sábado, 13 de agosto de 2011

Intrigas, lástimas e calamidades...



A velha idade da pedra estava mesmo lascada. Quando o famoso homo sapiens abandonou os grunhidos para desenvolver a comunicação verbal, deixou de ser tão sapiens na hora de optar por qual dos caminhos prosseguiria. O caminho da linguagem, como polimento cultural pelo refinamento e sensibilidade para as percepções e sentidos da realidade e do saber ou, o outro caminho perverso: para matar a curiosidade, espalhar fuxicos, dilacerar e denegrir imagens; a arte de falar mal e se intrometer na vida de outrem, sem que a letra do animal (aqui vale o anagrama - ao contrário - animal-lâmina) rume pro espelho.

A sociologia veio com o papo do “homem, animal social”. Na verdade, os aglomerados urbanos compartilham individualismos, competitividade e fofocas. Fizeram-se os noticiários e periódicos para cuidar da vida dos outros. Artista e paparazzi, uma eterna disputa. Surgiram revistas especialistas no ramo. E o homem viu que era bom. Principalmente o empresário; viu que era lucrativo.

Crimes alarmantes: corpos são velados por urubus, flashes e curiosos. Entrevistador em pose estática com o microfone. A fala metódica e pausada. Entrevistados e papagaios de pirata, descontraídos e curiosos. Tchauzinhos. “Eu queria mandar um beijo pra minha mãe, pro meu pai e pra você”. Sangue, vestígios e palavras se misturam. Ali no chão, em close para a câmera, o corpo cuja vida valera um cigarro negado ao assassino pedinte.

Os curiosos lá com suas vontades de serem enquadrados na tela ou retangulados em fotografias. Haverá consumidores das notícias sempre cíclicas e atuais, para serem esquecidas no dia seguinte.
Reclusão, detenção, bons antecedentes, livramento condicional, liberdade provisória, apelação, revisão criminal são efemeridades. Não importa. Sucessão de fatos que se repetem na sequência cotidiana do mundo. Peculiaridades legais da justiça.

Não se assustem, olhos! Há amenidades ao lado, na padaria, o parquinho já se instalou na cidade, o final do campeonato, a proximidade do carnaval. Tem filme novo na TV aberta, tem companhia para todos os bolsos e gostos nas noites vazias, embaladas por outros flashes de luzes multicores das pistas de dança. Tanto espaço por aí, e não se acha o lugar para guardar a solidão? Há, de fato, outros lugares e outras procuras mais eficazes, mas o olho insiste em não vê-las!
Vem ali um modelo novo de última geração. Um apetrecho para espalhar mais notícias, em tempo imediato na aldeia global.

O quê sentiu o homem-bomba, instantes antes de o botão trágico vencer a sua vontade de ramificar a semente da vida? Outros fuxicos, outros boatos, outras boates, no acaso, no ocaso, oco, chocho, sem coragem, frouxo. Algumas mentiras tidas como verdades. Mais notícias? É a modernidade. Acostume-se!


Por Leonardo Teixeira.

Participe, opine sobre o texto!!!


2 comentários:

  1. Olá meu caro amigo William!!!
    Belo texto meu amigo, valeu!!!
    Aprendemos a falar, mas não aprendemos a qualificar o que falar, ainda temos muito de animal irracional...
    Parabéns pela ótima postagem!!!
    Tenha um domingo abençoado!!!
    Grande abraço e muita paz!!!

    ResponderExcluir
  2. Lamentação e pessimismo podem alastrar-se através de contágio mental.. Quando alguém vem com sua energia negativa pra cima de mim, reclamando de todos ou acusando deixo reclamar até cansar.
    Há pessoas que parecem ser usadas; que intriga e queixa, no fundo, são resíduos de doenças da alma, comparáveis a certas culturas microbianas
    que decorrem de infecções no corpo. Para fazerem o mal, para instigar brigas e desarmonia. Responder a uma ofensa é lutar por um poder falso, pois querer ser melhor fazendo exatamente o pior, pois ninguém é perfeito. abs

    ResponderExcluir