terça-feira, 19 de abril de 2011

Olho que tudo vê...



A evolução e variedade de celulares trazem uma enorme quantidade de funções em um único aparelho. Entre elas, as câmeras fotográficas se disseminam rapidamente por unirem o útil ao agradável. O avanço tecnológico faz com que a qualidade das imagens capturadas supere a de muitas máquinas point-and-shoot.

Telefone, despertador, acesso à internet, jogos, câmera, aplicativos variados para diversão e trabalho: é difícil competir com esse combo de funções. Ainda mais quando ele vem em um aparelho só, que cabe no seu bolso. É esse o grande diferencial dos celulares modernos quando o assunto é fotografia: não é necessário portar uma câmera digital, que depois terá que ser conectada ao computador para você utilizar a imagem do jeito que quiser.

Um bom celular faz isso. Sem precisar de cabos. Sem precisar sair de onde quer que você se encontre, na verdade.

Os questionamentos de um fotógrafo profissional quanto à real utilidade de uma câmera em celulares são diversos e bem fundamentados: “Tem zoom? Dá para trocar o cartão de memória, se é que tem? Posso colocar filtros na frente das lentes? Dá para ajustar o foco? Tem flash? E opção de flash externo? Grava vídeos em formato AVI? O processador de imagens é de no mínimo 14 bits? A bateria do celular dura quanto?”

Todas perguntas plausíveis para determinar se aquele aparelho atende às suas necessidades como profissional. O leigo ou o amador, em contrapartida, só tem duas perguntas, tão rápidas e precisas quanto os cliques do telefone quando ele tira fotos de amigos em um bar ou uma viagem: “Faz tudo isso mesmo, é? Quanto custa?”

Apontar e atirar
A revista especializada Digital Photographer Brasil realizou uma análise no final de 2010 questionando a função das máquinas point-and-shoot frente à qualidade da nova leva de celulares equipados de câmeras muito boas para a função. Em sua matéria, o fotógrafo e redator-chefe da publicação Mário Amaya explica que “um dos méritos da tecnologia digital é a tendência da miniaturização extrema, que permitiu colocar câmeras cada vez menores em contextos cada vez mais insólitos. Até que chegaram sem pedir licença os telefones dotados de câmeras, intrusos totais no sacrossanto mercado fotográfico, e fizeram desabar o mundo das camerinhas de bolso...”. Amaya diz que o fim dessas câmeras se trata ainda de uma perspectiva futura, mas não tão distante.

“Quem acompanha as estatísticas de uso do Flickr (website para upload de imagens muito utilizado por fotógrafos no mundo todo) por modelo de câmera já percebeu uma tendência geral de declínio na participação geral do gênero das câmeras point-and-shoot básicas e uma correspondente expansão acelerada dos smartphones com câmeras.

Ainda não é um movimento explosivo, mas está acontecendo. E em parte, porque os celulares com câmeras conseguiram se diferenciar bem da oferta de câmeras do mercado tradicional.” Segundo Amaya, a receita do sucesso é simples: conectividade ilimitada e pequenos aplicativos divertidos e irreverentes.

Para o profissional, o principal motivo que explica a mudança rápida de tendência não é a melhoria na qualidade de imagem dos smartphones – com lentes pequeninas e sensores minúsculos, não dá para fazer milagres.

“A mais recente geração das point-and-shoots finalmente tomou jeito e pôs um pouco de lado a corrida insana dos megapixels, em prol de uma sensibilidade melhor em ISOs altos – o aspecto mais fraco das pequeninas.

O problema aqui é que, se a indústria de câmeras achava que a resposta que o público esperava era simplesmente aumentar mais um pouco a qualidade de imagem, quebrou a cara.” Segundo Amaya, as pessoas que toparam migrar das PowerShots e Cyber-shots para o iPhone não estavam desejando mais pixels, nem pixels mais limpos, e sim os recursos de portabilidade e conectividade que resumem a própria natureza dos celulares. Esta não é uma análise difícil de se fazer.

Estranhamente, as câmeras digitais de quase todas as marcas nunca tiveram como ponto forte a conectividade sem fio, de qualquer tipo que fosse. A capacidade de armazenar fotos em um cartão de memória, apesar de prática, não é o suficiente para competir com o acesso instantâneo à internet trazido pelos celulares modernos: clicou, salvou, enviou, acabou.

Depois é só checar o e-mail e usar a imagem quando e onde quiser. E mesmo se você der um azar tremendo e perder o telefone, as fotos que você já enviou não serão perdidas também. A praticidade é inigualável.

Big Brother Youtube
Bisbilhotar a vida dos outros é mania mundial. No País, o consagrado programa televisivo Big Brother Brasil convida o espectador a espiar integrantes de um reality show cujo objetivo é vencer as provas para destruir a chance de ser escolhido para um sistema de eliminação via voto popular.

Em sua 11ª edição, o programa manteve altos índices de audiência e é exaustivamente divulgado ao longo do dia na emissora que o transmite. Até aí tudo bem: quer você goste ou não do programa, quem está lá sabe que está sendo observado 24 horas por dia.

Porém, fora dali, nas cidades e ruas, é impossível dizer quando um celular vai capturar um momento constrangedor de uma pessoa. E a tendência é que o número de celulares com câmeras supere em muito o de câmeras simples – na verdade, é como se hoje em dia praticamente todo mundo tivesse uma câmera no bolso, pronta para fotografar tanto uma farra entre amigos, uma bela paisagem ou cenas inusitadas do cotidiano urbano.

Mas se a festa for uma despedida de solteiros, a paisagem estiver recheada de mulheres de biquíni e a cena inusitada envolver um momento de constrangimento seu o sistema é o mesmo: clicou, salvou, enviou, acabou.

Caiu na rede. Caiu a casa. Ninguém está a salvo do olho que tudo vê.

Por Humberto Wilson.

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