sábado, 31 de julho de 2010

Amar é... cair de quatro



Os amores, por mais desastrados que foram nas nossas vidas, são muito importantes, posto que ocupam nossas lembranças. Uns mais, outros menos. Com eles aprendemos, choramos, tivemos filhos, tivemos grandes momentos, brigamos, também fizemos as pazes, viajamos, nos entregamos de alma, nos separamos, nos distanciamos, nos... até nunca mais, seja feliz. Quis o destino que seria preciso passar por todos esses amores. Fico a imaginar, quando o sol das nossas vidas baixar na linha do horizonte; quando a morte estiver batendo nas nossas portas, eu me perguntaria: o que foi feito de fulana? O que ela estaria fazendo hoje? Ela estaria mais gorda? Ela se cortou nos cabelos? Será que se envelheceu, tanto quanto eu? Será que ela sabe que eu ainda existo? Será que ela sabe que padeço do diabetes? Será que guardou mágoas de mim, ou será que não tive importância alguma na sua vida? E de Beltrana, que acabou com o nosso relacionamento para se casar com outro, e que passou a viver às turras com o marido, será que ela o deixou? Mudou-se para Paris? Jurava ela que não morreria antes de morar, pelo menos um ano, em Paris? Nunca mais, tive dela notícias. Como era bela! E o que foi feito daquela que eu tinha absoluta certeza que eu enlouqueceria sem o seu amor? E ainda daquela outra que achava que eu seria último homem da sua vida e que - no entanto - me trocou por outro 5 anos mais novo e que dias depois ela também foi trocada por uma, 10 anos mais nova? Eu sei, isto acontece com todo mundo.
Ficção à parte, não me arrependo de nenhum relacionamento, aliás, sou eternamente grato. Peço sinceras desculpas pelas faltas cometidas- que não foram poucas - por ação ou por omissão. Sei que a vida é um sopro de tão rápida e que é preciso que sejamos intensos - isto, sei que fui- senão os relacionamentos morreriam rapidamente por inanição e não teria sentido esta crônica. Para viver um grande amor não é só preciso ser um bom sujeito, ter muito peito - peito de remador - como dizia Vinicius de Moraes, mas também é preciso cair... cair de quatro e é por isso que os meus joelhos (e o coração) estão sempre escalavrados! Por mais que sejamos ridículos (o amor é ridículo), cafonas (o amor é brega), tolos (o amor é insano) e que acabemos dando com os burros n'água, os amores são inesquecíveis.
Quem, caro leitor, honestamente, não se lembra de alguém que um dia mexeu com a sua vida? Não muito raro, amores se reencontram décadas depois, já avôs e avós, e que se acertam e misturam as suas intimidades já bastante conhecidas, num gesto de uma nova promessa de amor para sempre. Reencontros. Imagine você admirando títulos de livros através de uma vitrine de um shopping e de repente, reflete no vidro a imagem de alguém que um dia você se entregou de corpo e alma e rapidamente você se vira como tivesse levado um choque de 220 volts e os seus olhares se cruzam e ela o cumprimenta sem graça, com um "oi, tudo bem?", e você, com a voz embargada, repete a mesma pergunta e acabam sem saber como estão porque apenas se perguntaram e não se responderam nada. E você fica sem chão o resto da noite; fica fora do ponto e atônito, sua mente navega num passado que gostaria que não estivesse. Anda alguns passos bem medidos e se vira para trás, justamente quando ela também volta o rosto e depois de flagrados os olhares, baixa a cabeça e vai tomar um chope para acalmar o coração (pra isso, serve o chope). Parece que ainda existe uma pequena chama que só faltaria alimentá-la. Gostaria de perguntar tantas coisas, de dar um abraço apertado, talvez um beijo, mas a distância que se perdeu no tempo, impede. Votam a caminhar em sentidos opostos. Fatos como esse, são os que nos levam a nos perguntar sobre as pessoas que passaram pelas nossas vidas e que servem para confirmar que foram muito importantes. Que bom que inventaram o chope!

Fonte:Tadeu Nascimento.(tadeunascimento10@hotmail.com / blog:www.blogdotadeunascimento10.blogspot.com) linkado com este blog.

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Quem é essa puta?



Fundo musical: “Geni e o Zepellin”, de Chico Buarque de Holanda. Ela tem 50 anos. Foi casada 20 anos com um alcoólatra que tinha por hobby encher a cara em meretrícios de décima categoria e sumir aos finais de semana. Ela, a esposa virtuosa, aguentou até quando podia, em nome da família, da moral, dos bons costumes e, principalmente, por seus filhos. Ao final, foi abandonada por ter idade, trocada por uma mulher de 19 anos.
Depressão, mágoa, tristeza. Até o momento em que ela, uma morena madura, bem cuidada, resolve refazer sua vida, aos 50 anos. Corpo “sarado”, jovial, alegre, busca curtir a vida após dois anos de abandono.
Escândalo na vizinhança! Ela sai, vai ao forró, faz faculdade, usa minissaia e vestido decotado. Aprendeu a curtir o momento e a ficar. Beija na boca e é assediada por garotos, homens maduros, velhos passantes na rua. Que horror! Ela é amada e desejada mais que muitas meninas de menor idade. Com situação financeira definida, bela carreira e maturidade, sabe o que fazer. Está curtindo sua vida de solteira, sua segunda adolescência, buscando encontrar um amor para sua vida, alguém que a respeite, que a ame e que a faça mulher.

A vizinha que outrora da janela rezava por ela em seu infortúnio hoje a chama de puta. Quem é essa puta? Desde que começou com essa pouca vergonha, já teve três namorados. A filha da vigia moralista solteirona disse que, noites atrás, a flagrou no carro aos “amassos” com mais um homem.
Puta por que uma mulher de 50 não pode nem deve se vestir como uma garotinha, ainda mais se tiver um belo corpo. Puta por que ousa dançar, ser alegre, se divertir, mesmo quando abandonada. Puta por que abdicou da própria vida para criar os filhos. Puta por ousar tentar ser feliz no meio da moralidade provinciana dita cristã. Santa Esmeralda, será que o religioso ainda se masturba por ti?
Gostaria de questionar, junto com os leitores, dois aspectos que essa situação evidencia:
1) Por que toda sociedade atualmente tem idolatria e aceitação por momentos de infortúnio? Viver mal é aceitável na vida?;
2) Por que a felicidade alheia incomoda tanto, especialmente aos moralistas de plantão? Por que a felicidade do outro sempre é vista de forma pejorativa ou vulgar? Ser feliz é sinônimo de banditismo?
Infelizmente, na estrutura do machismo feminino habitual, tem se tornado comum o julgamento, em um moralismo barato, ações comuns a quase todo ser humano. Quem nunca quis beijar ou se divertir em paquera? Quem nunca cometeu erros namorando e conhecendo pessoas? Quem jamais desejou? Tornou-se pecado na vida atual namorar e ficar? Retaliações públicas às pessoas que tentam se encontrar na vida têm sido frequentes. Tornam-se alvo indivíduos de personalidade imatura, muito preocupados com o que os outros vão pensar, boicotando assim sua felicidade. Existe um script social vigente no qual você deve fazer cara de coitado, tem de ser mais um medíocre e infeliz no mundo. Topa? Há também o script que prega que você deve se tornar intransigente com todos que dão risada, se divertem, fazem amor e vivem bem. A "puta" da nossa história é apenas mais uma dentre as milhares de mulheres que tentam encontrar um amor nos desencontros, na aventura da vida.

Jorge de Lima em www.olhosalma.com.br

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Terceira idade existe?



Cada vez que olho à minha volta e vejo inúmeras notícias ruins, me pergunto: - Será que não acontece nada de bom para que os jornais publiquem?
Jovens jogando fora suas vidas e as dos outros. Atitudes imaturas de pais na educação dos filhos. Autoridades aceitando suborno. Cidadãos subornando. Matanças em todos os cantos do mundo. A sujeira da política permitindo associações eleitorais entre inimigos declarados. Uso de dinheiro público para benefícios de poucos que estão no poder.
A Internet tem muita informação, muita dela ruim, mas encontramos nela muita coisa boa. É só saber selecionar. Tenho um círculo de amigos internautas que de tempo em tempo me faz chegar material muito interessante. Uma delas foi à história de uma participante de um show de calouros, o mesmo que lançou ao mundo Susan Boyle. É uma senhora de 80 anos, Janey Cutler. Para aqueles que estejam interessados aqui vai o link: http://www.youtube.com/watch?v=JAwOZvvGsRs
Vale a pena assistir, é uma pena que os diálogos estão em inglês, mas dá para inferir o que acontece e vão disfrutar de um momento emocionante.
Quando vejo que os anos passam, e sinto que a linha de chegada se aproxima, mais ainda quando posso entrar na fila dos idosos, história como a de Janey me dá ânimo para continuar e perceber que a vida está feita de 24 horas. Um dia após o outro. A vida não é feita de anos eternos (como pensamos quando somos adolescentes), nem tempo que nos resta (como pensamos a partir dos sessenta), mas sim de amanheceres que nos dão a oportunidade de reescrever nossas vidas em cada um deles.
Não digo que não seja necessário noticiar os problemas de Bruno, o atropelamento infame de Rafael Mascarenhas, ou os subornos passivos e ativos do dia a dia em nosso país. Um jornal não é editado em colunas? Então por que não colocamos ao lado de uma notícia ruim, uma notícia boa, que nos dê esperança?
Ensinemos a nossos jovens que muitos no passado e no presente conseguiram e conseguem seus maiores sucessos após fazer sessenta anos. Cora Coralina publicou seu primeiro livros aos 75 anos. Winston Churchill liderou Inglaterra na Segunda Guerra Mundial com mais de 60 anos, e ganhou o Premio Nobel de Literatura com quase 80 anos. Pablo Picasso criou algumas de suas obras mais importantes após ter feito 80 anos. A lista é interminável.
Olhe a sua volta e veja quantas pessoas da terceira idade tem uma atividade muito maior da que muitos jovens. Hoje em dia muitos lares são mantidos por avós e avôs, e são os únicos provedores de filhos e netos.
Terceira idade? Talvez, mas devemos entender que é uma idade de muita produção intelectual e que temos nela uma reserva de mercado humano que não estamos sabendo aproveitar. Nas culturas mais antigas a idade é reverenciada como fonte de sabedoria e experiência. Já, José Hernandez, autor do clássico “Martín Fierro”, dizia “O diabo sabe mais por velho do que por diabo”.
Bom fim de semana.


