sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Me acorde quando for ontem novamente



A frase acima foi dita recentemente por uma garota que nem sei o nome e que ouvi ao acaso. Nunca saiu de minha mente, desde então e imaginei que poderia ser até título de filme ou livro dada a imensa possibilidade de expansão de idéias sobre ela.

Segundo os filósofos apaixonados pela filosofia grega (quem não o é?) jamais encontraremos a felicidade se nos debruçarmos sobre o passado, sobre a vida que já não é mais, sobre o que deixou de existir. A vida não pode ser ontem, a vida não pode ser o que passou (ah, como eram bons aqueles tempos!!!). A felicidade também não reside no que virá pelo simples fato de que o futuro não chegou ainda e, talvez, nem chegue (e, se não houver amanhã?). Então, é lógico, sensato e prudente que entendamos que a vida é aqui e agora, como diria o filósofo existencialista Gil Gomes. O melhor lugar do mundo é aqui e agora. O jogo é hoje, não importa se já vivemos vidas passadas ou se retornaremos para uma segunda chance para repararmos o que não saiu a contento. Então, não podemos perder a oportunidade de jogar bem e fazer bonito. Se há um criador e fomos projetados a sua imagem temos que corresponder nem que seja um arremedo, se não pudermos ser melhor que isso.

Como não há como ter referência sobre o que não foi vivido, isto é, sobre o futuro, muitos de nós fazem comparação sobre o que foi, sobre o ontem.

Me acorde quando for ontem novamente deve significar que o que ocorreu foi demais, totalmente demais e que a pessoa quer dormir até que o ontem retorne. Enquanto o ontem não voltar, não quer estar acordada, melhor sonhar o bom do que estar acordada para o não tão bom assim. Só que isso não é viver, isto é sonhar, e sonhar é latência e pode ser fuga. Sonhar é bom, mas não deve ser melhor do que viver.
Quando o jogo termina significa que terminou. Saborei-se sobre os louros da vitória e lambem-se as feridas da derrota e pensemos no próximo jogo. A vida é assim, o que passou, passou.

Um religioso fazia uma reflexão nas ondas de uma rádio local sobre o que entrou nas nossas casas a título da chamada modernidade. Entrou chuveiro elétrico, TV, geladeira, controle remoto, telefone, computador, internet e tudo o mais. Tudo isso veio para conforto e a vida ficou, por isso, mais cômoda e sobrou mais tempo para fazermos o restante.
No entanto, o que saiu de nossas casas foram a convivência, o diálogo, a oração, o sentar à mesa juntos, a devida atenção aos filhos e ao casal e tudo o mais.
Nossas vidas ficaram mais cômodas, mas não necessariamente ficaram melhores. Por isso, que a frase que intitula essa coluna pode ser aplicada a vida de cada um de nós. Talvez o ontem tenha sido melhor do que aí está exposto para muitos de nós. Mas, é uma questão puramente subjetiva, de cunho pessoal, intransferivelmente pessoal.

A Globo com essa maravilha chamada Big Brother conseguiu duas façanhas. A primeira é liquidar com a carreira jornalística de Pedro Bial transformando-o em animador de auditório e a segunda é dar a oportunidade que faltava para a gente desligar a TV e conversar em família. Acho que dialogar em família é bem melhor do que assistir o desempenho dos arquétipos inseridos no “programa”.

Quando está passando o “programa” acima dá-me a vontade de dizer – me acorde quando for ontem novamente, quando passava Os Waltons.


por Jorge Anunciação.

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3 comentários:

  1. Realmente seria muito bom mesmo, pois o agora esta péssimo e o amanhã pode ser tenebroso. Muito boa sua matéria amigão parabéns.
    Abraços forte

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  2. William,
    quando se fala em televisão eu tenho esta vontade, que me acordem quando for ontem, pois ontem havia os Waltons, Jornada nas Estrelas, Tunel do Tempo e muitos outros,as novelas exibiam no maximo um beijo mais euforico, a qualidade era muito melhor.
    Quando se fala em vida, vivo o dia de hoje, pois o ontem só me traz as recordações.

    bjus

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  3. Bom ....é so mudar de canal...Ninguem é obrigado a assistir o que nao gosta, e pra falar a verdade TODA A programação da Rede Globo é sofrivel.

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