quinta-feira, 31 de março de 2011

Memórias e coleta de fatos



Na vida, como diz o escritor Rubem Alves, “é muito fácil contar o passado usando as memórias sem vida própria. É só coletar os fatos e organizá-los numa ordem temporal e espacial. É assim que se escreve a “história”. Já as memórias com vida própria, ao contrário, não ficam quietas dentro de uma caixa.” Na infopédia, conforme seus escritos, a memória pode ser classificada segundo critérios de duração:
– sensorial, que compreende a visão e a audição, ambos de escassa duração;
– imediata, a curto prazo, limitada a poucos objetos;
– recente, quando o espaço de tempo memorizado oscila entre minutos e algumas semanas;
– remota, quando mantém informação desde semanas até toda a vida.
Quanto ao conteúdo, no que se relaciona com a sua funcionalidade ou utilidade, a memória pode ser:
– de referência, quando contém informação recente e remota, retida através de experiências breves;
– de trabalho, que se aplica a um processo ativo, atualizável constantemente pela experiência de um determinado momento;
– episódica, quando retém informação relativa a fatos ocorridos num momento e lugar precisos;
– semântica, com informação que não varia;
– declarativa ou explícita, que é a que a História mais recorre, pois abarca os acontecimentos do mundo no passado – coletivos ou individuais –, que são necessários recuperar para serem recordados;
– de procedimento, implícita, que consiste na aprendizagem, conservação e destrezas, procedimentos que acabam por se automatizar sem necessidade de execução consciente (andar a cavalo).
Então, nas mais diversas definições, as nossas memórias, além do resgate de lembranças que nos são caras ou não, registram as histórias de vida, inclusive as que, muitas vezes, são desconhecidas em seus variados matizes, quando, por exemplo, a pessoa é destacada na sociedade.
Podemos rememorar fatos de férias passadas na infância numa fazenda ou de cunho pessoal em experiências familiares, profissionais e sociais que decidimos transformar, também, em publicações ou documentários, em que, por meio de um trabalho enriquecedor, trazemos um novo aspecto, com que oportunizamos a percepção das diferentes visões que os entrevistados apresentam para experiências semelhantes ocorridas em um mesmo campo da existência.
Até mesmo impressões de diversos líderes acadêmicos, artistas, estudantes e políticos, registradas em nossa memória, temos capacidade de resolver divulgar, para que a sociedade seja esclarecida sobre determinado assunto de seu interesse. Ocorrerá, então, a oportunidade de relatar fatos, experiências, explicar situações e atitudes, dar testemunhos e interpretações pessoais que podem ser autobiográficas ou não, para facilitar o entendimento das pessoas que não têm o acesso facilitado às informações.
Isso é muito importante, para o povo poder descobrir identificações, estabelecer laços, encontrar explicações e obter exemplos pessoais e profissionais de lugares, fatos e vultos da história atual ou dos não mais existentes.
Mas, felizmente, para a maioria e nem tanto para um grupo de privilegiados de todas as épocas, nos tornamos testemunhos vivos da história com memória. Para sua reflexão, procuro me espelhar na seguinte frase. “A capacidade de um homem está no poder de decodificar sua própria memória, sem desvios de conteúdo.


Antonio Alencar Filho.

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