quinta-feira, 31 de março de 2011

Geração destabuada



Minha atenção foi atraída num desses dias por um programa de rádio que debatia a validade de decorarmos a tabuada ou entendê-la. Me lembro que decorei a tabuada, aos 7 anos, na Oswaldo Cruz, com a Professora com "P" maiúsculo, Clarice Pereira Behrend, avó do Martin, até em cima de uma cantilena..3 x 7, 21, 3x 8, 24, 3x9, 27. Anos depois fui entender automaticamente a lógica do processo.

Lembro também que era vetado aos alunos o uso em sabatinas, as provas da época, o uso de lápis que tinham estampada a tabuada de 1 a 10. Hoje esses lápis não mais existem. Sintoma claro de que a tabuada não vende mais.

Penso que a discussão em torno da polêmica de decorar ou entender, se torna menor na medida em que o próprio amadurecimento mental do aluno repõe essa questão. Como aconteceu comigo, deve ter acontecido com milhões de alunos Brasil afora.

Hoje no entanto, se observa que caixas de supermercado, não sei se orientadas ou não a usar a calculadora, forçosamente, para evitar confiar na própria cabeça, se embaralham quando lhes tentamos facilitar o troco. Outro dia tentei facilitar o pagamento de uma conta de 47. 50, com uma nota de 50 e mais 2.50 Reais. Ela foi à calculadora, para checar a conta.

Noutros tempos quem cobra a conta agradeceria e de imediato me devolveria uma nota de 5. Quem multiplica com facilidade, soma e subtrai com mais clareza. Mas a coisa não se estanca por aí, como diriam Kraunus e Pletskaya. Quer dar um nó num caixa de mercado? Diga que vai levar duas dezenas de ameixas e meia dúzia de laranjas e que vai pagar na primeira quinzena do mês 4. Ela vai chamar o gerente ou quem sabe até a polícia. Além das caixas de mercado, os caixas, por sua vez, também não se safam de transgredir as máximas de Malba Tahan.


Podemos atestar que muita coisa que foi abolida na Educação nestas últimas quatro décadas, o foi equivocadamente, em favor de conceitos inovadores como a Matemática Moderna, verdadeira coqueluche nos meios docentes há 30 ou 40 anos.

Para mim,moderna é a matemática que ensina o aluno a pensar e um dia, sem energia na cápsula, poder trazer de volta à Terra, só com lápis, papel e cérebro, uma nave perdida como a Apollo 13.

Por Mauro Blankenheim

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2 comentários:

  1. muito bom esse texto!!sabe que essa danada de matemática sempre foi a minha cruz ,tabuada era fera mas meu carma era equação..rsss

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  2. Hoje em dia tenho dificuldade de ensinar matemática aos meus filhos, e eles por sua vez tem muita dificuldade de aprender a tabuada, dizem que preferem calculadora, que eu proíbo. Tem que saber de cabeça. Hunpf!

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