terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O mundo plano da ilusão à realidade...



Há muita gente que entende a vida como uma grande ilusão, como uma espécie de catarse, mas não coletiva, uma catarse meramente subjetiva e, a partir da qual, tiramos nossas conclusões, nunca a serem levadas totalmente a sério porque seriam frutos de observações intimistas. Por exemplo, Gisele Bundchen é a mulher mais bonita do mundo para muitos, mas provavelmente não para os japoneses pelo fato de que eles entendem a beleza da mulher por outros parâmetros que não os nossos. Ela é a mulher mais bonita dentro de determinadas análises.

Mas, seriam essas análises suficientes para outorgar o título de que desfruta ? O que é a beleza ? Ou estaríamos analisando somente simetrias, retas e curvas ?

O mundo e a vida são reflexos de nossas experiências e observações. Nada é mau ou bom por si só, tudo o é a partir da visão do observador. O mundo pode ser apenas uma visualização ou sonho, ou ilusão como queiram, a exemplo do filme Matrix que, parodiando de uma certa maneira o maniqueísmo das religiões, faz com que vivamos um mundo em que a verdade não é aquela apresentada.

Um genuíno pesquisador, ao lançar uma hipótese, faz tudo para derrubar sua própria idéia. Um pesquisador (?) falacioso faz tudo para provar sua teoria. Um quadro pintado não quer mostrar nada a não ser a interpretação individual de quem o vê. Assim também como uma música que, ao ser ouvida, pode transmitir paz, esperança, romance ou vontade de sair a procurar mulher.

Há alguns anos, o cantor Agnaldo Timóteo gravou uma música chamada Meu Grito. Para nós, do interior, transmitia o grito de um amor entre um homem e uma mulher;
Para os das grandes capitais parecia o grito do amor entre um cantor que diziam ser homossexual e um homem; Para o autor da música, Roberto Carlos, era um grito de um amor entre ele e a sua amada Nice, que era divorciada e que, naquele momento jurídico do país, tinham que casar em outro país. Portanto, a verdade era analisada por quem quisesse ou da maneira que melhor aprouvesse.

O que é ser feliz ? Pode ser ter grana, pode ser ter fé, pode ser morar em Paris, pode ser torcer para o Inter ou Grêmio, pode ser a beleza física, pode ser o sucesso profissional ou social. Cada qual tem sua receita, cada um tem a própria visão. Alguém pode ser visto como feliz por ter tudo aquilo que não temos. A merda é essa, é querer sempre o que nos falta, ao invés de valorizarmos o que temos. O mundo é de cada um, cada um tem seu mundo e ele é bom ou ruim pela vida que levamos.

Agora mesmo, incessantemente, a televisão mostra o julgamento de Lindenbergh. Ora, é apenas um entre sessenta mil assassinatos acontecidos a cada ano. O sensacionalismo pode dar a entender que estamos fazendo justiça. Mas e os corruptos e corruptores, os fraudadores de impostos, os mágicos neo-ricos ? Justiça é somente para o adolescente que se droga e que porta armas, é somente para os da periferia ?

Dizem por aí que somente a cultura pode promover as mudanças sociais que tanto necessitamos. Citamos os europeus como parâmetros. É bom lembrar que na Berlim destruída no pós-guerra de 1945, os berlinenses tiravam uma hora por dia para juntos reconstruir a cidade. Mas não era porque são melhores que os homens de outros lugares. Era porque se não comparecessem aos locais de trabalho não teriam direito ao kit de pão e leite. É que lá na Europa as pessoas, cultas ou não, cumprem as leis porque se não cumprirem vão para o xilindró. Comenta-se que aqui no Brasil o único camarada que foi para o xadrez foi o Mequinho.

O mundo somente será mudado com a execução dos deveres. Como não conseguimos exercer o voluntariamente o humanismo, constituímos o Estado, através de um contrato social. Ele fala, ou pelo menos, deveria falar por nós. É, parece que vivemos uma grande ilusão, mas é claro, é somente minha intimista opinião e que, por isso mesmo, nem deve ser levada a sério.


por Jorge Anunciação.

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