Ricardo Irigoyen.

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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Sabe o que é cooperação???

Cooperação é isso aí !!!!

AS RELIGIÕES E AS MULHERES



A condenação por um tribunal teocrático iraniano de Sakined Mohammadi, de 43 anos, por adultério na província de Azerbaijão Oriental, à pena de lapidação, isto é, apedrejamento até a morte, está provocando uma reação mundial contra a atitude do judiciário iraniano, onde as normas do Coorão predominam. Aliás, nenhuma das principais religiões do mundo tem sido boas para as mulheres. Mesmo que nos primórdios, algumas tenham se mostrado generosas com as mulheres, como o cristianismo ou o islamismo, em poucas gerações os homens as transformaram num patriarcado. Á medida que o sistema patriarcal foi se estabelecendo, as doutrinas religiosas que acordavam suas crenças na supremacia masculina foram se solidificando. Somente um Deus seria adorado e, logicamente, do sexo masculino. Interpretando o primeiro livro de Moisés – Gênesis – a mulher passou a ser elucidada sob a forma de Eva, a encarnação da sedução, cuja curiosidade e desobediência trouxeram ruína ao homem. Eva, fêmea insaciável, principal responsável pela ruptura de Deus com os homens. Sua simples existência era advertência para os desejos carnais, os quais o homem deveria evitar. As mesmas qualidades pelas quais as mulheres foram enaltecidas na sociedade matriarcal degradavam-nas na sociedade patriarcal. O ser feminino incomodava e, para ser integrado à sociedade vigente da época, precisava ser redimido e submetido a uma ordem masculina já definida. Portadoras da culpa original de Eva, as mulheres assumiram, resignadas, seus papéis sociais diminutivos.Na Idade Média, durante quase dez séculos, misoginia e machismo, ao interagirem no sistema patriarcal, potencializaram-se.Por decisão masculina e com a intenção de assegurar a castidade feminina, ficou determinado que a mulher permaneceria definitivamente restrita a um espaço privado: o lar. Assim ficaria mais fácil para o patriarca assegurar-se da virgindade de suas mulheres. Oficializou-se, então, a inferioridade feminina jurídica e social. A mulher era educada, preparada, condicionada e instigada a servir. Quando não aceitava sua condição social de subordinação ao sexo masculino, era marginalizada, perseguida e castigada, ou acabava envolvida em movimentos heréticos e, na maioria das vezes, sentenciada à morte. Durante séculos as mulheres ouviram de seus pais, clérigos, mestres e esposos a repetição dos mesmos princípios que asseguravam a submissão feminina: castidade, humildade, silencio e trabalho.Esses princípios fortificavam a ideologia da Igreja e mantinha intacta estrutura do considerado bom casamento: homens governavam e mulheres obedeciam incondicionalmente. O conceito da mulher deste período oscilou diante de imagens antagônicas entre si: ou se assemelha à Eva ou à Virgem Maria. Como Eva, nascida da costela de Adão, a mulher desobedeceu a Deus, traiu e condenou a humanidade. Eva retratou a mulher como fonte de todos os males e símbolo maior do pecado.Textos produzidos na época por teólogos, filósofos e cientistas insistem no suposto efeito maléfico causado pela condição feminina. Santo Agostinho, grande teólogo e pensador da Igreja Católica, escreveu um texto no qual podemos perceber como a mulher foi injustamente interpretada, perseguida e castigada: “ A mulher é um animal que não é seguro nem estável, é odienta para tormento do marido, é cheia de maldade e é o principio de todas as demandas e disputas, via e caminho de todas as iniqüidades”. Durante os quatro séculos da Inquisição promovida pela Igreja, milhares de mulheres foram assassinadas. O período de caça às bruxas foi o apogeu da discriminação feminina. As mulheres foram afastadas das universidades, as parteiras foram interditadas em seu ofício e qualquer prática realizada por elas que objetivasse algum tratamento (remédios caseiros, poções) era considerada ato de bruxaria. Em todas as épocas todo Deus manipulado pelas ideias humanas foi nocivo para as minorias, em especial as mulheres. Um dos espetáculos mais tristes de nossas ruas de hoje em dia é a imagem de uma mulher encoberta por uma forma negra dos pés à cabeça, espiando o mundo através de uma nesga minúscula. A burca não é só um instrumento de opressão das mulheres e de repressão de sua liberdade e de sua beleza; é o símbolo da crueldade flagrante masculina. Tudo em nome da religião. Uma das maiores conquistas da modernidade ocidental foi a emancipação feminina. Mas os fundamentalistas, em sua luta contra o espírito contemporâneo, tendem a enfatizar a igualdade de gêneros como uma ameaça a repelir. Parece ter surtido efeito. Onde quer que governantes modernizadores tenham tentado banir o uso do véu em países islâmicos, as próprias mulheres passaram a adotá-lo em maior número, com fervor redobrado. John Lennon tinha razão, quando na antológica canção, imaginou um mundo sem religiões.

Prof.José Ernani de Almeida em ONacional.

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quinta-feira, 29 de julho de 2010

Filosofia e Sociologia no ensino fundamental é uma necessidade


A obrigatoriedade da disciplina de Filosofia e Sociologia no ensino médio é uma falácia um antagonismo. O sistema educacional falhou nesse ponto. Em vez de se dedicar ao aprimoramento do caráter, valores morais e éticos aos ideais espirituais, aos relacionamentos humanos corretos, ao reto viver, a virtude e a consciência espiritual e da alma o sistema eliminou completamente a base de todas estás facetas do aprendizado cuidando unicamente da metade do saber filosófico e sociológico na educação. Ou seja, a obrigatoriedade do ensino de Filosofia e Sociologia deve se começar pelo ensino fundamental, pela a base. E não por onde ela ainda é medianamente disciplinada.
Atualmente a educação educa mais para um sistema de ciências exatas do que para as ciências humanas. Uma orientação materialista e egoísta. O foque recai sobre o sustento econômico, o acumulo de bens, o alcance do maior sucesso material e do maior conforto possível. O sistema educacional gera competitividade, orgulho, egoísmo, preconceito, separatividade e sentimento de superioridade em relação a outros povos, culturas e nações. “As crianças de hoje não são educadas como cidadãs do mundo.
Ignora-se completamente sua responsabilidade sobre o próximo e a humanidade.”
A Filosofia e a Sociologia têm um papel fundamental no processo de lapidação na formação do jovem para a sociedade contemporânea. Na sua formação no seu apogeu e encaminhamento para a sociedade do 3° milênio. Atualmente o sistema educativo é um exercício que visa entulhar a mente dos jovens com qualidade enorme de fatos desconexos, que possam conseguir apenas uma boa nota. Visa apenas à meta, sem se preocupar com o processo, funcionando meramente como um meio de atingir um fim.
Formando sofistas ao invés de realistas. As crianças avançam nos estudos, mas não tem paz interior nem um real conceito do que é felicidade. Não agem corretamente consigo mesma, nem com Deus.
Muitas crianças têm dificuldades com a sociabilidade nas escolas e na sociedade. Não são preparadas para o casamento, para a família para o respeito com o meio ambiente e, menos ainda, para a paternidade ou a maternidade.
Na Filosofia pode se trabalhar com as crianças em ensinar espiritualidade em vez de religiosidade. Pautando a comportamentabilidade racional. Em outras palavras, deve- se obrigatoriamente trabalhar Filosofia e Sociologia no ensino fundamental e não no ensino médio. Na jovialidade (no ensino médio) ele já é de uma formação independente, considerado emancipado intelectualmente e já possui uma visão de mundo. O Estado e o MEC querem que eles (os jovens) aprendam filosofia e sociologia no ensino médio?
Impossível! Uma falácia um antagonismo. Com a educação integral no ensino fundamental é perfeitamente possível inserir Filosofia e Sociologia nas séries iniciais. Como transcenderíamos; autodomínio, autoestima, alimentação apropriada, sexualidade, reflexão, ética, moral, meio ambiente, vida e morte, artes, teologia, existencialismo, senso crítico e outros afins.
Não é de se admirar de vermos políticos corruptos, advogados e médicos egocêntricos, cientistas tão cruéis com animais e seres humanos e, empresários totalmente mercenários e capitalistas a fim de alcançar o sucesso de maneira descomedida. Tudo isso por se tratar de uma formação in-racional. Sem princípios filosóficos e sociais. Sem tratar primeiro do humano e do espiritual.
É na infância que a capacidade do aprendizado da criança absorve racionalmente o conhecimento. “O ser humano é produto do meio em que vive.” Por isso é importante que ele viva esta disciplina de humanas na infância, no ensino fundamental. Para que ele se familiarize e se humanize com as disciplinas humanas e não somente com as disciplinas exatas. E, no ensino médio ele já teria um domínio graduado da Filosofia e Sociologia capacitando uma evolução de melhor comportamentabilidade social e intelectual. Preparando-os para os vestibulares, que possuem Filosofia e Sociologia.

Gilmar Cirino de Carvalho em DM.

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Stallone cobra quanto???

Com cara de cobrador, que não paga apanha!!!

