sábado, 8 de janeiro de 2011

Máscaras do ódio


O ódio possui muitas máscaras. Percebê-las em nós é desafio arrepiante. Este sentimento envergonha de tal forma que estamos sempre em busca de sanção social e moral para acalmar a consciência. É resquício de selvageria. Precisa ser encarado em suas diferentes gradações. Veja, por exemplo, a aversão instintiva. O instinto não mente. Quando nos recusamos a aceitar o outro ou certo fato, é que algo muito forte nos predispõe à intolerância, à não aceitação. Resta saber se a autoeducação dá para cortar o mal pela raiz, civilizadamente. Será simples implicância, antipatia? Será que a situação lembra algo desagradável, não digerido ainda? No começo tudo é mais fácil de contornar. Quando se trata de intuição, que é tão verdadeira quanto o instinto, fica-se de sobreaviso. Há acontecimentos que aborrecem, complicam, geram clima de desconforto. Precaução é o mais indicado. Seja em relação a alguém, certo assunto ou percepção de bomba programada prestes a detonar. Esta rebelião interna deve ser encarada com sangue frio.

Quando a situação extrapola através da irritabilidade celular desponta a ira. Raiva descontrolada que interfere na conduta. Pode ser identificada pela reação física a este tipo de mal-estar. Surge calor interno, vasodilatação, enrijecimento facial e auricular (orelhas de pimentão vermelho). Envolve a participação dos circuitos cerebrais que conduzem à sensação de vítima injustiçada. Dimensiona o quadro psíquico e emocional de desrespeito e desqualificação. O acolhimento a esta sensação abriga o ódio como um câncer. Expandido irá proliferar, corroer o coração onde se instalou, alimentando-se do desespero e do sofrimento. Sob a sombra do ódio a reação é sempre contra ofensiva. Emite resposta danosa, que muitas vezes não justifica a violência da ação. O descontrolado, não mede palavras. Golpeia fácil com o que estiver ao alcance das mãos, sem noção do estrago. Surpreende-se como espectador dos próprios desvarios, impotente à caminho da fúria. Inconsciente, ataca tudo e todos sendo na verdade o mais atingido. Qual autômato atira à esmo acabando em autoextermínio iracundo.

As páginas da história sangram com estas memórias funestas. Vasta galeria de personalidades malévolas descarregaram seu ódio sobre milhares de vítimas inocentes em nome das mais variadas causas. Desfilam da justiça divina à justiça humana ornados por flagelos destruidores. Exilados do perdão algozes e vítimas bailam jungidos como corpo e sombra. Quadros dantescos pairam na psicosfera humana.
Além de ódios religiosos, políticos, étnicos, profissionais e familiares ainda é possível enumerar como piores, os ódios inconfessáveis. Haja estômago e coragem para encarar as máscaras do ódio.

Por Elzi Nascimento.

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2 comentários:

  1. William,

    O ódio é um pecado capital, antes de tudo. Odiar algo ou alguém é desperdiçar o nosso tempo e viver em função de um sentimento torpe; vil. Somente o amor constrói. O ódio, ao contrário, destrói a tudo e a todos. Infelizmente, a história possui muitos maus exemplos de incitação ao ódio e a intolerância sendo um triste exemplo o holocausto ocorrido na segunda grande guerra mundial.
    Abraços,
    Herval

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  2. Amigo william!
    Querido esse sentimento é horroroso como você bem descreve.
    Ele além de fazer mal a quem sente,faz mal a quem é direcionado,pois a vibração que nele vai contido é imensa.
    É causador de várias doenças,somatizam para o corpo tudo de ruim,por isso existe tantas pessoas doentes,devido ao ódio,rancor,mágoas...
    Causador de guerras e mortes de seus inimigos e de muitos inocentes.
    Parabéns por essa abordagem bastante explicativa e reflexiva amigo.
    Bjos em seu coração com cheirinho de Jasmin.

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