quinta-feira, 26 de maio de 2011

Autoridades ainda não sabem como enfrentar o oxi



Nova droga devastadora já se espalhou por diversos estados brasileiros.
Tão ou mais devastador do que o crack, o oxi rapidamente tomou as ruas de diversos estados do país. O problema é que essa nova droga também é barata e atinge em cheio a população de rua, propiciando o aumento no número de pequenos roubos e furtos. As autoridades já ligaram o sinal de alerta para a questão, que envolve as áreas de segurança e de saúde pública, mas ainda não sabem como enfrentá-la.

No Rio, por exemplo, técnicos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) passaram a desenvolver uma metodologia para detectar a presença de oxi em entorpecentes encontrados pela polícia, já que ainda não há uma amostra para se fazer comparação. O estado pode ter registrado a primeira apreensão da droga no último dia 17, quando policiais prenderam um homem em Niterói com 18 pedras, que, segundo ele, são de oxi. Os agentes, no entanto, ainda aguardam um laudo oficial com o parecer da substância.

Em São Paulo, policiais do Departamento Estadual de Investigações Sobre Narcóticos (Denarc) já têm recebido treinamento para distinguir o crack do oxi, que, quando queimado, deixa um resíduo de óleo.
Produzido na Bolívia e no Peru, o oxi entrou no Brasil em 2005 pelo Acre e pelo Amazonas.

Atualmente, além desses estados, já há registros no Amapá, Pará, Ceará, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Assim como o Rio, Rondônia e Piauí também aguardam a confirmação de laudos de apreensões que podem ser da nova droga. Diante do alastramento do consumo, o deputado Anderson Ferreira (PR), no último dia 12, apresentou um projeto de lei que aumenta em até o dobro a pena por tráfico se a substância comercializada for oxi.

A nova mistura, dependendo do mercado, chega a ser cinco vezes mais barata do que o crack. Em média, custa 1/3 do preço. Mas, segundo o homem que foi preso supostamente com oxi em Niterói, a droga está mais cara do que o crack no estado do Rio pela alta procura.

O receio das autoridades é que a busca pela novidade possa estimular ainda mais o tráfico, o que acabará fazendo o preço da droga cair e atingir ainda mais usuários. Já em São Paulo, a Polícia Civil já suspeita que os traficantes vendam o oxi, que custa R$ 2 a pedra, como se fosse crack, que vale R$ 5, para garantir um lucro ainda maior.

O médico Jorge Jaber, especializado em dependência química em Harvard, acredita que as autoridades não estão preparadas sequer para lidar com o uso de maconha e de cocaína. O especialista, que dirige um serviço de tratamento gratuito a usuários de drogas na Câmara Comunitária da Barra da Tijuca e tem uma clínica particular em Vargem Pequena, ressalta ainda que o tratamento para viciados em oxi é mais caro porque são necessários mais cuidados clínicos. Além disso, o tempo de internação também é maior.

Ele explica que ainda não há dados científicos suficientes que permitam afirmar categoricamente que o oxi é hoje a droga mais devastadora para o organismo. Ele ressalta, no entanto, que devemos considerar que a mistura é uma evolução negativa do crack, que, por sua vez, é uma evolução negativa da cocaína. Isso já é um indício que a nova droga pode causar maiores problemas à saúde.

O crack e o oxi são produzidos a partir dos restos do refino da cocaína. Assim, as três drogas têm o mesmo princípio ativo e provocam a aceleração do metabolismo do usuário. O que varia é a intensidade. Jaber chama atenção para o fato de o oxi ter, em sua composição, produtos oriundos do petróleo: “Ele é resultado basicamente de cocaína misturada a querosene, por exemplo. Imagine agora a consequência de se fumar querosene”.

O efeito é tão devastador que um estudo realizado no ano passado pelo Ministério da Saúde com 100 usuários do Acre mostrou que um terço dos entrevistados morreu antes de completar um ano de consumo de oxi.


Por Fernanda Dias.

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Um comentário:

  1. Eles vão resolver do mesmo jeito que fizeram com o crack, a heroína e a maconha: não farão nada.

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