Abusando do complexo



Há usos e abusos de certas palavras que chamam à atenção. Uma delas, por exemplo, é "complexo". E que fique claro, desde já, que se trata de uso da palavra complexo na função de adjetivo, sem qualquer relação com a teoria da complexidade. A comunidade científica costuma, muitas vezes, caracterizar seus assuntos de interesse como "complexos". E faz isso, basicamente, por duas razões. A primeira pressupondo deixar claro pelo emprego do adjetivo "complexo" que o tema em questão, seja lá o que for, não é conhecido na totalidade. Uma segunda sugere que pode levar bastante tempo ainda, sendo necessários muitos recursos, para que o mesmo possa ser compreendido. E, acima de tudo, para "alertar" os usuários de tais informações como tratá-las. Ou seja: nada mais nada menos, do que informações imperfeitas. Resumindo, a noção de complexidade, nesta situação, pode ser usada, por um lado, para expor os limites do conhecimento científico e, por outro lado, para acobertar o tamanho da nossa ignorância.
Deixando de lado os complexos de que trata a psicanálise, literalmente esta palavra pode significar algo que abrange ou encerra muitos elementos ou partes. Grupo ou conjunto de coisas, fatos ou circunstâncias que têm qualquer ligação ou nexo entre si. Também algo observável sob diferentes aspectos. Ou ainda: confuso, complicado, intricado. Por isso, admitamos, é difícil resistir ao uso do adjetivo "complexo" quando se está escrevendo ou falando sobre coisas cujos domínios da ciência, ou quem sabe da nossa compreensão, estão muito aquém dos desejados.
O que não dá para aceitar e de fato ofende a inteligência é o uso que alguns pretensos especialistas em determinados assuntos dão à palavra "complexo". Quando, de forma quase sempre preconceituosa, pressupõem a incapacidade do interlocutor em compreender o que dirão, pela "complexidade do assunto", e sequer se dignam a tentar explicar ou recorrem ao artifício da generalização tipo "processos ou interações complexas...", ou se valem de analogias simplistas, que, na realidade, não servem para nada. Isto é comum, quando a interlocução se dá entre níveis educacionais muito diferentes ou entre especialidades distintas do conhecimento. Faz parte da "arrogância" que as titulações acadêmicas impõem nos indivíduos, muitas vezes despercebida.
Uma das coisas mais difíceis para um especialista ao tentar explicar um assunto da sua especialidade para um leigo é saber dosar o quanto o não especialista necessita saber. Que detalhes podem ser deixados de lado e quais generalizações na descrição de processos e eventos podem ser omitidos sem que a compreensão do todo, mesmo incompleta, ainda seja correta. Este é um dos grandes desafios da comunicação científica para o público em geral. Quando os termos técnicos e os jargões das especialidades podem significar absolutamente nada. Onde o pragmatismo dos usuários de tecnologias não admite ou se recusa a aceitar as incertezas dos resultados obtidos via experimentação científica empírica.
É muito mais cômodo e mais seguro para a comunidade científica divulgar o resultado de seus trabalhos em publicações especializadas, fazer comunicações em anais de eventos da sua área de atuação etc., lidos apenas pelos pares, do que tentar extrair e divulgar respostas para os problemas que afligem os usuários de tecnologias. As demandas dos usuários, quase sempre, são pontuais e não admitem as incertezas inerentes aos resultados experimentais. Não interessa e o usuário geralmente não quer saber o nível de confiança do teste estatístico que subsidia a conclusão.
São de Michael Glantz, sociólogo do Centro Nacional de Pesquisas para a Atmosfera, o National Center for Atmospheric Research, sediado em Boulder, no Colorado, as percepções sobre o uso do adjetivo "complexo" pela comunidade científica. Consta no capítulo de introdução do seu livro "Currents of change: El Niño's impact on climate and society".
Dou a mão à palmatória. Confesso que, tentando simplificar, já defini El Niño como o resultado de interações "complexas" entre a atmosfera e a superfície das águas do Oceano Pacífico tropical. Aparentemente simples, porém vago e sem utilidade.

Gilberto Cunha em ONacional.

Dentadura de Churchill é vendida por R$ 42 mil em leilão



Peça havia sido moldada especialmente para preservar maneira peculiar de falar do premiê britânico.
Uma dentadura parcial do ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill foi vendida por um 15,2 mil libras (cerca de R$ 41,8 mil) em um leilão nesta quinta-feira em Norfolk, no leste da Grã-Bretanha.
A dentadura, avaliada anteriormente em 5 mil libras (R$ 13,7 mil), estava sob os cuidados do filho do dentista protético que as havia feito.
Ela havia sido moldada especialmente para preservar a maneira natural de falar de Churchill, puxando os cês com a língua entre os dentes.
Segundo historiadores, Churchill queria que sua maneira peculiar de falar fosse facilmente reconhecida nos pronunciamentos pelo rádio que fazia durante a Segunda Guerra Mundial.
O primeiro-ministro considerava a dentadura tão importante que sempre carregava uma de reserva com ele para onde fosse.
Churchill (1874-1965) governou a Grã-Bretanha entre 1940 e 1945, durante a Segunda Guerra, e novamente entre 1951 e 1955.
Problemas dentários
Segundo o responsável pelo leilão, o premiê sofria com problemas dentários e nas gengivas e precisou desde a infância passar por tratamentos dentários complicados.
Churchill valorizava tanto o trabalho de seu dentista, Wilfred Fish, que o nomeou para receber uma comenda de cavaleiro do reino britânico.
O protético Derek Cudlipp, responsável pela dentadura do primeiro-ministro, foi dispensado pelo premiê de servir no Exército durante a guerra após ser convocado.
"Quando os papéis da convocação do meu pai chegaram, Churchill os rasgou pessoalmente", conta o filho do protético, Nigel Cudlipp.
A única outra dentadura de Churchill existente está em um museu, na Escola Real de Cirurgiões da Inglaterra, em Londres.
A casa de leilões Keys não revelou a identidade do comprador da dentadura.
Recentemente, a mesma casa de leilões vendeu um dos famosos charutos de Churchill, parcialmente fumado, por 4.500 libras (cerca de R$ 12,4 mil).


Fonte: O Estadão.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Briga de pais adoece os filhos



Conta o jornalista Marcel Souto Maior no seu livro As vidas de Chico Xavier, para nós a melhor e mais completa biografia do saudoso médium, que ele costumava surpreender os amigos mais íntimos com revelações espantosas. Numa noite, jovem senhora compareceu ao Centro Espírita Luiz Gonzaga, em Pedro Leopoldo, e reclamou de uma dor de cabeça insuportável. O médium lhe pediu para acompanhar a leitura do Evangelho. Foi tiro e queda. A moça ficou boa.
A cura repentina depois mereceu de Chico uma explicação inesperada. A mulher havia tido uma discussão violenta com o marido e quase fora agredida com uma bofetada. O golpe físico não se concretizou, mas o marido a atingiu “vibracionalmente”, provocando uma concentração de fluidos negativos que invadiram seu aparelho auditivo, causando a enxaqueca. Logo que a reunião começou, o espírito do doutor Bezerra de Menezes colocou a mão sobre a cabeça dela e Chico viu sair de dentro do seu ouvido um cordão fluídico negro e feio, responsável pela dor.
Isso aconteceu após uma briga entre marido e mulher, dois adultos, obviamente com o homem também sofrendo as consequências psíquicas desse desequilíbrio. Imagine meu amigo, seus efeitos nas crianças da casa, que amam os pais e os surpreendem em agressão mútua, com requintes de crueldade. Dois seres que elas aprenderam a amar desde que nasceram e lhes mostram estarem próximos de se odiarem. Os pais não sabem o mal que fazem aos filhos quando vivem em rixas, em ataques verbais, amuos e ressentimentos. Brigar é hábito. Quem briga hoje se predispõe a novos confrontos, numa sequência cada vez mais acelerada e em espaços menores.
As linhas seguintes são adaptação de um livro que nos foi presenteado, faltando páginas e sem o nome do autor, que teríamos imenso prazer de divulgar.
Crianças são criaturas extremamente sensíveis às energias positivas ou negativas que as envolvem. Quando apresentam problemas, na maioria das vezes refletem os conflitos em seu derredor.
Lá está narrado que angustiada mãe se preocupava muito porque seu filho excepcional vivia alheio a tudo. Além de não apresentar lucidez desde o nascimento, mostrava-se agressivo com todos e consigo mesmo. Seus familiares, para dele cuidar, revezavam-se dia e noite, obrigados até a amarrá-lo para evitar que se ferisse. Aos 15 anos, piorava. Não divisando possibilidade de cura, os médicos sugeriram uma cirurgia cerebral, que o deixaria definitivamente inativo. Só faltava a autorização materna.
Antes de se decidir, ela buscou uma médium realmente voltada para o trabalho evangélico, que lhe esclareceu haver o menino nascido incapacitado mentalmente em processo de reajuste, devido a dívidas contraídas em passadas existências. Sua violência, contudo, estava sendo provocada por um grupo de espíritos inimigos da família, que se aproveitavam de sua inconsciência para o usar como instrumento de perturbação.
Solicitada ajuda, em nome de Jesus, amigos invisíveis se comprometeram a auxiliar o adolescente e, uma vez por semana, ele era levado à casa espírita, onde os obsessores recebiam esclarecimentos sobre as conseqüências do mal que praticavam, e a família obtinha orientação para se conduzir com paciência e amor. Nas primeiras vezes, o jovem chegava excitado e aos berros mas, aos poucos, foi se acalmando até se deixar conduzir tranqüilamente. Após alguns meses de tratamento, os espíritos perturbadores foram afastados e ele se tornou calmo, alimentando-se normalmente e se banhando sozinho, o que, antes, jamais acontecera. Graças à cooperação da família inteira, o ambiente no lar melhorou, facilitando o socorro dos espíritos superiores.
As crianças precisam de harmonia e paz. Um ambiente desagradável, de queixas e insatisfação, pode provocar incontáveis problemas, principalmente em bebês, que dormem mal, choram muito, têm alergias, vômitos, assaduras, resfriados freqüentes e crises de bronquite. Como eles são extremamente dependentes, assimilam sobretudo os desajustes materno e paterno.
O ambiente do lar é composto das energias de todos seus integrantes. Para assegurar benfazeja atmosfera, não basta a higiene física, é imprescindível também a mental.
Os pensamentos negativos, a intolerância, a mesquinhez, a inveja, o ciúme, a revolta, o ressentimento, a maledicência, a descrença, a desconfiança, a competição e a arrogância criam pesados pensamentos, que agridem todos os residentes e atraem os espíritos perturbadores.
Engana-se quem acha que não contribui para piorar o ambiente do seu lar e reclama que a culpa é dos outros membros da família.
Vejam esa orientação de quem conhece a dinâmica da vida: toda reclamação é negativa e só piora o que já estava ruim.
Se em sua casa as pessoas não se entendem, comece por ignorar essa desagradável situação. Um ambiente conturbado, entretanto, proporciona bom treinamento para desenvolver o controle interior. Experimente esquecer a lamúria, as manifestações amargas e quaisquer outros sentimentos indignos do homem e da mulher superiores. Lembre-se de que Mahatma Gandhi libertou meio bilhão de indianos do jugo inglês, usando apenas a não-violência, a oração e o jejum. Em meio a tantos perigos, angústias e frustrações, recusou o conforto do isolamento numa caverna, que lhe foi proposto por um brâmane, a quem explicou:
- Não preciso de caverna exterior. Tenho uma caverna para recolhimento dentro de mim mesmo.
Recolha-se à sua caverna, que só você conhece e controla. Sinta sua bondade. Convença-se de que o lar é seu abrigo no mundo e, por isso, deve ser respeitado, protegido e mantido com o que você possui de melhor.
Ligue-se ao Pai através do pensamento e das ações, como Jesus ensinou e seja em casa uma gotícula do oceano divino. Visualize todos seus familiares saudáveis, alegres, serenos, simpáticos e prósperos, respeitando o espaço de cada um. Confie e entregue a Deus, nas mãos que construíram e administram o Universo, tudo aquilo que não depende de você..
Quando isso acontecer, suas crianças dormirão em paz e gozarão de excelente saúde.

