terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Agricultura do tempo da Brasília



Quando a gente observa a evolução tecnológica na agricultura brasileira e mundial, várias comparações podem ser realizadas. É inegável o aumento significativo do rendimento das principais culturas, como somatório de fatores, como o uso dos melhores cultivares, a utilização das tecnologias de manejo mais adequadas atualmente disponíveis, nas melhores condições de solo e clima.
Mesmo enaltecendo o aumento médio do rendimento, chama a atenção a enorme diferença de rendimento observado entre produtores que usam a tecnologia e muitos que ainda não inovam. Isso não tem nada a ver com solo e clima, pois ocorre nas mesmas coxilhas da região. Não perceberam ainda a velocidade com que as novas tecnologias são desenvolvidas e a importância que as mesmas tem para o aumento da produtividade, mas, principalmente, do aumento da rentabilidade.

A evolução das tecnologias de manejo de culturas pode ser comparada com a evolução dos automóveis. Certamente, muitos leitores dessa coluna, tiveram, como eu, uma Brasília da Wolkswagen, em meados da década de setenta. Essa grande indústria automobilística tinha criado a Kombi e depois o Fusca, um dos carros mais populares da história do automóvel.

Os grandes engenheiros da Wolkswagen então criaram um carro mais espaçoso que o Fusca. E, com a inauguração de sua fábrica em São Paulo, homenagearam o Brasil dando o nome ao novo carro de Brasília, a nossa capital federal. Pois, em 1977, troquei meu Fusca amarelo por uma “flamante” Brasília branca. E, esse foi meu carro até o ano de 1981.

Mas, como era essa Brasília?

Não tinha direção hidráulica, vidro elétrico, airbag, freio ABS e injeção eletrônica, componentes que hoje nós não abrimos mão. Apresentava dois carburadores e a eficiência era de 4 a 6 km por litro de gasolina.

Entrava poeira por tudo quando se andava em estrada de terra e água quando chovia. Mas, a principal característica era que o motor estava na cabine, atrás do banco do traseiro. O barulho dentro do carro era insuportável. Claro que a gauchada logo encontrou uma solução para atenuara a barulheira. Colocavam sobre a tampa. acima motor, um pelego, vermelho pelos colorados e azul pelos gremistas. Mas, não era suficiente. Então, se comprava um tapete de borracha preto, grosso (e feio) e o barulho era abafado. Para deixar bonito o carro, um pelego em cima.

Tínhamos, na época, outras opções de carro, como o Fiat 147. Com muita freqüência as pessoas se perguntavam: por que o nome 147? A resposta era simples: um carro com 147 defeitos. Também era conhecido como o maestro, pois dava um “conserto” em cada esquina.

Pois vejam, como evoluíram os carros desde 1977 até hoje, seja da Wolkswagen, da Fiat ou qualquer outra marca. As fábricas foram colocando no carro, ao longo do tempo, as mais inovadoras tecnologias desenvolvidas pela pesquisa. Ainda lembro que em 1989, o então Presidente Collor, num de seus pronunciamentos “marqueteiros” de domingo de manhã, disse que os carros brasileiros eram umas “carroças” quando comparados aos carros encontrados nos países desenvolvidos.

Parece que aquilo mexeu com as indústrias, que inovaram. Os grandes beneficiados da adoção dessas tecnologias inovadoras somos nós consumidores, seja pela beleza dos carros , sua segurança, eficiência mecânica e durabilidade.

Exatamente, essa é a grande mudança tecnológica ocorrida na agricultura nos últimos 30 anos. Os produtores que inovam estão obtendo rendimentos recordes. E, milhões de produtores, fiéis às técnicas do passado, obtendo baixos rendimentos. Continuam fiéis a tecnologia da Brasília.

De nada adianta o desenvolvimento de novas tecnologias, se as mesmas não são adotadas pelos produtores.


por Elmar Luiz Floss.

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2 comentários:

  1. O cachorro correndo atrás do automóvel ... o carro para e ele não sabe o que fazer.

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  2. O cachorro correndo atrás do automóvel ... o carro para e ele não sabe o que fazer.

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