terça-feira, 9 de novembro de 2010

Arborização sustentável



A importância da flora, para os seres humanos, varia ao longo do tempo com os diversos povos e suas gerações. Enquanto, para alguns, a presença das plantas era de máxima relevância para a sobrevivência da comunidade, para outros, elas tinham também um caráter meramente estético.
Nos dias atuais, a presença da vegetação dentro dos centros urbanos adquire extrema importância, pois quebra a artificialidade do meio, além de possuir um papel primordial na melhoria da qualidade do ambiente. Dessa forma, a arborização urbana se torna cada vez mais um agente importante na melhoria do microclima local, e na diminuição da poluição, sem contar o papel estético inerente ao seu próprio uso.
A cada dia, a cidade ganha mais destaque e interesse na vida de cada indivíduo, uma vez que, passo a passo, a humanidade caminha para uma vida eminentemente urbana, definida em seus aspectos quantitativos e qualitativos, suas dinâmicas e conteúdos. Ela reproduz a história, as relações que o homem teve, e tem do espaço, do habitar, do trabalhar, do se alimentar, do conviver, enfim do viver.
As árvores urbanas ao desempenhar funções ecológicas, econômicas e sociais no espaço em que se inserem, proporcionam vários benefícios à população. Em termos ecológicos, concorrem para os controles de temperatura, poluição, ciclo hidrológico e ruídos, além de servir para estruturação dos espaços, no auxílio da ventilação e no desempenho de elemento referencial. Além das árvores no ambiente urbano servir de proteção do meio ambiente, como decorrência melhora o desempenho da produção (o trabalho e suas consequências), com os benefícios sociais incidentes, direta e indiretamente, sobre as comunidades urbanas.
Proporcionam, também, a melhoria da estética urbana, transmitem bem estar psicológico, em calçadas e passeios; a quebra da monotonia da paisagem das cidades, causada pelos grandes complexos de edificações; valorização visual e ornamental do espaço urbano; caracterização e sinalização de espaços, constituindo-se em um elemento de interação entre as atividades humanas e o meio ambiente.
Desde muito tempo, o ser humano se desloca de forma contínua do meio rural pelo meio urbano. As cidades foram crescendo, na maioria das vezes de forma muito rápida e desordenada, sem um planejamento adequado de ocupação, provocando vários problemas que interferem sobremaneira na qualidade de vida do homem que vive na cidade. Conceber uma cidade sem vegetação é negar sensações, sentimentos e recordações. As árvores através de sua diversidade de formas, cores e aromas, identificam os locais e qualificam os espaços.
Na arborização de cidades brasileiras observa-se uma crescente substituição da flora nativa por plantas exóticas e o plantio de espécies inadequadas, sem critérios técnicos ou paisagísticos e em lugares impróprios, o que dificulta uma real arborização sustentável, em que o uso de espécies nativas de cada região poderia bem mais favorecer a preservação destas.
Além disso, é fator educacional, porque os parques e praças constituem em muitos casos redutos de espécies da fauna e flora local, até com espécies ameaçadas de extinção. Portanto, as árvores e áreas verdes urbanas tornam-se espaços territoriais importantíssimos em termos preservacionistas, o que aumenta ainda mais sua importância para a coletividade, agregando-se aí também o fator ecológico.
Em algumas cidades a arborização está enraizada em processos históricos de sua formação, pois a maioria das espécies mais freqüentes é exótica, havendo baixa incidência de espécies nativas de Cerrado, mas a busca por uma arborização que contemple o uso de espécies nativas não é algo alheio ao trabalho desenvolvido pelos órgãos competentes. Mas, muito ainda precisa ser realizado em direção a uma arborização com espécies nativas, uma vez que as espécies exóticas são consideradas a segunda causa de redução da biodiversidade no mundo, atrás apenas da perda de habitats por intervenção humana.
Estudos atuais sobre as plantas exóticas invasoras demonstram que elas tendem a produzir alterações em propriedades ecológicas essenciais como a ciclagem de nutrientes e produtividade vegetal, cadeias tróficas (o que é isto? Se é para jornal tem que explicar), estrutura, dominância, distribuição e funções de espécies num dado ecossistema, distribuição de biomassa, densidade de espécies, porte da vegetação, acúmulo de serrapilheira (?) e de biomassa (com isso aumentando o risco de incêndios), taxas de decomposição, processos evolutivos e relações entre polinizadores e plantas.
Todos os fatores mencionados podem alterar o ciclo hidrológico e o regime de incêndios, levando a uma seleção das espécies existentes e, de modo geral, ao empobrecimento dos ecossistemas. Há o risco de que produzam híbridos a partir de espécies nativas, que podem ter ainda maior potencial invasor. Essas alterações colocam em risco atividades econômicas ligadas ao uso de recursos naturais em ambientes estabilizados alem de serem totalmente insustentáveis, gerando mudanças na matriz de produção pretendida e, em geral, respondem por impactos economicamente negativos. Este processo é denominado de contaminação biológica e refere-se aos danos causados por espécies que não fazem parte, naturalmente, de um dado ecossistema, mas que se naturalizam, passam a se dispersar e provocam mudanças em seu funcionamento, não permitindo sua recuperação natural. Uma das razões para tal fato é o desconhecimento pela população das espécies nativas. Apenas algumas espécies, como os ipês, por exemplo, são conhecidos e procurados pelo público em geral. Neste sentido, torna-se necessário, campanhas de educação ambiental, que enfoquem a importância da nossa flora nativa e as potencialidades de muitas espécies para uso em programas de arborização urbana.
Finalmente, torna-se necessário a realização de um estudo mais aprofundado sobre a arborização de toda a cidade de Goiânia, o qual indicaria as espécies mais adequadas dos pontos de vista ecológico e paisagístico para serem implantadas na região. Sobre a arborização é preciso reconhecer que para ser sustentável, deve ser não apenas enfocada sob a égide da economia eficiente (menor custo no plantio e na manutenção), mas principalmente em sua dimensão ecológica e isto é cuidar da diversidade em termos socialmente desejável.

por Hélcio Marques Junior.

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3 comentários:

  1. Caro amigo William em minha cidade (Fernandopolis)foi criado o disk-árvore, um programa da prefeitura que doa espécies nativas de região e que analisa e indica o plantio certo de cada espécie para determinada área, tudo isso sem custo para o municipe. É fato que não podemos viver sem árvores, mas o plantio de espécies invasoras ou de outras regiões se torna a longo prazo, mais inviável do que não plantá-las. Realmente é preciso mudanças nesta área, para priorizar o ecossistema local.
    Excelente post,
    abraços,
    Vitor.

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  2. Exelente post. arborização é muito importante nas cidades e meio rural também,é muito importante também cultivar árvores nativas,eu procuro sempre plantar espécies que encontro por ai.
    Abraço.

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  3. Grande William, parabéns pela excelente postagem,
    aqui na Grande-Vitória estamos bem pois as prefeituras estão plantando muitas árvores e cuidando bem das que já tem,
    a nossa saúde agradece,
    indiquei sua postagem, é utilidade publica,
    abçs MARIVAN

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