Jávier Godinho escreveu no DM.

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Palmadinhas: lei infeliz



Muito se tem falado e comentado sobre a infeliz e inoportuna lei que deseja estabelecer normas de conduta e procedimento dos pais com referência à criação dos filhos.
Nunca vi tanta impropriedade no estabelecimento de um diploma legal, tão ilegal quanto ao instituído por força e inspiração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, mais uma vez, se conduz contra os princípios da própria lei, do direito e da Justiça, pilastras do melhor estado de direito.
Essa é uma lei que pode ser considerada “nati-morta”, ou seja, nasceu morta pela clara evidência de sua impraticabilidade dentro dos lares onde teria a sua melhor aplicação e onde se localiza o cenário que seria palco de possíveis maus tratos, objeto de palmadas ou mesmo gestos de agressividade em relação à pretensa educação dos filhos pouco disciplinados e que só formariam o seu caráter com o uso de “palmadinhas” ou, até mesmo, agressividade maior, a ponto de esmurrar indefesas crianças que, na maioria das vezes, fazem por merecer um necessário corretivo, à base de chineladas ou outro meio que as impeça por mal preparadas e que fazem por merecer algumas “palmadinhas” para ser educadas como se deve.
Não acredito que o próprio presidente, incentivador e precursor maior dessa inoportuna ideia, agora convertida em lei, não tenha batido em seus filhos quando era necessário, logo ele, que na sua vida pública tem sido uma pessoa agressiva no falar e no agir, dando clara demonstração de que na intimidade do seu lar tenha tido o mesmo comportamento “batedor”.
Quem sabe como educar os próprios filhos são os pais. Eles é que mediante a conduta de cada um de seus rebentos entendem a forma de disciplinar preparando para uma vida geralmente cheia de momentos de grande conturbação e aflição, os quais, às vezes, têm que ser resolvidos com algumas “palmadinhas”, quando a ponderação e o aconselhamento paternal não fazem os devidos e legais efeitos. Se os pais praticam atos de monstruosidade em relação aos filhos, isso é outra coisa e acontece em escala mínima, por pessoas desassociadas do bom proceder, ignorantes da sagrada missão de educar seus filhos. Pai e mãe que batem de maneira incorreta e fora dos padrões da tolerância se constituem em casos esporádicos quando eles mesmos não se autoeducaram quando crianças.
É claro que os pais devem tentar de todas as formas reprimir a desobediência manifestada pelos filhos das mais diferentes maneiras e dentro da tolerância compatível, reservando algumas “palmadinhas” quando se tornar necessário à boa educação.
Diz-se que uma lei é inconstitucional quando lhe falta qualidade, com caráter que ofende a disposição expressa na Constituição. Essa lei é mais do que inconstitucional, é um instrumento impeditivo da boa criação dos filhos, uma verdadeira cerca que limita o poder persuasivo e educativo dos pais. Se no lar de cada família não existir a autoridade do pai ou da mãe em aplicar umas “palmadinhas”, quando faltar o bom senso que educa e regenera a criança ainda despreparada para sua iniciação a conviver nos meandros da sociedade para onde vai o menino ou menina rebelde, pirracenta, que é desobediente, que xinga aos berros e diz palavrões que ressoam na má educação de berço?
Quantas crianças, certamente a maioria delas, que não se autodisciplinam a não ser com alguma freadoras “palmadinhas” que só os pais tem o direito e razão de agir, já que estranhos não podem fazer?
Com essa boba instituição, aquele velho refrão que diz que a educação vem de berço irá por água a baixo, reagindo em um encadeamento interminável a figura de uma lei inaplicável e fora da realidade no que tange a educar e preparar os filhos para o duro enfrentamento da vida quando se tornarem maiores e, portanto, despreparados para vencer na concorrência da sobrevivência porque não foram trabalhados e educados para uma vida naturalmente sempre cheia de dificuldades?
Eduquei os meus filhos dando “palmadinhas” sempre que se tornava necessário e nunca me decepcionei com a criação deles, que foram ensinados a respeitar o próximo como a si mesmos. Nunca compareci a uma delegacia para retirar um filho que ali estivesse trancafiado por desrespeitar os ditames da lei. Filho meu jamais foi usuário de drogas, de bebidas e dado ao uso do fumo. Foram criados debaixo das “palmadinhas” apenas como advertência, consignação da boa educação, e sempre com respeito à lei, ao Direito e à Justiça. Hoje ocupam trabalho e funções de destaque no cenário nacional, o que me orgulha sobremaneira. Na sociedade a que cada qual pertence são respeitados pelos cumprimentos de seus deveres dentro dos padrões éticos. Sou feliz e agradeço a Deus todas as vezes que fui obrigado ao uso das “palmadinhas” e aconselho todos os pais que façam o mesmo quando houver necessidade, mas sem o uso da brutalidade desnecessária.
Esta lei morrerá no nascedouro e não terá praticabilidade nem condições de ser constatada “in-loco” pelas autoridades encarregadas da sua fiel fiscalização. Aqueles filhos mal-educados, com o afrouxamento e a impossibilidade do caso concreto, será letra morta e jogada no lixo da imprestabilidade porque não será aceita pela maioria da sociedade brasileira, que já se colocou contra essa medida paliativa que não vai dar em nada e não terá resultados positivos. Que continuem as necessárias “palmadinhas”.

Freud de Melo no DM.

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Sobre pessoas explosivas



O trânsito vem se apresentando, no decorrer do tempo, em mais um dos locais utilizados pelas pessoas para descarregar a raiva originada de emoções reprimidas. Nos estádios ou fora deles, as torcidas desorganizadas buscam desesperadamente motivos para poder extravasar a fúria incompreendida e estagnada dentro desse animal dito “racional”. No ambiente familiar a manifestação da ira é mais irracional ainda. A relação familiar, que naturalmente deve ser composta de respeito, cooperação e harmonia, acaba sendo acometida de momentos de discórdia e dor. Por ser um local de amparo e amor incondicional, o seio familiar acaba, erroneamente, desempenhando o papel de “saco de pancada” para aqueles que não conseguem responder a tempo ou de forma sensata as injustiças e os desentendimentos do dia a dia.
É evidente que, no nosso caso, um público pré-educado para corresponder as expectativas do próximo e não as suas e treinado para enxergar na discordância de ideias uma manifestação maléfica, vai se alimentar de um amontoado de mazelas que certamente se transformará em “destempero emocional”.
A raiva e a intolerância estão presentes nas pessoas que não conseguem acrescentar aos diálogos o seu ponto de vista e não dão conta de responder as afrontas e desagrados sofridos, e quando conseguem, respondem de forma descompensada. Normalmente são pessoas com autoimagem negativa e baixa autoestima.
Pretendo em outro momento ampliar essa discussão e adentrar as possibilidades de melhoria da qualidade da relação familiar afetada pela autoimagem distorcida de seus integrantes. No entanto, busco aqui, especificamente, compreender um pouco mais as pessoas que não conseguem impedir que sua raiva se transforme em atitudes explosivas.
O (DSM-IV) Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais qualifica o indivíduo com fracasso em resistir a impulsos agressivos como portador do Transtorno Explosivo Intermitente (TEI). Classificado dentro dos Transtornos do Controle dos Impulsos, o (TEI) é caracterizado pela ocorrência de sérios atos agressivos ou a destruição de patrimônio.
As pessoas com Transtorno Explosivo Intermitente descrevem intensos impulsos agressivos antes de cometerem esses atos. As atitudes explosivas podem estar associadas a sintomas afetivos (irritabilidade ou raiva, aumento de energia, pensamentos acelerados) durante os impulsos e atos agressivos, e surgimento rápido de um humor deprimido e fadiga depois dos atos. Algumas pessoas podem relatar que seus episódios de agressividade são acompanhados por sintomas como formigamento, tremor, palpitações, aperto no peito, pressão na cabeça ou audição de eco. Eles podem descrever seus impulsos agressivos como extremamente perturbadores.
Para se caracterizar um indivíduo como portador do Transtorno Explosivo Intermitente o DSM-IV adota alguns critérios que asseguram o diagnóstico. Um desses critérios é o de que o grau de agressividade expressada durante os episódios tem que estar nitidamente fora de proporção com quaisquer estressores psicossociais desencadeantes. Outro é o de que os episódios agressivos não sejam mais bem explicados por outro transtorno mental, nem por efeitos fisiológicos de uma substância (p.ex., droga de abuso, medicamento) ou de uma condição médica geral (p.ex., traumatismo craniano, doença de Alzheimer).
Ainda de acordo com o DSM-IV, as pessoas acometidas pelo Transtorno Explosivo Intermitente estão sujeitas a prejuízos relevantes e às vezes irreparáveis. O transtorno pode resultar em perda do emprego, suspensão da escola, divórcio, dificuldade nos relacionamentos interpessoais ou outros prejuízos na esfera social ou ocupacional, acidentes, hospitalização, problemas financeiros, detenções ou outros problemas legais.
Os dados, ainda que escassos, informam que a incidência do (TEI) aparentemente é rara e seu início parece ocorrer da adolescência à terceira década de vida. O curso do transtorno pode ser crônico em alguns indivíduos e mais episódico em outros.
Esse tipo de transtorno é nocivo ao ser humano. O prejuízo vai da camada emocional a física, trazendo limitações no crescimento do indivíduo. O desenvolvimento da ciência nos possibilitou a disposição de medicamentos e procedimentos psicoterapeuticos que auxiliam de forma eficaz o controle e a remissão dos sintomas, bastando para isso, procurar o profissional de sua confiança.

