terça-feira, 12 de julho de 2011

Intolerância virtual hackers



Hackers, ao invés de aproveitar sua habilidade para se expressar, ou levar adiante aquilo que pensam, a usam como arma para calar.


Existem várias formas de manifestação, algumas representam uma vontade da maioria: a campanha pelas diretas na década de 80, e outras a de algumas minorias: a Parada Gay, ou as que querem apenas promover alguma coisa, como a Marcha para Jesus.

Nessa semana, além desses dois eventos que procuram chamar a atenção para direitos elementares ou simplesmente para pregar a paz, um movimento mais silencioso atacou sites do governo, órgãos federais e municípios. Os ciberataques parecem que tem uma conotação política contra o governo. O palco é o novo, mas a estratégia antiga. O resultado, o mesmo.

Ao longo dos anos, principalmente depois que a democracia foi restaurada no Brasil, os protestos públicos se tornaram uma forma recorrente de manifestação. Bloquear rodovias, invadir órgãos públicos ou propriedades privadas passou a ser uma forma de pressionar, mostrar descontentamento ou pedir providências.

No inicio o restante da população reconhecia a legitimidade das manifestações e, em alguns casos, até apoiava. Com o tempo o transtorno causado às outras pessoas provocou uma antipatia a esse tipo de manifestação. As greves provocam prejuízos ao governo ou patrões, mas causam transtornos terríveis ao restante da população. E também ninguém gosta de ficar parado na estrada por conta de uma rodovia bloqueada por manifestantes.

Os ciberataques promovidos por hackers que derrubaram websites governamentais, que alguns apontam até para um movimento inclusive com denominação própria, tendem a causar o mesmo efeito. Tentando mirar o governo, acabam acertando a população, que é a usuária desses sites.

Quem atua na área de informática deveria saber que atualmente os sites governamentais, em todas as esferas, não são mais como revistas, ou seja, páginas para serem visualizadas e que possam promover algum tipo de propaganda governamental. Hoje os sites são utilitários.

A população declara imposto de renda pela internet, confere quando receberá a restituição, confere se seu nome está na lista de aprovados para o curso gratuito de preparação para o Enem. Coisas desse tipo.

Os hackers acham que atacando websites governamentais vão prejudicar o governo. Parecem não entender ou aceitar o óbvio: governos não vão parar de funcionar só porque sites foram derrubados. Os governos existiam antes da Internet e podem muito bem continuar a operar mesmo que ela não exista mais.

Eu até acredito em movimentos organizados contra governos, desde que expressem a legitimidade de um povo, como os casos que vem ocorrendo no oriente médio e África, onde a vontade geral de um povo, influenciada ou não, se levanta contra um governo que consideram oprimi-lo. Na verdade, a legitimidade deste cibergrupo é apenas a vontade de seus integrantes. Talvez procurando inflar o próprio ego.

Em razão de sua capacitação técnica para derrubar websites governamentais essas pessoas parecem acreditar que são uma nova elite. Uma espécie de aristocracia virtual com uma missão quase sagrada. Qualquer que seja a origem dos seus títulos, os aristocratas sempre exerceram, ou quiseram exercer, um poder sem qualquer tipo de controle ou limite.

O governo é eleito pela maioria, se causa descontentamento, existem mecanismos legais para colocar as coisas nos eixos. Acredito que mesmo quem não votou no atual governo, também não deu a esse grupo de hackers direito de agir em seu nome. Melhor do que derrubar websites governamentais é usar a internet para denunciar abusos do governo e até mesmo tentar influenciar a opinião pública.

Esses hackers parecem tentar se mostrar comprometidos com valores democráticos, mas na verdade se revelam apenas intolerantes. Ao invés de aproveitar sua habilidade para se expressar, ou levar adiante aquilo que pensam, a usam como arma para calar.


por: Ivanor Oliviecki.

O que você acha da ação desse grupo? Comente, participe!

Um comentário:

  1. Amigo, o termo hacker está mal empregue.
    Hacker é aquele com muito domínio sobre a informática, nomeadamente, na área da segurança.
    Ele apenas ajuda e, aplica os seu conhecimentos para o bem e, para certas causas.
    Crackers, destroem e, são maldosos.
    Hacker é motivo de orgulho!
    Atenciosamente,

    Atenciosamente,
    Carlos Leite, http://opintordesonhos.blogspot.com

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