sábado, 9 de outubro de 2010

Mudanças internas e externas



Tem gente que muda cortando cabelo, fazendo pilling, trocando o guarda-roupa. Troca de calça, de brinco, segue moda como se esta fosse lhe dar sentido à vida Buscam tanto mudar que, com o tempo, se esquecem de sua própria essência e gostos anulando sua identidade e espirito. Viram apenas mais um no consumismo desembestado, com guarda-roupa cheio de peças jamais usadas e alma vazia. Ser mais um vale a pena?
Outros mudam trocando de casa, de vizinhança, de clube, acreditando piamente que o problema está em sua diversão ou nas rodas de convívio. Alguns chegam a trocar de igreja como quem troca de roupa íntima, buscando a mudança e espiritualidade pelo convívio, sua tribo. Mas o que estavam procurando? Terceiros ainda tentam mudar pelo trabalho: mudam de emprego, de setor, de carreira. Por uma profunda dicotomia com seu dom natural, jogam fora seus sonhos atrás do velho discurso de estabilidade econômica. Quantos anularam o que realmente gostavam de fazer para seguir aquela carreira que “dá dinheiro” proposta pelo senso comum?
Na sequência os quartos, ainda mais radicais, tentam mudar de vida pensando que seu problema está no ficante, namoro, noivado ou até mesmo no casamento. Muita gente projeta a insatisfação vivendo mal sua afetividade,escolhendo mal seus parceiros, levando sua vida afetiva de forma inconsequente ou ainda “vivendo um dia de cada vez”, sem perceber que na vida afetiva as escolhas têm repercussões para ambos os lados e que pessoas não podem jamais ser vistas como mercadorias ou peças de roupa. Na afetividade projetamos nosso consumismo e materialismo e sempre precisamos de outro bem que nos faça mais feliz. Mas qual beijo será o mais gostoso? Qual sexo trará o orgasmo mais fantástico? Os quintos, mais radicais ainda, rompem vínculos com seus familiares, somem no mundo, abandonam os filhos e tentam desaparecer, reaparecendo após décadas. Tentando apagar o passado, por vezes traumático ou doloroso ou apenas pelo egoísmo ou o cansaço da vida vazia cavada com as próprias mãos. Temos a tendência para ver a necessidade de mudança como uma instância física, material, sendo que o problema neste caso não é visto pelo próprio indivíduo como seu, mas sim projetado na família, nos amigos, no lugar em que está vivendo.
Por fim os últimos: não investem em armários, em roupas, em ações caras de clube ou no endividamento para trocar de veículo. Investem em cultura, em seu hobby, em autoconhecimento e em seu equilíbrio interior. Rompem com o ciclo materialista e resgatam a harmonia com o espaço em que vivem e a harmonia com a natureza. Mudam por dentro. Em nenhum caso a necessidade de mudança deve ser evitada porque a vida é energia, é transformação constante. O que devemos perceber é que primeiro devemos mudar por dentro. Mudar nosso consumismo, nosso materialismo, resgatar nosso espírito e alegria de vida e então, na sequência, após resgatar a simplicidade, mudar quando for o caso.

Jorge de Lima. www.olhosalma.com.br


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Um comentário:

  1. William, esse texto é muito bom!!!
    Contém muitos dos conceitos q abordo em aula.
    O tai chi que nos leva ao autoconhecimento, a observar e reeducar os pensamentos.
    Nos ensina q o nosso pior inimigo somos nós mesmos.
    Nos ensina a arte interna, onde trabalhamos os três tesouros: chi (energia vital), shen (espírito) e jing (energia ancestral). Nos utilizando do treino do corpo da mente e do espírito.
    Por isso este texto é riquíssimo, parabéns!
    Um gde abraço.

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