Renner Cândido Reis é psicólogo e psicoterapeuta. (psirennerreis@ig.com.br)
Muito importante o tratamento para quem possui esse tipo de comportamento.

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terça-feira, 27 de julho de 2010

Celular em sala de aula: proibir ou educar?



O nosso jovem não é mais um imigrante digital. Ao contrário está inserido intimamente no contexto de novas mídias. Não tem medo de lidar com toda a parafernália tecnológica, o que é muito bom. Entretanto, na maioria das vezes, não tem a maturidade em saber como e quando utilizar as mesmas, principalmente quando se refere ao uso do celular.
A questão permeia a sua utilização em sala de aula, sendo motivo de reclamações por parte da maioria dos professores. O uso indevido durante as aulas compromete o desenvolvimento e a concentração dos alunos, uma vez que essa deve estar direcionada aos estudos e na fixação do aprendizado. Contudo, muitos portadores de celulares permanecem com o aparelho ligado durante o decorrer das preleções dos professores para recebimento e envio de torpedos, jogar e ouvir música. Além do pior, colar em provas, por meio de mensagens de texto e armazenando o conteúdo na memória do aparelho, ou ainda fazer filmagens debochativas de colegas e postá-las na internet.
Todas as questões acima relacionadas é assunto antigo em debates para a criação de leis que proíbam ou regulem o uso do celular em salas de aula. Existe um projeto de lei (3486/08), que tramita na Câmara dos Deputados, para banir o uso de telefones celulares em escolas públicas de todo o País. Medidas parecidas já entraram em vigor nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rondônia, Ceará, Rio Grande do Sul, Pará, e Goiás. A lei número 16.999, de 10 de maio deste ano, determina que o uso do telefone celular em sala de aula está proibido em todas as rede sestaduais de ensino.
A lei vem para tentar solucionar um problema que professores e alunos vinham enfrentando há tempos. Mas, a questão do uso deste aparelho está além da proibição. A lei é uma imposição, que com certeza ajudará. Agora, o uso de forma educada deve-se a questões da postura de cada um.
Para que a lei seja eficaz, é necessário um trabalho realizado dentro de casa e das escolas. Primeiro, os pais têm que dar bom exemplo, afinal, esses são os primeiros modelos dos filhos. Mostrando o uso adequado e em quais situações se é educado ao atender uma ligação ou mandar um torpedo, seja no cinema, em uma consulta médica, e principalmente à mesa das refeições.
Em relação à escola, podemos promover campanhas e pedir a realizações de trabalhos escolares com o intuito de discutir a utilização consciente e educada do aparelho telefônico móvel. Assim, a escola reforça o que é aplicado em casa. Outra sugestão é a aplicação do celular como ferramenta de pesquisa didática, uma vez que a maioria dos donos de um aparelho possui acesso a internet.

DM por Cairo Salim.

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Eu mato e depois me mato



Há algum tempo, após escrever sobre drogas e o desespero de uma mãe em Porto Alegre, que foi levada a matar a tiros o filho viciado que a agredia e lhe extorquia dinheiro para comprar drogas. Em razão disso recebi um telefonema de uma mãe desesperada. Ela não quis se identificar, mas fez um desabafo preocupante. Disse-me que não sabia mais o que fazer com seu filho, que furtava as coisas de casa, que lhe batia exigindo dinheiro para sustentar o seu vício, ela não tem a quem apelar. Já havia gasto seus recursos em internações, tudo em vão. A única saída que lhe restava era matá-lo e depois se matar.
Ouvi o desabafo dessa mãe, conversamos, depois ela desligou e não tive mais notícias. Fui procurado por outra mãe que gostaria de internar seu filho em alguma clínica, mas não tinha recursos. Falou de sua saga, da luta sem esperança, dos dias intermináveis, das noites indormidas, do seu inferno. Lamentou que o governo não tem local para essas internações, o que facilitaria esse mal que liquida a família e expõe a sociedade a um perigo constante.
Ela tem toda a razão, as pessoas não se conscientizam de que a maioria dos crimes está ligada à droga. E que um de nós pode ser a próxima vítima, vítima de um assassinato, de roubo ou de sequestro. Mas a sociedade como um todo e os governantes são insensíveis a esse problema. Só tomam providências depois de a porta arrombada, nada fazem para prevenir, aguardam a tragédia.
A imprensa noticiou que em Caxias do Sul, a Secretaria Municipal da Saúde mantém uma casa para atender os usuários de drogas, que passam o dia no ambulatório, fazendo tratamento; mas que no outro dia não retornam. Então o governo municipal resolveu criar um serviço ambulatorial mais avançado, o Centro de Atenção Psícossocial Reviver, que permanece aberto 24 horas, inclusive no fim de semana, iniciativa inédita no Estado. O atendimento é para quem busca ajuda na rede pública e ali permanece enquanto durar o tratamento. É a preocupação e a sensibilidade demonstrada pelas autoridades, pois Caxias tem 4 mil pessoas (homens e mulheres) dependentes químicos.
Enquanto isso, em Passo Fundo, o que é feito para esses deserdados da sorte, que encontram na droga a razão de morrer e matar? Temos a Maanaim, criada em 1999, no porão da Igreja Baptista do Pastor Buzzato, que se dedica à cura de usuários dependentes em álcool, maconha, crack, cocaína e todos esses tipos de drogas. Tem capacidade para abrigar 50 pacientes, atua com dificuldades e necessita da ajuda de diversas pessoas. O local fica em uma pequena propriedade no município de Água Santa, o tratamento leva nove meses e cerca de 1.400 pessoas já passaram pela instituição.
Agora, um grupo de pessoas, entre elas Ricardo Lângaro, Tânia Benincá, Denise Zaffari e Silvia Benincá, liderado por Paulo Rigon, ousaram desenvolver um audacioso projeto, no prédio da antiga Defrec, cujas instalações pertencem à UPF e foram cedidas à Maanaim para a construção de uma clínica de tratamento ambulatorial de recuperação de dependentes químicos. O presidente da Maanaim, Mário Vieira, informa que os contatos com entidades governamentais não têm dado certo e as verbas necessárias para a conclusão da obra não foram liberadas. Resta a mobilização da sociedade, não bastam apenas campanhas publicitárias, mas atos concretos, pessoas e entidades engajadas nesse projeto, e sim a conscientização da sociedade para os perigos das drogas, que não atingem só o usuário ou sua família, mas a todos que estão expostos a um ato alucinado desses dependentes. O que devemos fazer? Unir pessoas, autoridades e entidades, Acisa, Sinduscon, CDL, entre outras, e promover uma cruzada, criar uma comissão para buscar recursos, contatar com políticos, imprensa, pois esse mal atinge a todos nós, quer ativos e passivos.
Apresento-me como voluntário para essa cruzada. Não podemos nos omitir, outras cidades que tem até menos problemas com drogas estão nos dando exemplos. Vamos à luta, que cada uma faça a sua parte. Evite que uma mãe mate o filho e se mate, ou que um dependente mate uma pessoa de bem e produtiva.


Jabs Paim Bandeira em o nacional.

Olhem o desespero dessa mãe com seu filho. Será comum isso nas cidades em todo país?

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VELHICE: PARA ALÉM DA LEMBRANÇA



Ninguém estranha quando um velho não consegue mais jogar futebol. Raros são os idosos firmes no campo, atentos e ágeis. Ninguém estranha quando velhos adotam o táxi como meio de locomoção. Aliás, todos consideram isso até prudente, pois não querem ver a integridade física em risco diante de uma diminuição nos reflexos. Boa surpresa é quando alguém com cinqüenta anos de carteira de motorista segue uma rotina intacta ao volante. Ninguém estranha quando um velho pede ajuda para um moço carregar o bujão de gás ou as compras do supermercado. Difícil é uma pessoa sustentar o tônus muscular a ponto de suportar carga sem a menor seqüela, quando os anos já lhe pesam tanto.

Ninguém estranha quando um velho procura diminuir sua intensidade de trabalho, ou mesmo optar pela aposentadoria. Esse direito, respaldado por lei, muitas vezes é imposto pela saúde – tal fragilidade, também, não é algo de se estranhar. Diferente, sob certo aspecto até louvável, é testemunhar um velho trabalhando sem parar até o último de seus dias. Ninguém estranha quando um velho deixa o apartamento que está localizado quatro lances acima do solo para morar no andar térreo. Ou em um prédio com elevador. Espantoso é o velho arriscar um tombo por pura teimosia e ninguém fazer nada a respeito.

