domingo, 9 de janeiro de 2011

Felicidade: além do ego...



Desde a Grécia antiga o ser humano discute a questão da felicidade. Filósofos, poetas, pensadores se dedicaram a descrevê-la através dos tempos. Vicente de Carvalho (1866-1924), jornalista e poeta parnasiano diz:

“Só a leve esperança, em toda a vida,
Disfarça a pena de viver, mais nada:
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.

O eterno sonho da alma desterrada,
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada
E que não chega nunca em toda a vida.

Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa, que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,

Existe, sim : mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos.”

A ciência considera a felicidade como um bem necessário à saúde do homem e da sociedade. Basta que o homem se julgue feliz para tornar-se mais sociável. À sociedade interessa ser produtiva e isto acontece quando seus componentes se sentem felizes.
Como pode uma conquista interior ser vista objetivamente quando se trata de algo tão subjetivo? A felicidade pode ser considerada estado de contentamento experienciado em três gradações.

No primeiro estágio falsa felicidade. É fugaz e fascinante como bola de sabão. Traz satisfação momentânea, como um elogio que insufla o ego. Um presente, um convite, uma viagem, uma promoção... fogos de artifício. Pode até dar pra trás, mas ilumina de relance. Atrelada à lei do prazer acompanhada de desencanto e medo. Medo de acabar, de não ser verdade. Temor do gosto amargo que fica quando pinta a desilusão. É mesmo felicidade irreal.

Numa segunda abordagem, temos a felicidade autêntica. O sentimento de plenitude pelo bem que se pratica. Consequência natural da troca de emoções positivas. Ocorre em relação à coletividade, à família, aos amigos, àqueles que estão na órbita de nosso coração. Alegria que se manifesta pelo gosto de servir. Acontece com aqueles que buscam a autorrealização através da doação de seus dons e talentos a favor de todos e de si mesmo. Processo contínuo de produção, multiplicação e vivência de benesses.

Martin Seligman, expoente da moderna Psicologia Positiva defende uma visão mais aberta e apreciativa dos potenciais, das motivações e das capacidades humanas. O cultivo das emoções positivas, das virtudes que fortalecem a geração de um mundo pessoal e coletivo melhor. Neste campo há pouca correlação entre riqueza, poder e felicidade. A satisfação se faz através da alegria duradoura como um sentido de vida. O fato de vivenciar emoções positivas não significa desconsiderar a existência das emoções negativas. Elas existem, fazem parte da vida. O foco porém é diferente. As carências podem ser transformadas em motivos para a sedimentação de projetos e estratégias para conquistas de sucesso, de novos ideais. O melhor de nós pode florescer e ser cultivado a partir de pequenas realizações que tragam leveza e desprendimento. Atos simples como dançar, conversar, doar, jogar aliviam o estresse, renovam a confiança e o otimismo. É como se nos dispuséssemos a adotar o jogo do contente. Achar em tudo um motivo para agradecer e tocar em frente. Até mesmo nos dissabores temos o desafio de encontrar uma mensagem que desperte o entusiasmo para viver melhor e ser feliz. Nesta ótica é golpe de mestre entender que feliz é quem se julga. A felicidade tem a dimensão de nossa percepção do mundo e da vida.

Num terceiro nível, temos a felicidade transcendente, ou incomum que se relaciona às experiências espirituais. São momentos na vida do indivíduo de maior ampliação da consciência. Momentos de êxtase, de experiências além do ego.

Por: Elzi Nascimento.

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2 comentários:

  1. Amigo querido William!
    Amei sua postagem!
    Linda,muito bem explicada nas 3 abordagens.
    Eu me enquadro na 2 e 3.
    Para seremos felizes temos que nos doar uns aos outros,e se espiritualizar para enxegarmos além do infinito.
    Graças a Deus,sou muito feliz!!!
    parabéns por essa linda postagem.
    Felicidades para ti!!
    Bjos em seu coração com cheirinho de Jasmin.

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  2. Ótima postagem William, eu acho q me enquadro na 2.
    ^^ Bjsss, lindo!

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