas qualquer coisa que queremos. Inclusive aquilo que não está mais ao alcance financeiro, deixando rastros de dívidas e sofrimentos.

Parece que é daí mesmo que o buraco existencial se distende e precisa ser preenchido com uma nova compra, novos objetos, sejam eles uma roupa, um celular, um carro, uma programação de entretenimento,... Ou seja, tudo passa a ser devorado, deglutido, abatido, usado sem tirar daquela experiência o que é realmente importante como algo que faça sentido, mas aquilo que já está programado, que está publicizado, propagandeado.

 Assim, contribuímos com nossa própria massificação. Esta que nos torna mais um número em série e que impede a vida de ser mais libertadora, autônoma e saudável.

Por Patrícia Spindler.

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