Ninguém estranha quando um velho prepara sua sucessão nos negócios. Ou quando ingere quatro comprimidos por dia para equilibrar o organismo; ou quando joga damas por horas a fio; ou mesmo quando pula a página do obituário por preferir a ignorância à desilusão. Ninguém estranha quando um velho chora à toa. Estranhamento causa o idoso que, nem depois de uma vida inteira, se dá o direito à livre expressão das emoções.

Dito isso, por qual razão estranhamos tanto quando um velho se repete o tempo inteiro? Ou se, simples e definitivamente, não nos reconhece no primeiro olhar? Ou, nos reconhecendo, teima em admitir que nos tornamos adultos? Ou nos confunde com o médico, quando somos o amigo, sobrinho ou filho? Por que estranhamos quando as gavetas da memória perdem a etiqueta indicativa dos eventos, causando tanta confusão? O cérebro não será merecedor da mesma complacência que imputamos aos reflexos, à força muscular, à resistência das articulações e do esqueleto? É um crime assim tão grave se tornar um esquecido?

Estranho mesmo deveria ser aquele jovem capaz de jogar futebol, de subir quatro pavimentos pulando os degraus de dois em dois, de comandar várias empresas ao mesmo tempo, de conduzir um automóvel por muitas horas, de citar com precisão pessoas e fatos remotos ou atuais, enfim, no auge de suas faculdades físicas e mentais, esquecer-se de um velho querido. Um velho que não mais poderá procurar por ele, oprimido pela limitação física. Um homem que, um dia, quando brilhante, sempre lembrou dele e, quem sabe, o ajudou a tornar-se tão capaz.

Todos temos ao menos um velho para lembrar de fazer-lhe uma visitinha, quando não vários deles. Caso não façamos, nem que seja uma vez ou outra – quando a saudade da infância ou dos ensinamentos doer fundo –, estaremos sendo os verdadeiros esquecidos dessa crônica. Mesmo que aconteça de não sermos reconhecido pelo velhinho de primeira, ou sermos confundidos com outro, vale muito esta suave pena. Nada é mais gratificante do que ver um sorriso largo na despedida e escutar as palavras sinceras:

– Obrigado por ter lembrado de mim!

Como esquecer?


Rubem Penz.

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segunda-feira, 26 de julho de 2010

Colocando os pingos nos is


Quando o vulcão que se preparou para a erupção lança lavas incandescentes, acontece a adolescência. Como agir para que isso não nos aterrorize? O que fazer para que o inesperado não nos surpreenda?
Há recursos para apagar o incêndio. Planejar a ação poderá ajudar. Desde o mais cedo possível, torne-se amigo do rebento, antes que ele te arrebente. Nesta fase vigora a lei da selva. Para os amigos, todos os meios justificam o fim. Para os inimigos, o fim. Não importam os meios.
Inseridos em um mundo de mudanças rápidas, analisemos, rapidamente, os valores que estão em alta. Habilidade para o inusitado. Isto implica maior proximidade entre pai-mãe x filhos. Quanto mais estreitamente conviverem, mais chance para a mútua adaptação. Estratégia inteligente para convivência agradável, nutritiva. Verdadeira relação entre amigos, onde tudo flui de forma tranquila, sob o tempero do bom humor.
Vamos aos fatos! Suponhamos que você chegue de viagem um dia antes do previsto. Surpreende animada happy hour em seu apartamento. Música alta. Degustações e descontrações orquestradas pelo primogênito adolescente. Em meio ao alarido, seu constrangimento indisfarçável. Comes e bebes que havia de reserva, bailam em circulação. Você é recebido com sorrisos e beijos, tio prá lá ou tia prá cá. Esgares amarelos de sua parte, a festa continua. Haja habilidade para não virar a mesa.
Tendo rapidez de raciocínio e capacidade de adaptação, não se entregue ao susto. Faça um social rápido. Avise que a viagem foi exaustiva. Dê um tempo. O tempo de sua suportação diplomática. Conduza a reunião para os finalmente, numa boa. Simpático, acolhedor, sugira que todos colaborem para deixar o local em relativa semelhança com o que encontraram, ao chegar. Nesta hora, firmeza gentil é a tônica para um final feliz, sem repreensões.
Outro fato: na hora do almoço o herdeiro telefona eufórico. A comunicação é enfática: “Estou levando a namorada e os pais dela para almoçarmos com vocês. Chegou a hora das apresentações. Estamos chegando. Beijos...” Lar, doce lar... Você disse apenas: Alô? Engasgou, sem saber o que mais falar. Claro que seriam mais quatro lugares à mesa e mais congelados no microondas...
Muita calma nessa hora. Há competências a serem desenvolvidas para gerir com sucesso os incidentes de percurso. A união familiar é o ponto número um. A convivência interativa com os amigos é o ponto número dois. Viagens em comum, pelo País ou no exterior, são verdadeiros MBA (Master Business Administration). Geram planos estratégicos presentes e futuros. Invista na companhia dos seus. Traga a tribo de suas crias para o seu territórrio. Crie motivos para acolher cada um que se aproxime de seu núcleo familiar. Tudo inicia no aconchego da primeira infância. A amizade entre familiares é determinante para a união de todos. Gostar de permanecer, aprender e se divertir juntos cria vínculos. Alimenta o amor recíproco. Não cave fossos. Abra rotas de apoio e entendimento. Você pai-mãe é parte vital dessa jurisdição. Ao administrar egos infláveis e euforias recorrentes cria redes de interesses sem restrições geográficas ou emocionais. Outro ponto a considerar: habitue-se ao forte apelo do diálogo esclarecedor. Não fique em cima do muro. Defina territórios. Seja claro quanto às regras. Autenticidade, sem subterfúgios, coloca os pingos nos is.

Elzi Nascimento
(iopta@iopta.com.br)

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Sistema prisional sub-humano



A rede Record de televisão reprisou no dia 13 de junho de 2010, no programa Domingo Espetacular, uma reportagem que no final de 2009 ganhou repercussão dentro e fora do País, retratando o caso que ficou conhecido como “Masmorras capixabas”. A matéria denunciava as condições sub-humanas das prisões do Estado do Espírito Santo. Superlotadas, sujas, abrigando doentes (até mesmo com tuberculose) nas mesmas celas com presos saudáveis, palcos de crimes hediondos, e a cereja do bolo, presos que por conta de uma medida provisória de urgência tinham como celas, containers, também superlotados, que eram conhecidos como microondas, em função das altas temperaturas a que chegavam.
A matéria que foi ao ar este ano, foi adicionada a condição atual das prisões: os containers foram desativados e os presos transferidos para prédios de alvenaria. Novos presídios estão sendo construídos para receber os detentos e aliviar a situação das prisões que condicionam muito mais que suas condições permitem. A situação mudou um pouco, mas não significa que o problema foi resolvido, ficou explícito que a situação ainda é alarmante.
O caso chegou a ONU, graças a denúncias das ONGs Justiça Global e Conectas, juntamente com o presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos do Espírito Santo (CEDH-ES) Bruno Alves, e foi discutido em um painel paralelo à reunião do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, que aconteceu em Genebra dia 15 de março, onde foi analisado um documento com trinta páginas e oito fotos sobre o caso.
Mesmo o conselho não tendo caráter punitivo, corre dentro do Estado, a informação ainda sem confirmação, de que o governador Paulo Hartung do PSDB, cujos casos expostos no documento ocorreram em seu mandato, será julgado no tribunal penal internacional, também conhecido como de corte Haia, na instância de crimes contra a humanidade, a mesma em que foi julgado Slobodan Milosevic, ex-presidente da antiga Iugoslávia.
No campo da política, a exposição pública das especulações sobre o caso caíram como uma bomba para o governo e um deleite para oposição. Afinal, uma coisa é o Brasil inteiro saber do quadro de política corrupta e mafiosa do Estado, o que até dá pra mastigar e engolir a seco, já que denúncias de corrupção vêm de todos os lados a todo momento neste País, mas outra coisa é o mundo inteiro, inclusive a ONU, ficar a par de desrespeito aos direitos humanos de presos e pedir explicações por isso. Não tem governo que não perca as estribeiras e os votos.
Apesar das denúncias na mídia serem recentes, o caso só ganhou destaque no final de 2009. A precária condição carcerária, não só do Espírito Santo mas de todo o Brasil, vem de longa data. No filme Carandiru, de 2002, dirigido por Hector Babenco, baseado no livro Estação Carandiru do médico Drauzio Varella, a situação também era exposta, retratando ainda o massacre do Carandiru. Ocorrido em 1992, o massacre teve um saldo de 153 feridos, 111 presos mortos, 120 policiais indiciados, 86 julgados e apenas um, coronel Ubiratan mandante da matança, condenado. O massacre é uma ferida na história do sistema carcerário nacional, que agora foi reaberta pelo caso capixaba.
Em ambientes lotados de pessoas e crimes, onde não se respeitam os direitos básicos dos seres humanos, qualquer fagulha pode acender o pavio e uma explosão é inevitável, assim foi no Carandiru e assim pode ser em tantas outras casas de detenção brasileiras. Quase tão clichê quanto a lentidão e ineficiência da justiça no Brasil, é o fato de que as prisões nacionais raramente cumprem seu papel de recuperação dos detentos. Vivendo em condições precárias, sem distinção entre crimes e sem receber preparação para a vida fora da cadeira, o preso sai, se depara com o preconceito e o desemprego, e sem opção, muitos voltam para o crime. Dentro do País, a estimativa é de que 60% dos presos reincidem no crime.
Tadeusz Borowski, que sobreviveu ao nazismo, mas cometeu suicídio aos 29 anos, certa vez escreveu sobre Auschwitz, onde foi prisioneiro: “Não há crime que um homem não cometa para sobreviver. E, sobrevivendo, cometerá crimes cada vez mais triviais; a princípio, garantindo o lugar dele contra os fracos; depois, pelo hábito, e – finalmente – por prazer.” Borwoski fala também que o crime não é punido nem a virtude recompensada. É lógico que não se pode comparar o terror do nazismo com a situação prisional brasileira, são situações muito diferentes, mas se não fosse pelo fato de que aqui a punição acontece e se transforma no crime, a frase seria um retrato do Brasil carcerário.
As masmorras ainda funcionam e é contraditório pensar que os detentos são injustiçados enquanto pagam sua dívida com a justiça. Parece que voltamos à idade média, onde criminosos apodreciam em buracos sujos, sem chance de perdão. O tempo das luzes veio, mas as prisões brasileiras continuam em completa escuridão. A situação é inaceitável, quem erra tem o direito de pagar por seu erro com um mínimo de dignidade. A sujeira, superlotação, violência e outras atrocidades nas prisões podem ocultar o fato, mas não se deve esquecer que esses indivíduos eram humanos antes de errar e continuam sendo, mesmo condenados a condições degradantes de sub-humanidade, eles são homo sapiens e portanto possuem os direitos naturais de tais.

