segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Cerco contra a automedicação

Por mais que sejam conhecidos os efeitos nocivos da automedicação, a prática ainda é bastante comum entre os brasileiros. Nem se precisaria de pesquisa sobre isso. Basta perguntar para algum amigo ou vizinho, para ter a triste confirmação: o ato de tomar remédio por conta própria é um hábito para muitos.

 De olho no problema - e no tamanho dele Brasil afora -, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) abriu a discussão, em audiência pública realizada na última quinta-feira, sobre a necessidade de apresentação de receita médica para compra de medicamentos de tarja vermelha. A proposta da Anvisa, segundo informações da Agência Brasil, é implementar medidas de fiscalização e educação para alertar sobre os riscos da automedicação e estimular o consumo racional de medicamentos no país.

Os medicamentos de tarja vermelha correspondem a 65% do mercado do setor. Para a maior parte desses produtos, a legislação sanitária exige apenas a apresentação da receita médica no ato da compra. As farmácias, ao contrário do que ocorre atualmente com os antibióticos, não possuem a obrigação de ficar com as receitas.

A chefe do Núcleo de Gestão do Sistema Nacional de Notificação e Investigação em Vigilância Sanitária, Maria Eugênia Cury, diz que existem estudos consistentes. Tais pesquisas indicam que 44% dos remédios comprados para a automedicação estão entre os de tarja vermelha. O diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, atribui essa falta de controle - danosa para a sociedade - a uma falha em sistema que tem um início de ciclo bem atendido.

 “A regularização tem sido muito eficiente na produção, distribuição e pesquisa na área de medicamentos. Tudo isso tem regras rigorosíssimas, mas quando chega na etapa de fechamento, quando o medicamento vai para o paciente, o sistema foge de todos os padrões. O mesmo cuidado tomado na produção tem que ser tomado na chegada do medicamento ao paciente”, disse o diretor. Porém, Barbano disse não acreditar que a retenção de receita seja o melhor caminho.

 E ironizou: “Seria necessário criar um prédio ao lado das farmácias para guardar as receitas retidas”. Em sua opinião, o mais indicado, por enquanto, seria atuar na conscientização da população. “A prescrição médica é fundamental para garantir um diagnóstico correto e o uso seguro e eficaz do medicamento”, disse Barbano. A sugestão que teve mais força entre os representantes da indústria farmacêutica foi a formação de um grupo de trabalho para a proposição de ideias que tragam avanços que vá além de mostrar ou não a receita como, por exemplo, sistemas eletrônicos desenvolvidos para um maior controle.

A ideia de debater o assunto é sempre boa, indispensável dentro da democracia. Contudo, o grupo de trabalho precisa agir rápido. Sem morosidade. Ainda que o país esteja em meio às agitações eleitorais. O edital de convocação para compor o tal grupo deverá ser publicado pela Anvisa até a metade do mês de outubro.

Aguardemos.

Fonte: Agência Brasil.

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