domingo, 22 de maio de 2011

Indignação de um professor com a cortina de fumaça e cartilha gay contra o MEC



"Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante!"
(Paulo Freire)
Começo este e-mail com o sempre citado, mas pouco seguido, educador Paulo Freire não para passar um ar de credibilidade ou seriedade intelectual, mas para chamar à razão para o cavalo de batalha que estão fazendo contra o MEC, não devido ao livro obscuro escolhido para "des"ensinar a norma culta de nosso vernáculo, e sim sobre a intolerância sobre a tal "Cartilha Gay".

Desde os anos oitenta que os valores relativos a educação/ escolas mudou significativamente, desde então a escola era não somente responsáveis pelo ensino formal, mas também pelo doméstico, uma vez que cada vez mais ausentes os pais passaram a delegar a escola a responsabilidade de ensinar o que deveria ser aprendido em casa; passou a ser culpa da escola comportamentos violentos, o bullying, a falta de respeito generalizada... mas os pais esquecem que aprenderam como se deve respeitar mais velhos, professores... como ser sociável, em suas casas com seus pais. Então por que deveria a escola ensinar agora?

Bem, o dano já estava feito, as escolas acataram esta nova responsabilidade, "somos aqueles que ensinaremos cidadania, responsabilidade civil, respeito as leis", seremos os pais destes futuros cidadões! Porém o tiro acaba por sair pela culatra, nossos professores não são preparados para serem "pais e mães" destes alunos, principalmente dos alunos adolescentes que já possuem um caráter formado (ou em final de formação), e muitas vezes já viciados ou corrompidos pela total falta de limites parentais.

Agora o MEC resolveu, como "pais", conversar sobre sexualidade com seus "filhos", mas o que aconteceu a partir dessa decisão? Os pais ausentes e a massa pseudo religiosa ficou indignada, levantaram as vozes dizendo coisas como: "isso é um abuso do governo", "Somos nós que devemos falar isso com nossos filhos", "isso poderá influenciar os jovens".

Agora os filhos lhes pertence e não mais a escola, abuso do governo? mas ele teve o aval de vocês desde os anos 80 para cuidar da educação informal (doméstica); Sim jovens são mais facilmente influenciados, mas orientação sexual não cabe no rol de coisas que podem ser imputadas sob influência externa, é algo interno do ser humano ser ou não ser homosexual, ou heterosexual ou mesmo qualquercoisasexual.

Esta discussão sobre a "Cartilha Gay" parece uma cortina de fumaça para distrair as atenções do que realmente interessa na educação no Brasil, coisas como a falta de merenda por que o dinheiro foi usurpado para fins pessoais (uma diretora foi exonerada por apontar para onde o dinheiro foi - isso é absurdo), livros didáticos que ao invés de normatizar a língua em nosso pais continental, mostra que falar errado é possível e adequado, provas do ENEM que em nada são seguras e confiáveis.

Faço minhas as palavras do cronista da Rede Globo Alexandre Garcia:

"quem é nivelado por baixo, tem uma vida nivelada por baixo".
Não sejamos cegados por esta discussão sobre sexualidade e sim olhemos o descaso para com a área que escolhemos para nós - A EDUCAÇÃO!

Vamos nos unir ao poder judiciário que repensou e aprovou a união homoafetiva, mostrando que pensar que homosexualidade é pernicioso é preconceito e por isso a educação deve também trabalhar sobre o tema, mas com um acompanhamento, auxílio e colaboração direta e ativa dos pais que desejarem rever seu papel de educador.


Atenciosamente, Daniel Manso.

3 comentários:

  1. Olá,
    também me revolto com os pais que passam para a escola o papel de educar seus filhos.
    Acho que a escola deve trabalhar o tema da homoexualidade como trabalha todos os outros temas sociais.
    Como educadora, tento faz\er as coisas da forma que acredito.
    Um abç.

    ResponderExcluir
  2. Em parte você tem razão, Daniel. Te posso chamar assim? Estão desviando a atenção para aquilo de mais importante que é a falta de estímulo que o tal livro de português provoca e as condições precárias com que a educação é encarada no Brasil. Uma verdadeira lástima! Minha mulher é professora primária de uma escolinha municipal por isso sei o quanto é precária sua condição de trabalho.
    Porém quanto a cartilha gay, discordo de você. Sou pai de quatro filhos e não me recordo em momento algum de minha vida de ter passado para a escola meus deveres de pai quanto à educação de meus filhos. Assim sendo não autorizo e não concordo que a escola assuma o papel de "educar", segundo a visão dela, sobre um assunto tão delicado.
    Não tenho preconceito em relação aos gays, mas me arvoro no direito de assumir a educação de meus filhos quanto ao assunto, de transmitir a eles valores morais que eu e minha esposa consideramos justos, independente da orientação sexual de quem quer que seja.

    ResponderExcluir
  3. Carta aberta de Toni Reis.

    Esclarecedora:

    http://www.foradoarmario.net/2011/05/carta-aberta-de-toni-reis-presidente.html

    ResponderExcluir