Bruna Vanessa Dantas Ribeiro.

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domingo, 25 de julho de 2010

Limites e bom senso - uma reflexão na criação dos filhos



Educar integralmente o ser humano é uma tarefa ampla, complexa e muito desafiadora. Requer profundos investimentos em uma sólida formação que contemple não apenas a esfera acadêmica e intelectual, mas dedique especial cuidado ao desenvolvimento do caráter e da personalidade, aspectos que guiarão as ações e as escolhas do indivíduo ao longo da vida.
Um dos maiores desafios da educação de nossos dias é estabelecer limites de forma dialógica para crianças e adolescentes. Essa árdua tarefa enfrentada por pais e educadores deve ser concebida para além da mera enunciação de regras impostas irrefletidamente, necessitando ser concebida como uma construção baseada no diálogo que expressa o desejo de proteger, de oferecer segurança e um amor incondicional. Ela demanda para o adulto um grande esforço, uma postura de firmeza e de segurança em limites bem colocados, pois a todo momento eles serão testados com manobras que vão do franco desafio à sedução.
Ao contrário do que comumente se pensa, a criança não nasce dotada de discernimentos morais e limites. O início de sua vida é marcado pela impulsividade e agressividade, cabendo aos adultos, pouco a pouco, estimular o desenvolvimento da capacidade de controlar impulsos, resistir às tentações e internalizar limites. Para as crianças essas regras são percebidas como demonstrações de afeto e propiciam segurança para seu desenvolvimento. Ao estabelecer limites claros e coerentes, os pais estão dizendo à criança que a amam muito para permitir que ela se comporte de maneira incongruente.
O exercício de ensinar limites, longe de ser um aprendizado fácil e gratuito, depende de grande esforço, paciência, sabedoria e de uma descomunal persistência. Segundo Içami Tiba, a chave mestra de todo esse processo é a construção da autoestima, impulsionada por meio do carinho oferecido à criança por parte de pais, educadores e pessoas mais próximas que lhe dão a sensação de que é amada e cuidada. É necessário, dessa forma, criar uma atmosfera de confiança, de aceitação, de compreensão e respeito.
A partir de um bom nível de autoestima, a criança e o adolescente se tornarão capazes de desenvolver a autodisciplina e o comportamento responsável no enfrentamento das obrigações e dos desafios da vida. Recorrendo à sua autoestima e equilíbrio interno poderá lidar com as frustrações decorrentes da imposição de limites e do cerceamento dos desejos e impulsos.
Entretanto, há que se ressaltar que limite e diálogo são ações indissociáveis, não conciliáveis com castigos severos e opressivos. Os limites são “linhas demarcatórias” que situam o que é ou não permitido, conforme a situação social e os sujeitos. Ensinar limites é amar corajosamente a criança e o adolescente, comprometendo-se em oferecer-lhes subsídios para crescer com a visão de que o mundo tem seus próprios limites, e por isso, cada pessoa precisa saber se situar e viver segundo determinadas exigências para se dar bem na vida. Saber estabelecer limites é importantíssimo para a boa formação do caráter de uma criança e é um dos papéis mais importantes de pais e educadores. Seguramente, a convergência de esforços em prol da educação de nossas crianças contribuirá para a formação de cidadãos verdadeiramente humanizados.
Se a família, principal responsável pela educação das crianças, necessita de leis que a faça sentir-se mais ou menos segura, inocente ou culpada na criação de seus filhos, que sejam leis que estabeleçam compromissos de parceria com a escola, com a Igreja, compromissos com cuidados essenciais que os menores necessitam, ensinando ética, moral e princípios. Saber educar é, sem sombra de dúvida, ensinar com comportamentos, participação, ações, limites e muito envolvimento. A educação precisa de exemplos de todos nós, família, governantes, gestores e toda a sociedade.
Acreditamos que educar é transformar vidas. Não com violência, nem com palmadinhas, mas com carinho e dedicação integral. Sem limites de amar.


Márcia Pereira Carvalho escreve no DM.

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Eleições 2010: Falsidade e a farra do Tio Patinhas



Nos bares, nos terminais de ônibus e em tudo quanto é canto da cidade ouve-se falar que estamos “no tempo da política”. E no imaginário popular, submerso na farsa da democracia representativa, as eleições realmente são o “tempo da política”.
Nos próximos dias os nossos políticos devem começar a mostrar a cara, coisa que a grande maioria não fez nos últimos anos. Santinhos, carros de som, carreatas e bandeiras inundarão a cidade, que se tornará suja e barulhenta. No rádio, nos jornais e na televisão os “grandes” irão se degladiar e se utilizarão até dos meios mais excusos para conquistar o voto do eleitor. Muito alvoroço e pouca discussão programática.
A mídia e os meios de comunicação de massa vem construindo, desde o início do ano, a ideia de uma eleição polarizada, na qual só existem duas alternativas: em nível nacional a sucessora de Lula ou o ex-governador de São Paulo. Escrevo-lhes meus caros leitores, para desconstruir essa ideia de polarização que a mídia vem veiculando. Qualquer observador mais perspicaz pode perceber que, embora as legendas sejam distintas, o jogo de interesses é o mesmo. E quem sai perdendo nesse jogo, como sempre em nosso País, é o trabalhador brasileiro.
Em nível nacional, tanto o programa de governo do tucano como o da petista, estão a serviço do grande capital, dos organismos internacionais e do empresariado. Embora um ou outro diga olhar com mais atenção para as demandas sociais, ambos estão sempre de namorico com os setores da média e alta burguesia.
É meus amigos, sinto-lhes informar, papai Noel não existe. Dilma e Serra são “farinha do mesmo saco”, como dizia minha avó. É bem verdade sim que um destes irá sair vitorioso após as eleições. Mais não vamos cair nessa ladainha de polarização, porque se a disputa é homogênea, não existem polos opostos. Eles apenas estão disputando quem afinal irá dirigir o aparelho do Estado.
Outro absurdo do “tempo da política” é a quantidade de dinheiro gasto nas campanhas.
A origem desse montante ainda não foi declarado. Quem está pagando essa conta afinal? O povo ou o empresariado? Acho que deve ser o velho Tio Patinhas. Aquele saudoso, da minha infância, que nadava em uma piscina de moedas de ouro.
Enfim, precisamos acordar. As eleições não mudarão as condições estruturais de nosso País, nem sequer a conjuntura. Mais precisamos olhar com mais atenção para os outros, aqueles que a mídia nem sequer mostra. São esses que estão diariamente na luta junto com os trabalhadores, que dialogam com os movimentos sociais, com as associações de bairro. São esses que conhecem a dura realidade das classes populares, pois não ficam enclausurados em gabinetes o dia inteiro despachando. Mais que dar o voto, precisamos nos organizar e lutar, para construir uma sociedade mais justa e igualitária, onde não existam patronatos e nem gestores, e cada homem possa viver do seu próprio trabalho, sem ser explorado por outrem.

Luciano Alvarenga Montalvão é graduando em Psicologia e servidor público.

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Vinicius: 30 anos sem o poeta da paixão



Se todos fossem iguais a você,
Que maravilha viver:
Uma canção pelo ar, uma mulher a cantar
Uma cidade a cantar, a sorrir,
A cantar, a pedir a beleza de amar
Como o sol, como a flor, como a luz
Amar sem mentir, nem sofrer
Existiria a verdade, verdade que ninguém vê
Se todos fossem no mundo iguais a você

