segunda-feira, 16 de maio de 2011

O que você coleciona ou colecionou?



Guardar e preservar itens variados, além de ser um dos mais antigos hobbies da humanidade, ajuda a entender melhor a história de forma divertida.

Em uma rápida visita a qualquer dicionário, encontra-se uma definição do termo coleção: “reunião de objetos da mesma natureza; reunião de objetos escolhidos por sua beleza, raridade, valor documentário ou preço”. Entretanto, o hábito de colecionar extrapola esses primeiros conceitos, sendo uma das atividades mais antigas da humanidade. Tudo é passível de ser colecionado: de figurinhas de papel a latas de cerveja, camisas, selos, quadros, estatuetas, insetos, livros... Mas o que explica esse hábito tão antigo?

“Numa primeira análise, colecionar poderia ser considerado apenas como uma forma de entretenimento, um simples ‘hobby’. Mas uma análise mais atenta demonstra tratar-se de uma atividade mais profunda e importante: o colecionismo é uma arte e uma ciência e desenvolve o aprendizado, sendo uma atividade cultural por excelência.”, explica Geraldo de Andrade Ribeiro Jr., filatelista desde 1959, presidente da Federação das Entidades Filatélicas do Estado de São Paulo e coordenador do Centro de Memória Filatélica do IHGSP. Segundo ele, “a história relata, em diversas etapas do desenvolvimento humano, uma série de pessoas, em diferentes locais, preocupadas em guardar, armazenar objetos, de modo a preservá-los.

Se isto não tivesse ocorrido, não teríamos, hoje, o conhecimento que temos de nosso passado. Os grandes acervos, em todo o mundo, quer particulares, quer de museus, arquivos, etc., iniciaram-se, em sua maioria, por pequenas coleções particulares.”

Coleções clássicas
O hábito de colecionar ainda encontra muitos adeptos ao redor do mundo. Simples ou simplesmente milionárias, as coleções podem ser uma representação de toda uma época ou sociedade, e também de nichos específicos. Ao analisar-se, por exemplo, meninas nascidas do final dos anos 1970 ao final dos anos 1980, é comum que certos itens, como papéis de carta e bonecas, fossem os colecionáveis favoritos. Os meninos da mesma época voltavam sua atenção para figurinhas, carrinhos, latinhas de cerveja e até mesmo carteiras de cigarro vazias. O taxista Frederico Lopes, 27, conta que gastava quase toda sua mesada na banca de revistas com figurinhas variadas. “O hábito passou de pai para filho, pois meu pai sempre chegava em casa com um imenso bolo de figurinhas para abrirmos juntos”. Ele conta que deixou poucos álbuns com colantes faltando ao longo dos muitos anos de infância em que se dedicou às coleções. “Hoje não tenho tempo mais para dedicar às figurinhas, mas se tivesse, com certeza manteria o hábito”.

Coleções modernas
A internet acabou com muita coisa, como vendedores de enciclopédia que batiam de porta em porta e a febre quase semanal de álbuns de figurinhas nas bancas de revistas dos bairros. Contudo, essa revolução virtual trouxe outros tipos de colecionáveis e outras formas de colecionar. O garçom Vinicius de Moraes, 28, se desfez de quase 4.500 gibis assim que comprou um scanner. “Sempre colecionei quadrinhos desde moleque, mas teve uma hora em que eles não cabiam mais no meu guarda-roupas”. Vinicius, então, escaneou todas as obras, catalogou-as por tipo e data de lançamento e hoje possui todo o seu acervo no HD de seu computador. “Aí doei as revistas. Afinal, já havia lido todas e sempre que precisar posso olhar algum detalhe com um clique. E recuperei meu guarda-roupas”, conta.

A estudante Letícia Paulino, 19, é outra que se enquadra na turma dos colecionadores modernos. Quando os Trading Card Games viraram febre, lá na década de 1990, substituíram o clássico rpg de mesa motivados pela invasão de desenhos animados que serviam para disseminar uma série de produtos no mercado – uma estratégia que já havia sido utilizada antes por aqui, em desenhos como He-Man e G.I. Joe, que lançavam brinquedos variados sobre as animações e vendiam horrores. A estudante vai na onda: “Tenho tantos cards que não consigo contar.” Letícia também coleciona Pokemóns (aqueles monstrinhos fofinhos como Pikachu e companhia) desde os 8 anos de idade. “De Pokemón eu tenho miniaturas, coleção de cartas, e todos os jogos também. Também vou aos campeonatos de Pokémon de liga etc, já fui até finalista”, ressalta.

Coleções eternas
Algumas coleções são motivadas por paixões. No país do futebol, não é raro que torcedores fanáticos – ou nem tanto – guardem durante anos uma série de itens relacionados com o time do coração. Lembrancinhas simples, como flâmulas, faixas, bonecos e até canecas de times de futebol, até itens mais raros, como camisas autografadas, são achado certo na casa de muitos torcedores pelo Brasil. É o caso do administrador Samuel Bilenjian Ribeiro, 31: ele possui mais de 200 camisas do São Paulo Futebol Clube, que adquire desde 1990. “Já fui fanático por futebol, mas estou mais moderado”, explica. Sobre as camisas, Samuel conta que foi comprando e, quando viu, tinha um monte. “Decidi colecionar mesmo em 2005, visto que tinha muitos itens.” E há um detalhe interessante: o administrador conta que não usa nenhuma das camisas desde 2000. O motivo? Superstição: “Dá azar para o time”, conta Samuel. Quem quiser conferir a coleção do são-paulino basta acessar o site www.maquinatricolor.com

A diversão das coleções está exatamente na infinita variedade de itens que se pode preservar. Algumas têm valor apenas sentimental, outras valem muito dinheiro e são invejadas por outros colecionadores ao redor do mundo. Umas estão completas e deixam os donos orgulhosos, outras não se completarão nunca, e talvez sejam até mais divertidas. Em comum, todas têm a mesma coisa: contam um pouco da história e da personalidade de cada pessoa, de cada povo, de cada época. E você? O que você coleciona?


Por Humberto Wilson.

Realmente um belo passatempo. Comente, deixe seu recado!

Um comentário:

  1. Olá Junior,
    Colecionava Fita K7 de música.Tenho 532 originais.
    São pérolas.
    Agora que não fabricam mais, apenas as guardo
    Um abraço.

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