sábado, 3 de setembro de 2011

A vida é uma festa que sempre acaba em velório



A vida é uma festa na qual todos nós somos convidados, e onde cada um recebe de presente a própria vida. Ela vem embrulhada em um pacote feito de pele, ossos, carne e sangue, entre outros componentes orgânicos.

As semelhanças entre os presentes terminam por aí. Pois muitos recebem a vida somente com o kit básico, chamado de corpo, não necessariamente em boas condições de uso. Já outros chegam ao mundo contando com diversos acessórios, tais como: dinheiro, beleza, um palpite certeiro dos números da mega-sena acumulada, etc. Estes acessórios acabam determinando uma coisa que não deveria ter preço, que é o quanto vale a vida de cada um.

Enquanto para uns parece que a vida não vale nada, para outros ela vale milhões (muitas vezes cotada na bolsa de valores). Sempre ouvimos histórias de como algumas pessoas transformaram suas vidas em um verdadeiro presente maravilhoso, brilhando e fazendo sucesso através delas.

Mas também encontramos aqueles cuja existência parece ser algo insignificante, agem como se não soubessem muito bem o que fazer com a vida que fluí em suas veias e acabam estragando-a, seja no mundo das drogas, da marginalidade, da futilidade, da mesquinharia, ou mesmo pelo total desprezo com as demais vidas que circulam em sua volta. Também não podemos esquecer aqueles que sempre se colocam no papel de pobres coitadinhos, sem fazer nada para melhorar sua situação.

Partimos do princípio que nós todos somos iguais, porém, dotados de corpos e mentes diferentes. O ser humano passa por muitas dificuldades, pois se já é um parto para poder nascer, imagine o trabalhão que dá para se manter vivo então. É neste contexto de superar limites para viver e sobreviver, que muitas pessoas impõem para si mesmas a meta de alcançar a perfeição. Muitas vezes sem se darem conta de que esta busca é uma espécie de ato egocêntrico.

Dizem que até já existiu alguém totalmente perfeito andando sobre a Terra (as fábulas fazem parte da alma do ser humano ou vice-versa). Por isso, qualquer outro indivíduo disposto a repetir tal façanha poderia ser considerado um mero plagiador, sem falar que o esforço despendido para alcançar tal grau de perfeição deixaria qualquer um literalmente pregado.

Somos seres perfeitamente imperfeitos, contrastando com a nossa imagem de imperfeita perfeição. As pessoas julgam que junto com a perfeição alcançarão também a felicidade, mas estas duas coisas não estão necessariamente atreladas. Ao contrário, muitas vezes esta procura pode causar erros e danos no livro de nossa história existencial. E assim seguimos nossas vidas errando ao tentar acertar. Por exemplo, ao tentar deixar um planeta melhor para os nossos filhos, nos esquecemos que o ideal seria criar os filhos para que fossem pessoas melhores para o nosso planeta.

Mais do que a própria perfeição, deveríamos tentar adquirir doses maiores de afeição. Trabalhar para que outros também consigam melhorar em suas vidas, ou pelo menos, auxiliá-los diante de seus fardos. Fazendo isto, provavelmente conseguiremos melhorar a nós mesmos.

Nossas vidas apresentam diversas ranhuras, imperfeições que são características pessoais de cada um. Dispomos de traços de personalidade que nos diferenciam de outros seres, e antes de tentarmos mudá-los, é preciso saber aceitá-los, entendê-los como são, e deste conhecimento forjarmos as ferramentas necessárias para nos tornarmos indivíduos melhores, desde que este melhor realmente seja o melhor para nós.

Antes de tentar ser alguém com todas as respostas, talvez devêssemos rever e quem sabe até mesmo apresentar novas dúvidas para tudo àquilo que se julgava já estar esclarecido. Afinal, tudo que é definitivo é incompleto em sua essência. A única certeza que podemos ter é a de que a vida é uma festa (boa ou má) que sempre terminará em um derradeiro velório.

Por:Antonio Brás Constante. Via e-mail.

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