Tom Jobim e Vinicius de Moraes

Marcus Vinicius de Moraes é um nome plural com o qual foi registrado e batizado um homem pluralíssimo. Sua obra escrita, falada e cantada, apreende o mais luminoso caleidoscópio de poesias sentidas, canções explícitas e letras primorosas que o século vinte poderia nos deixar de herança, e que um só homem deveria nos legar à lembrança. Das primeiras letras e poesias, nas décadas de 1920 e 30, às últimas produções no início da década de 80, quando faleceu, o que pode se falar de Vinicius é que, num afazer de mestre joalheiro, conseguiu transmudar a gema primordial, que abalizava ingenuamente a inspiração artística brasileira, em diamante bem dilapidado e aquilatado. Quer dizer, durante a maior parte de sua vida, se propôs modernizar a estética de nossa alocução, popularizando uma poesia assaz afetada e sofisticando uma música popular até então muito modesta.
Por isso, é incrível observar agora, quando completam três décadas da morte de Vinicius, a mídia não prestar as melhores homenagens ao chamado poetinha. Isto só mostra o quanto a mesma está voltada exclusivamente para o produto comercial do momento, sem mais considerar a importância de rememorarmos as nossas principais referências. A sorte é que, para quem quiser prestar sua própria homenagem, poderá alugar o filme Vinicius, do Miguel Faria Jr., e assistir um breve tributo ao grande artista. Poderá, também, adquirir a discografia de Nara Leão e ouvir as melhores interpretações de sua música. Poderá, ainda, correr até a livraria ou à biblioteca e ler um pouco da sua Antologia Poética. Enfim, é importante revisitar Vinicius de Moraes, ao menos para trazer de volta uma velha alegria aos nossos corações tão fustigados.
Se existiram movimentos modernos e pós-modernos na música brasileira dos últimos cinqüenta anos, isto se deve especialmente à influência das letras de Vinicius de Moraes. O principal letrista da bossa-nova, em várias fases, reformou o artifício de escrever letras para música, inserindo inteligência, malandrice e profundidade poética onde imperava sentimentalismo barato e chororô. A peculiar batida do violão de João Gilberto, aliás, teria pouco significado caso não estivesse presente a necessária modernização da palavra cantada, como se pode observar em Chega de Saudade, composição feita com Tom Jobim em 1958 e que inaugurou o estilo. Na verdade, quase todas as outras letras incorporadas ao movimento da bossa-nova, e que chegaram a fazer sucesso, foram derivações dos temas de Vinicius e/ou do seu estilo, bastando ler e ouvir hoje as obras de Carlos Lyra, Newton Mendonça, Ronaldo Bôscoli, Roberto Menescal, Marcos Valle, Sérgio Mendes etc. Todos estes (incluso parceiros) e muitos que vieram depois, como Chico Buarque, Francis Hime, Edu Lobo e Caetano Veloso, tiveram Vinicius como base de aprendizado e imitação.
O próprio fim do movimento da bossa-nova se deve um pouco a Vinicius, quando compôs, juntamente com Edu Lobo, a canção Arrastão, e esta fora interpretada (em 1965) por Elis Regina no Festival de Música Popular Brasileira, da TV Excelsior. De caráter burlesco, trazia aquela música um ar de Caymmi reconstruído, com jangada, arrastão, pescaria e mar, mas saltando definitivamente para fora da bossa costumeira e dando origem ao estilo difuso atribuído a várias formas de música nacional, que acabaram sendo unificadas em torno do nome MPB. O que, por fim, representou fortuitamente a continuidade da modernização musical brasileira, conferindo margem para o surgimento de outros movimentos importantes, como o Tropicalismo e o samba-rock. Sim, podemos dizer, sem medo de errar, que Vinicius de Moraes foi fator decisivo na ascensão e na queda da bossa-nova e, de quebra, um dos pais da MPB.
Pouco depois, ao tratar de temas não muito católicos, Vinicius chamou atenção para o Brasil profundo, aquele ainda amarrado às suas origens africanas, aos orixás e às mandingas. Expressões como “tristeza, camará!”, “atotô, abaluaiê” e “saravá”, passaram a participar de letras de canções importantes do artista, conhecidas como “Afro-sambas”, primeiramente nas parcerias com Baden Powell, depois com Toquinho no violão. É da época do Baden as majestosas canções Canto de Ossanha, Canto de Yemanjá, Canto do Caboclo da Pedra Petras e Canto de Xangô, além de Berimbau e Consolação, além da formosa música Samba em Prelúdio, que dizia “Eu sem você Não tenho porquê, Por que sem você Não sei nem chorar, Sou chama sem luz, Jardim sem luar, Luar sem amor, Amor sem se dar...”.
Como todos sabem, Vinicius de Moraes se notabilizou pela construção da poesia e da letra voltada para o amor, ou para tentativa de explicá-lo. Quem não conhece aquela máxima do autor que diz que o amor seria eterno enquanto durasse: “Que não seja imortal, posto que é chama, Mas que seja infinito enquanto dure”. Ou daquela quadra fatal do Soneto da Separação que diz: “De repente do riso fez-se o pranto, Silencioso e branco como a bruma, E das bocas unidas fez-se a espuma, E das mãos espalmadas fez-se o espanto”. Mas tem aquelas músicas como, por exemplo, Minha Namorada, que podemos cantar para todas as mulheres com as quais gostaríamos de conquistar, com a certeza de estar indo pelo caminho correto. (“Você tem que me fazer um juramento, De só ter um pensamento, Ser só minha até morrer”). Agora, quer que a mulher nunca mais o esqueça, diga que seus olhos “São cais noturnos, Cheios de adeus, São docas mansas,
Trilhando luzes, Que brilham longe, Longe nos breus”, do Poema dos Olhos da Amada.
Com o parceiro Toquinho (um verdadeiro filho para Vinicius), em sua última fase, escreveu letras exatas e delirantes, tratando não só de amor exatamente, mas de outros temas do sentimento humano, como em As Cores de Abril, que trata da Revolução dos Cravos em Portugal. Tratando, também, de situações políticas avessas como em Paiol de Pólvora, escrita especialmente para a série O Bem-Amado, quando Paulo Gracindo – cujo nome real era Pelópidas Guimarães Brandão Gracindo – interpretava um prefeito extremamente corrupto, o Odorico Paraguaçu. Tratando, ainda, de temas sociais como em A Terra Prometida. Por fim, nos últimos anos realizou com Toquinho um ambicioso projeto voltado para a criança, A Arca de Noé, com músicas memoráveis como A Casa: “Era uma casa muito engraçada, Não tinha teto, não tinha nada...”.
Sem dúvida, várias canções, como A Rosa de Hiroshima, se transformaram em clássicos do cancioneiro brasileiro. Não raramente podemos ouvir alguém cantar ou assoviar uma canção de Vinicius sem ao menos saber de sua autoria. Hoje muitos evocam a Garota de Ipanema como o essencial em Vinicius sem conhecer a extensão de sua obra, ou seja, sem apreciar a profundidade de temas e letras que, em muitos casos, atenuariam grande parte das aflições enfastiosas do cotidiano. Em O Operário em Construção, por exemplo, Vinicius traz à tona o conflito interno de um obreiro frente à sua obra e patrão, provando a igualdade entre os homens e sugerindo uma paz na justiça e na poesia, e não na violência: “Era ele que erguia casas, Onde antes só havia chão. Como um pássaro sem asas, Ele subia com as casas Que lhe brotavam da mão. Mas tudo desconhecia De sua grande missão: Não sabia, por exemplo, Que a casa de um homem é um templo, Um templo sem religião, Como tampouco sabia Que a casa que ele fazia, Sendo a sua liberdade, Era a sua escravidão”.
O melhor amigo do homem, para Vinicius de Moraes, não poderia ser somente um cão, senão um cachorro engarrafado, como chamava o uísque. Em muitas oportunidades se mostrou íntimo desta mascote, em shows, durante entrevistas, em rodas de amigos etc., e nunca se importou de ser fotografado ou filmado empunhando um copo com generosa dose. Talvez por isso tenha sido demitido do seu cargo de diplomata pelo senhor Arthur da Costa e Silva (“Assunto: Vinicius de Moraes. Demita-se esse vagabundo”, dizia o memorando). Dentro de seu espírito de liberdade, viagem, bebida e mulheres (teve nove casamentos), usou e abusou das noites elegantes do Rio de Janeiro, de Los Angeles, Roma, Paris, e das luzes coloridas dos bares, fazendo-as momento de diversão e de inspiração. De fato, o poeta da paixão, acima de tudo, foi o artista da boemia, e, como disse Carlos Drummond, viveu realmente como poeta.

Djalma Araújo.

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O sexy appeal das mulheres



Falemos da atração feminina, falemos do sexy appeal das mulheres. Sexy appeal são nuances de atração entre humanos. Atração que se baseia em muitos detalhes, como na visão, no odor, nos pequenos e sutis sinais como a voz, o movimento de cada um. É quando alguém exala sensualidade. É o que muitas vezes chamamos de tesão.
A química da atração é um mistério. Pode ser por um corpo num todo ou por uma parte específica deste. Tem homens para todo tipo de tesão. Há quem tem atração/tesão por pés. São os chamados podólatras. Esses fazem apaixonados discursos enaltecendo o tamanho, a delicadeza, o formato, os detalhes das unhas de um par de pés bem cuidados. Outros, por nádegas grandes (seriam nadególatras ou bundólatras?). Existem os que são atraídos por saboneteiras – dos ombros que só existem em mulheres magras. Há quem defende teses sobre o sexy appeal que possuem as mulheres de peiadores (tornozelos) finos. Quando menino, ouvi muitas vezes os mais velhos dizendo “Nada melhor que uma cabrochinha de piador fino!” ou ainda “Dou uma fazenda por uma mulata de piador fino!”. Esses obcecados por esta parte final das canelas viajam na batatinha imaginando o poder da libido dessas mulheres. Outros, ao contrário, deliram por mulheres que tem o sexy appeal nas pernas torneadas e roliças. Tem aqueles que se vem enroscados num par de pernas de uma mulher magra e esguia como uma gazela. Muitos sucumbem diante de um par de seios com bicos apontados pra lua ou ainda por um colo de seios bem harmonioso. Conheço um cidadão que perde o rumo quando vê uma escurinha e quanto mais caída pra negritude, mais se desorienta; assim como há quem tem tesão por gordinhas; por mulheres com cabelos tipo Joãozinho, bem curtinhos. Há também quem é chegadinho a mulheres com bocas grandes. Quando cursava universidade, tive um amigo que tinha frisson por axilas. Para ele, certas mulheres tem o sexy appeal debaixo dos braços. Ele se justificava dizendo que a axila tem o formato que lembra o órgão sexual feminino. E ele realmente não tirava os olhos das axilas às mostras, de qualquer mulher que estivesse próxima, principalmente se a mulher tivesse as axilas depiladas há poucos dias. Outro conhecido tinha tesão por mulheres com sardas. “Por mim, todas mulheres deveriam tomar banho de sol com peneira para se enfeitarem com sardas!” – brincava. Vai entender os homens!... Tem gosto pra tudo e pra todos.
Mulheres com cinturas finas. Não há quem não admire. Mulheres com esta anatomia têm um par de covinhas um pouquinho acima da região glútea e, tal qual as formigas, têm nádegas empinadas, arredondadas e perfeitas. Cinturinhas finas ou de pilão elevam a testosterona a níveis insuportáveis e provocam quase sempre demorados torcicolos, delírios diurnos e alucinações noturnas nos machos convictos, garantem os bundólatras. A bem da verdade, as mulheres que mexem com a nossa libido e que nos fazem suspirar trazem-nos felicidade e dão sentido às nossas vidas. Amém.


Tadeu Nascimento é advogado e cronista (www.blogdotadeunascimento10.blogspot.com)

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